30 setembro 2008

Vitória!

Confesso que cheguei a temer pelo resultado. Já há muitos anos que não me lembrava de uma eleição tão renhida. Foi necessário mobilizar os votantes, participar e promover acções de campanha, numa maratona porta a porta, mail a mail, telefone a telefone. Conhecido o resultado, só posso congratular-me pelos excelentes desempenho e resultado do meu candidato. Foi uma vitória suada, mas merecida.
Felicitemos, pois, o grande vencedor do Prémio Capitão Moura, atribuído pela Liga dos Últimos, o Visconde da Apúlia! O presunto está bem entregue.

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O assessor

Era um assessor muito requisitado: competente, disponível e profissional. Naquele dia, nada fazia prever que alguma coisa se tivesse alterado. Excepto um pequeno pormenor: estava surdo. Não uma surdez preocupante, mas circunstancial, provocada por uma ligeira deslocação de cerúmen. Fruto da época estival, recordava-se. A sua habitual despreocupação com estas coisas, consideradas de somenos, fazia o resto. Médico, nem pensar! Haveria de passar. Quem sabe, talvez com meia dúzia de mergulhos... Afinal de contas, ainda dispunha de alguns dias de férias e os dias continuavam convidativos. «Talvez nos trópicos», idealizou.
Nesse dia, preparava-se para afivelar o seu melhor estilo e competência profissionais. Mais uma reunião, de tantas em que já participara e, de certeza, continuaria a participar. De tão rotinado, já nem notava os pequenos indícios da diferença que começavam a manifestar-se, provocados por essa surdez temporária, mas que continuava a ser encarada como insignificante: inclinava a cabeça e procurava adaptar-se à sua particular situação e ao bloqueio temporário, é certo, mas real, do canal auditivo. A reunião ia começar.
Sentada ao seu lado, a sua chefe murmurava, procurando auscultar a sua opinião e conselho abalizados. O nosso assessor, a seu lado, não conseguia discernir e ouvir rigorosamente nada. Tentou mudar a posição da cabeça. Nada!
Às tantas, desesperado, soltou, sonoro e audível, um lamento, mais parecido com um berro:
- Não ouço nada, porra! Tem que falar mais alto!
Os participantes, atónitos, viraram-se na sua direcção e apontaram, irónicos, a tabuleta à entrada da sala:
«Se estiver surdo, não entre. Os otorrinos agradecem»...

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Combinação perfeita

Talvez a receita resulte da simplicidade: vinho, queijo e uvas. Trata-se de mais um sabor e de uma combinação perfeitos.

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28 setembro 2008

Paul Newman

Morreu um actor de que eu gostava: Paul Newman. Ficam os filmes. Destaco estes: Dois Homens e um Destino, A Golpada, A Vida é um Jogo, A Cor do Dinheiro, O Veredicto.

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Debate

São primeiras impressões e fragmentadas, aquelas com que fiquei do debate entre Obama e McCain. Apesar disso, arrisco a dizer que Obama passou melhor na TV do que McCain. Terá a ver com o estilo, a idade, a própria forma física (a atitude corporal de McCain paga o preço do seu maior desgaste), o que se quiser, mas, para mim, foi a imagem que ficou, mesmo que parcial e fragmentada. Também por que as expectativas seriam outras, talvez, e a realidade se tenha encarregado de as transformar. Descontando as naturais e esperadas apreciações de cada um dos lados, só vendo a totalidade do debate poderia estar em condições de aferir se o seu resultado foi uma espécie de empate, como muitos dizem. Como isso não aconteceu, fico-me pelo fragmentário. E, dessa perspectiva, não há empate, mas uma vitória de Obama. E, se foi assim, resta saber se ela ocorreu pela diferença mínima ou se, pelo contrário, foi sem margem para dúvidas.

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25 setembro 2008

Rir, pois!

Mesmo inconscientemente, penso que qualquer um de nós privilegia uma determinada forma de humor, seja como autor ou como destinatário. Mais subtil, nuns casos, mais directo noutros, mas quase sempre em conformidade com um determinado tipo de personalidade, ainda que se verifiquem alguns desvios. Há quem aprecie a ironia e quem se entusiasme com a brejeirice; quem cultive o espirituoso e quem seja profissional da piada. O que interessa é o efeito, o riso, ou a risa, essa manifestação humana tão natural e desejável, mesmo que corrosiva ou subversiva. Conforme quiser ou lhe der mais jeito. Rir, é claro.

