Conho!

Para a escrita dá jeito ter muletas, chamem-se elas dicionário, prontuário ou enciclopédia. Vem isto a propósito de uma delas, a do dicionário, versão online, forma adaptada para a escrita em computador. Nesta que uso tornei-me entusiasta de secção curiosa e interessante, que dá pelo nome de 'palavra do dia', habitual manancial para digressões ou divagações, pequenas ou grandes, com critério ou desembestadas. Como a de hoje, «inconho», que significa «que está naturalmente unido por um lado a outro; que é muito unido a outro», e que, numa digressão daquelas de tendência desembestada, em razão do som, me fez avivar outra que tal, «conho!», de seu nome, versão interjeição, com o matreiro sentido de «chiça!, porra!, gaita!». «Conho!», o que a supressão de um prefixozito faz!

A reunião

Ia às reuniões por dever de ofício, embora mais por dever do que por ofício. Descria da sua utilidade e, na maior parte das vezes, da sua necessidade. Lá ia, no entanto, quando tinha ou lhe diziam para ir, resignado a cumprir um dos calvários do país, pois de um calvário se trata, a «reunite» aguda!
Chegado lá, interna ou externamente, quase que adivinhava o que se seguiria, houvesse ou não houvesse agenda conhecida: um imenso desperdício de tempo, uma vacuidade de resultados, um enfado persistente, descontando os cinco, dez primeiros minutos, habitualmente usados para anotar a chegada de mais um ou mais uma, fora da hora marcada, está bem de ver, com ar de muito atarefados e preocupados...
Também já sabia como acabava: marcar a próxima para discutir e aprovar o que supostamente se deveria ter feito naquela que tinha terminado...

A Dama de Ferro

A Dama de Ferro, com Meryl Streep como protagonista, é isso mesmo: Meryl Streep!

Foi-se um dos recordes!

Era um dos recordes de que se orgulhava, mas já foi batido. E orgulhava-se porquê? Pela diferença e pelo número, daí ser um recorde. Em qualquer dos itens, o da diferença e o do número, estava colocado no top das pessoas que, no país, ainda não tinha feito uma apresentação powerpoint em público: três, mais precisamente. A coisa era tão levada a sério que constava, a bold, numa das linhas do currículo. Acabou-se, contudo, até para dar razão ao dito do povo (a parte que para aqui interessa) «... nem bem que nunca se acabe»... Paciência. Foi há dias, num encontro de «dominólogos» (tendência belga), com a apresentação da comunicação: 'Técnicas do bater das pedras em mesas de madeira e de mármore - prolegómenos».

Dia do Pai

Ontem, no Dia do Pai, recolhi, guardei e transcrevo agora uma frase de pessoa amiga: «Os pais, quaisquer que sejam os seus caminhos e as suas viagens, nunca são esquecidos - permanecem em nós».

Chove talento!

Não chove. No exemplo e link abaixo, contudo, chove e bem!...

http://youtu.be/O6VwXI8IHHU

A lei orgânica

É nos serviços centrais da Administração Pública que a vivência e a reacção a determinados factos ou acontecimentos cíclicos, como a substituição de dirigentes ou a publicação de uma nova orgânica, ocorre de uma forma particular e curiosa. Seja pela proximidade aos centros de decisão, pela dimensão ou pela centralidade das suas atribuições, é nestes serviços que habitualmente é maior o corrupio de teses e interpretações à volta do novo cenário ou protagonistas, em tom mais ou menos sério, mais ou menos fundamentado, mas sempre com um grau de especulação apreciável, procurando ler ou apreender os sinais ou orientações para o presente e futuro próximos. Com a saída de uma nova orgânica, então, o processo acentua-se e refina-se, representando um dos períodos da vivência dos serviços mais intensos, quiçá semelhante a pequenas «academias», tal o entusiasmo com se interpreta e se procura descortinar o que se evidencia nas atribuições e/ou competências para além do escrito, preto no branco, nos artigos do diploma. Para uns, será mais; para outros, será menos; para alguns, se calhar...

Em conformidade

Era um legalista e confiava absolutamente nos procedimentos legais. Quando lhe disseram que a ausência de chuva em Portugal se deveria, provavelmente, à localização não-habitual do anti-ciclone dos Açores, ficou escandalizado e prometeu medidas que resolveriam a desconformidade…. Solicitou uma providência cautelar!

O que pensar?

Todo o ser humano gostaria de deixar a sua marca na história. Nos políticos, esse desejo é maior. Muitas vezes, no entanto, o resultado obtido é diferente daquele que se ansiava. Começo a ficar convencido de que é isso que se irá verificar em relação a Cavaco Silva. Nos últimos tempos, então, «cada cavadela, sua minhoca!», tal a quantidade de casos em que se tem envolvido, pouco abonatórios, na sua maioria.

A Velha do Restelo

Mais do que um modo de vida, encarava o seu ofício de "Velha do Restelo" como uma obrigação e um dever: dedicava-se-lhe, lutava por ele, entregava-se-lhe. À sua maneira, realizava-se.
«Fez mal e não podia!», disseram-lhe, um dia. Encarou quem lho disse e perguntou:
- Desculpe, quem é?...
- Eu sou o único certificado no seu ofício: sou "O Velho do Restelo’", o de Camões. Não há outro!