30 novembro 2014

Privado

Encerrou-se no seu mundo e deitou a chave fora.

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Corte

_ Cuidado ao cortar.
_ É uma veia, não é?... Qual é o problema?!...
- É que essa é a veia satírica...

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Créditos

_ Tem a certeza?...
_ Absoluta!
_ Quem o diz?
_ Uma fonte. Fidedigna!

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Filmes

Os de Jacques Tati.

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Frágil

_ Fiquei vidrado!
_ E agora, como é que te damos banho?...

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Estou embaraçada. É preocupante?

Depende da língua: se falar espanhol, está grávida; se falar português, talvez não.

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Sonho em tornar-me um intelectual. O que é que devo fazer?

Continuar a sonhar.

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Boleia

_ O que é que julga que está a fazer?!
_ A pedir boleia.
_ Aqui?! Isto é uma pista!
_ E então?...
_ Não percebe?... Pista!.. Aviões!... A-e-ro-por-to!
_ E-o-que-é-que-is-so-in-te-res-sa?!...
_ ...?... Pararam muitos?...
_ Alguns. Mas sou selectivo.
_ Selectivo!?...
_ Só aceito em executiva.

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29 novembro 2014

Há anos que jogo no totoloto e não me sai nada. Isto não é digno do Guiness?

É. Mas tem que ficar em lista de espera, porque há mais assim. Até lá, continue a jogar e faça figas para que não lhe saia, para não perder o recorde.

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Tabaco

Comprara o primeiro maço de adjectivos ainda jovem. Desde então, habituara-se a fumá-los com o café e em cima de um guardanapo ou papel solto. Não costumava fumar muitos, mas abria uma excepção para os períodos criativos, situações em que era capaz de fumar dois ou três maços, às vezes quatro. Nessas alturas pensava em deixar de fumá-los, mas recaía sempre, pelo menos até agora. Não fazia muita questão em relação à proveniência do adjectivo, mas gostava mais dos aromas rústico, espanhol, italiano e inglês. Dos franceses não gostava, pois faziam-no tossir. Comparava os adjectivos com a comida, usando uma tabela para os diferenciar: frugais, palpitantes e opulentos, qualquer uma das categorias condimentada a gosto, com sal e picante q.b. A fazer fé nas análises, era de prever que continuasse a fumar mais uns maços. Quando lhe começasse a tremer a mão, cantaria.

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28 novembro 2014

Palavrário (letra j)

Jagunço, javardo, janota?... Jamais!
Jogo? Justo.
Janela: jardim, jeitosa. Jantar juntos?
Já?!


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Desenhos Animados

Os da Pantera cor-de-rosa.

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23 novembro 2014

Irrecusável

Os textos eram maus e, sempre que os chamava à pedra, viravam-se. Fartou-se e procurou uma solução. Aconselhou-se com quem sabe e sugeriram-lhe um corrector. Aceitou. Nunca mais os viu. Só achou estranho o barulho ininterrupto do destruidor...

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Encontrei uma mina de dinheiro. Devo explorá-la?

Só com licença.

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Apoio

Matou-se a trabalhar e não houve sindicato que lhe valesse.

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O buraco

_ T''ás a ver ali?
_ Onde?... Não vejo!
_ Ali em frente. Vê melhor.
_ Ah, já vejo! Não é  pequeno?
_ Tem que ser assim. Experimenta lá.
_ Achas que consigo?
_ Tu é que sabes. Não queres experimentar?
_ Tenho medo. E se não consigo?
_ Tentas outra vez. Vá lá, força!
_ Força?!... Não é melhor com jeito?
_ Era uma maneira de dizer... É claro, que tem que ser com jeito! À bruta, não dá!
_ Nah, não consigo... Desisto. É muito pequeno.
_ O que é que querias?!...
_ Que o buraco fosse maior, talvez...
_ Se fosse, não era de agulha...

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Passeio 3

Não gostava do passeio. Mas não ia mudar, pois era muito longe.

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Regime 2

Alimentava o sonho. Mas tinha cuidado com as calorias.

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Insolúvel

Andava desassossegado com a vida. Matou-se e ficou na mesma.

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Passeio 2

Não gostava de passear. Mesmo nos dias de chuva.

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22 novembro 2014

Visões

_ Quem é você?
_ Eu sou a visão romântica.
_ E isso existe?!...
_ Está a ver-me aqui, não está?
_ Tem razão. Mas como nunca tinha visto... pensei que não existisse, pronto.
_ Fez mal. Deixou-se contaminar pela visão céptica ... está a ver o resultado, não está?
_ De facto... Posso redimir-me?
_ É complicado...
_ Complicado, porquê?
_ É muito exigente, só isso.
_ Acredite, sou capaz. Ponha-me à prova.
_ Vou ver...
_ ... Então, já viu?
_ Calma... A coisa leva tempo. Preciso de fazer uma chamada. Tem telemóvel?
_ Tenho.
_ Ligue para este número #########.
_ E pergunto por quem?
_ Pela visão mística.

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Quero cozer polvo, mas ele recusa-se a entrar na panela. Que posso fazer?

Convença-o com uma cebola.

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Aforismo

Se te disserem que há receitas, desconfia. Acredita, se forem da tua avó.