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22 setembro 2008

Dia sem carros

Hoje, comemorou-se o Dia sem Carros. O camelo agradece.

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20 setembro 2008

Palavrário (letra c)

Conhecia as cláusulas do contrato. Comprometeu-se com os custos. Criou uma cruz e concebeu um calvário. Cansou-se. Cortou com o carro e comprou um camelo.

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Vagueiro

Curiosamente, foi numa das suas rotinas diárias que a palavra «vagueiro» lhe bateu à porta da memória, entrando sem pedir licença. Era irónico, pensava, que ela aparecesse agora e assim, passados uns bons anos, a rir-se do acaso e da circunstância... Houve tempos, recordava, em que a palavra «vagueiro» se lhe aplicava. Consoante a idade, a perspectiva ou o interlocutor, o sentido da palavra podia ter uma conotação mais ou menos negativa. Nalguns casos ou idades, aliás, o apodo até podia ser visto como «elogio» ou beneplácito, representando um símbolo de maioridade etária ou vivencial. Ser crismado como «vagueiro» era, para alguém da sua criação e geração, uma medalha que se ostentava orgulhosamente ao peito. Pelo menos, durante algum tempo. Ou seja, no tempo em que a nossa vida era uma vida de «vagueirada», ociosa, vagante e despreocupada. Que saudades, amigas e amigos «vagueiros»...

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Voto

Nem Barack, nem McCain.
Esquece o Sócrates ou a Manuela.
Vota no Visconde da Apúlia!

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18 setembro 2008

Noves fora, nada

É, no mínimo, uma sensação de espanto e incredulidade, aquela que o cidadão comum deve sentir ao ouvir falar sobre as recentes convulsões do mercado financeiro, sobretudo nos Estados Unidos. Num dia, um banco ou uma seguradora são dos maiores do mundo e, no outro, estão falidos. E, rigorosamente, é mesmo num dia a seguir ao outro! Ontem, tinham não sei quantos funcionários, dependências e poder e, hoje, têm funcionários na rua, uma mão à frente e outra atrás e pedem, caridosamente, que lhes dêem a mão. Bem generosa, por sinal... 
Não compreendo como, nem por que isto acontece. Avanço uma hipótese: a ganância, o lucrozinho sempre presente, mesmo que atropelando tudo e todos... Quem diria, não é verdade?

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14 setembro 2008

O filho da terra

Custava-lhe a reconhecer, mas estava cada vez mais dependente do telemóvel. O que tinha, comprado há anos, dera definitivamente «o berro», pelo que se impunha tentar arranjá-lo ou, se fosse inviável, adquirir um novo. Como se encontrava na sua terra, procurou aí resolver o problema.
Na terra, era considerado por todos como uma «boa alma»: afável, disponível e solidário. Vivia, há muitos anos, em ambiente urbano, mas continuava a manter e a orgulhar-se das suas raízes provincianas. À semelhança de outros, escolhera viver na cidade por razões de natureza profissional e, feitas as contas, vivia na urbe há mais anos do que alguma vez vivera no espaço de nascença e de crescimento. Mas regressava lá, por vezes. Como acontecia agora.
Os regressos eram vividos de uma forma ambivalente, num misto de atracção e de distanciamento, procurando reproduzir o que de bom e agradável tinha vivenciado e esconjurando o que de menos bom ou desagradável também tivera oportunidade de conhecer ou presenciar. Gostava da sua terra, é certo, mas olhava-a já com outros olhos, mais frios e distanciados... Voltemos ao telemóvel.
Precisando de ajuda e estando na terra, era habitual solicitar conselho a quem vivesse lá. E foi o que fez.
Não ficou surpreendido com a indicação e a natureza da ajuda que lhe aconselharam: o recurso a um «filho da terra», profissional de recursos firmados e afirmados, afiançavam-lhe. Apesar de afastado do quotidiano local há vários anos, ainda conhecia os códigos vigentes, como este, uma espécie de «santo e senha» para a resolução de problemas: infalível, eficaz e prova inequívoca de amor pela terra - do interessado, do intermediário e do prestador de serviços. E ai de quem se atrevesse a pôr em causa esta evidência!... E lá foi a «boa alma».
A experiência não foi famosa, nem recomendável. O «filho da terra», quiçá por excesso ou impreparação profissional, fulminou a nossa «boa alma», ele também um «filho da terra», assim como o intermediário, com uma série de contrariedades, impossibilidades e não sei mais que outras «dades», todas elas, no entanto, coincidentes no severo diagnóstico fatal: nada a fazer, mesmo com o recurso ao «filho da terra» especialista e especializado.
Boquiaberto, mas não resignado, a «boa alma» indagou se mais alguém, mesmo não sendo «filho da terra», o poderia ajudar a solucionar o seu problema. Por acaso havia e foi quem valeu à «boa alma».
Num ápice, mesmo não sendo «filho da terra», dos puros e de papel passado, a «boa alma» encantou-se com o serviço e a resposta pronta. Já tem um novo telemóvel. 
Não deixou de ser um «filho da terra», mas por causa de algun(s) «filho(s) da terra» ainda deixa de ser uma «boa alma»...
 


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11 setembro 2008

Que gaita!

Ontem, após a derrota perante a Dinamarca (2-3), só apetecia dizer mal da vida e da sorte futebolística. Sabe-se que a bola é redonda e isto pode acontecer, mas custa. Bom jogo, sobretudo na 1.ª parte, dinâmica, futebol bonito e criação de oportunidades de golo, várias. Depois, e quanto às oportunidades, veio ao de cima a velha máxima «quem não mata, morre» e foi o que aconteceu: houve várias situações para se sentenciar o jogo, mas...
Era um jogo que não merecíamos perder e, por isso, custa mais. Que gaita!

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08 setembro 2008

Como um relógio

A memória era o seu relógio: marcava a presença e contava a passagem do tempo.

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Óbvio

Não adianta ter ambição de profissional se os recursos são de amador. Será sempre uma situação em que o passo é maior que a perna.

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07 setembro 2008

Começar bem

Ontem, Portugal foi ganhar a Malta por 4-0. Poderiam ter sido mais, mas foram só quatro. Começou bem, por isso, a campanha para a qualificação para o Mundial de 2010, na África do Sul.
Ganhar a Malta, mesmo que no campo deste, continua a ser uma das obrigações mínimas exigíveis às selecções que, como Portugal, aspiram a andar nos píncaros futebolísticos internacionais. Apesar do «blá-blá» sobre todos os jogos serem difíceis, mal andaríamos (ou andaremos) se os jogos com selecções como a de Malta não tiverem resultados como o de ontem. Esta é a realidade e convém não escamoteá-la, pense-se ou diga-se o que se quiser. Contudo, e isto também continua a ser um axioma, é nos campos, a correr, a saltar, a atacar, a defender, a marcar e a não sofrer golos que isto se consegue. Sem isto, nada feito. E nós sabemos que, pelo menos algumas vezes, isso não ocorreu assim. Não foi, felizmente, o caso de ontem.
Apesar de tudo ter corrido bastante bem, exibição incluída, com a excepção de uma entrada inicial um pouco entrevada, contenção nos festejos e nos encómios: o adversário era o que era. Temos que ver com adversários mais difíceis. 
Carlos Queirós sabe mais de bola e de futebol do que alguma vez um treinador de bancada pode aspirar. Também por isso, compreende-se que as escolhas que fez façam sentido e que outras hipóteses tenham sido testadas precisamente num jogo como o de ontem. 


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Taco a taco

Dados os recentes desenvolvimentos, duvido que alguém honestamente tenha a certeza sobre quem vai ganhar as eleições presidenciais americanas. Barack Obama/Joe Biden?... John McCain/Sarah Palin?... Conclua a razão ou balance o coração para cada um dos pares candidatos, penso que é uma eleição que se vai disputar e manter «taco a taco». Pertença ao campo republicano ou democrata, quem pensar que a vitória é um dado adquirido talvez sofra um amargo de boca. E não sei se o aviso não se aplicará, com mais propriedade, ao lado democrata... Veja-se a escolha da candidata republicana à vice-presidência que, queira-se ou não, goste-se ou não, acabou por ofuscar - muito ou pouco se virá a saber, mas ofuscou - alguns dos efeitos da convenção democrata. 
Para quem vê de longe, como é o nosso caso, o espectáculo, a dimensão e o profissionalismo envolvidos nas campanhas e nas eleições americanas parece coisa de outro mundo ou de outra galáxia. Daí também a curiosidade e a atenção que suscitam, para além de serem o país que são. Tal como num filme ou num enredo de suspense, o clímax só ocorrerá em Novembro, no dia da eleição. Até lá, preparemo-nos para os sucessivos episódios para criar ou manter o interesse pelo evento e pelo seu desfecho. Haverá melhor filme do que este?...

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Sexo verde

O site do Expresso, não fosse a comunicação de Manuela Ferreira Leite vir a ser um flop, avançou para uma temática engraçada, mais sinal e fruta dos tempos, chamando a atenção para a página da secção mexicana do Greenpeace. Está lá, para ambientalistas, apaixonados ou militantes, o Guía Greenpeace para un sexo amigable con el ambiente. Interessante, verdad?

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7.º dia

E ao 7.º dia (de Setembro), a senhora (Manuela Ferreira Leite) falou...

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04 setembro 2008

Consequências

Tinha uma língua afiada. Cortou-se.
A sua prosa era sublime. Ninguém o lia.
Compunha como ninguém. Não era ouvido.
Não tinha os pés assentes na Terra. Entrou em órbita.

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Melão e vinho

«Por cima de melão, vinho a tostão». Se não é assim é parecido, mas o sentido é este.
O que interessa verdadeiramente, contudo, é que a combinação melão e vinho continua a ser uma iguaria das melhores, sobretudo no tempo quente. Para mim, é uma das que melhor retrata o tempo quente e muitas das memórias a esse tempo associadas. Brindemos, pois, à conjugação do vinho com o melão e digamos, como remate, «por cima de melão, vinho a tostão». Saúde!

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Pensando bem

Há palavras, expressões e frases às quais nos apegamos, seja pelo seu significado, seja por outra razão qualquer, nunca insignificante ou indiferente. Por exemplo, a expressão «pensando bem», a que recorro com alguma frequência, é um destes exemplos. Outros são: «se não me falta a memória», «a ver vamos» e «pode ser que sim». Certamente haverá também outras, mas das quais não me lembro agora. Apetece-me escrever que essas palavras, expressões e frases poderão reflectir determinada forma de ser, estar ou sentir, quase que à semelhança de uma impressão digital. 
Voltemos ao princípio e concentremo-nos no «pensando bem».
Habitualmente, a utilização de «pensando bem» costuma estar associada a um determinado contexto, do domínio da reflexão ou relacionado com a praxis, circunscrevendo-se, por conseguinte, as oportunidades ou o universo em que ela emerge e se faz presente. Poderíamos dizer, nesta perspectiva, que a utilização da expressão é selectiva, sujeita a um critério adequado e restrito, obrigando o utilizador à parcimónia na sua utilização. O que, parece-me, estará de acordo com a sua particular natureza, direi eu, «pensando bem».

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03 setembro 2008

Pecadilho

O homem e a freira chegaram à passadeira ao mesmo tempo. O sinal para os peões tinha acabado de cair para o vermelho mas, apesar disso, a presença próxima da freira, que o confortava, levou o homem a pensar que poderia atravessar a rua sem perigo. O homem esboçou um sorriso por este pequeno abuso no aproveitamento da fé e avançou. A freira fez o mesmo. Acabaram por passar com o vermelho. Sorriram um para o outro. Afinal, tinham ambos cometido um pecadilho. Rodoviário, neste caso.  
 

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01 setembro 2008

Asceta

Aspirava a uma vida ascética. O convento não o satisfazia e regressar ao mundo estava fora de questão. Escolheu a Malcata. O lince é seu vizinho.

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