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21 novembro 2014

Get On Up - A história de James Brown

Depois de visto «Get on Up - A História de James Brown», facilmente se conclui que a vida do protagonista tinha os ingredientes mais do que suficientes para um filme e os necessários para perceber a influência do artista na música moderna. Para o espectador do filme, a confirmação in loco de que a influência e o reconhecimento permanecem, ganhando um doce quem, visionando-o, consegue ficar quieto na cadeira, tal a energia e o ritmo dos hits que se reconhecem, por exemplo este:
http://youtu.be/dtqDB2spyG0

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Aforismo

Arriscar ou não arriscar é um dilema. Às vezes acerta-se.

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16 novembro 2014

Arruar

No reino das vielas também havia diferenças: umas eram-no só, outras do pecado. O que as distinguia era o fado.
(em dívida para com Alfredo Marceneiro).

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Incorruptível

Era uma pessoa séria. Tentaram corrompê-la com um sorriso, mas resistiu.

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Herói

Era um cobarde. Reconhecê-lo foi um grande feito.

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15 novembro 2014

Aforismo

Acredita no Pai Natal. Se não acreditares, não tens prenda.

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Os árbitos podem tirar sabáticas?

Sim, se não tiverem jogos aos fins-de-semana.

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Existencial

Era uma amiga do peito. Desconhecia de qual deles.

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Arrumado

Tinha muitos projectos na cabeça. Pior era quando precisava de encontrar algum, tal a desarrumação. Prometeu emendar-se e comprou uma resma de etiquetas. Como era agarrado, comprou das mais baratas, daquelas sem cuspo. Quando quis colar a primeira, esqueceu-se da cola.

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O dinheiro anda arredio de mim. Posso fazer alguma coisa?

Talvez um pouco de perfume.

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Formulário

_ Profissão?
_ Contador de histórias.
_ Género?
_ Inenarrável.
_ Parentes?
_ Primos.
_ Direitos?
_ Afinidade.
_ Vivos?
_ Até hoje.
_ Nomes?
_ Inefável e Indizível.
_ Contribuintes?
_ Às vezes.

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14 novembro 2014

Livro

Uma Pequena História da Filosofia, de Nigel Warburton.

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A minha barba fez greve. Tem que assegurar os serviços mínimos?

Só se o tribunal arbitral determinar.

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Viagem

_ Queria ir para Nenhures.
_ Tem passe?
_ Não, só módulos.

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09 novembro 2014

Marcar o ritmo

Singrar no meio artístico era difícil. O seu caso não era inédito, por isso. Mesmo assim, quis dar continuidade ao sonho e não esmoreceu. A sua maior dificuldade era a de não saber música. Em contrapartida tinha bom ouvido e usava os dedos como os bateristas utilizam as baquetas: a marcar e a acompanhar o ritmo. Mas só isso não chegava - precisava de uma banda! Pôs uns anúncios, mas não teve muita sorte: só lhe apareceram intérpretes com o conservatório e provas dadas em bandas e orquestras, mas nada de virtuosos como ele, sem conhecerem uma nota e com dificuldade em distinguir um violino dum saxofone. Estava prestes a desistir e eis que lhe aparece um artista igual a si, só que este tinha como especialidade o rilhar os dentes como castanholas. E o milagre aconteceu (e tem perdurado desde então), não na versão banda mas de dueto: os concertos não têm parado e já estão nas redes sociais!

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Saltitonas

Eram coisas e saltaram-lhe à cabeça. Não levava a mal, pois a natureza delas era a de serem saltitonas. Apesar de leves, ainda lhe fizeram uns galos.



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Opiniões

_ Não tenho opiniões.
_ Quer comprar?
_ O que é que tem?
_ Tudo, menos fracturantes. Se quiser destas só lá em baixo, ao virar da esquina.
_ Já teve?
_ Já.
_ Deixou porquê?
_ Ocupavam muito espaço e deixaram de se vender. Só isso.
_ Então e agora, o que é que tem?
_ O habitual, no pequeno comércio: futebol, política, bebidas e sociedade.
_ De fora, também?
_ Algumas coisitas... mas é pouco.
_ Tem promoções?
_ Por acaso...deixe-me ver... Uma sobre ameaça de guerra e outra sobre bactérias, interessam-lhe?
_ Depende do tamanho... Não levam a casa, por acaso?...
_ Bem... Sabe, agora já não tenho cá o rapaz... emigrou e não tenho ninguém... Já viu estas sobre política?... Olhe que estão a bom preço e não são pesadas... com uns finos, ao final da tarde, a comer uns tremoços ou amendoins, marcham que nem ginjas! Que me diz?
_ Bem... eu sou mais taças...
_ Não tem problema nenhum! É melhor ainda e está na moda!
_ Está na moda?!...
_ É como lhe digo: na moda e bem na moda!... Está classificado como gourmet! Não sou eu que o digo, são os especialistas.
_ Mas, se calhar só estão a pensar no champanhe...
_ Em tudo!, digo-lhe eu... Já viu bem: e se a vida tem um sentido?...
_ Essa já é do domínio da filosofia, não é verdade?...
_ Talvez... Mas ainda não tenho opinião...




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08 novembro 2014

Dúvida

Desvelou a alma: cheirava um bocadinho a mofo. Perguntou-lhe como é que se sentia e ela pediu-lhe tabaco. Como já não fumava, sugeriu-lhe antes um copo de água. Disse que não e contrapôs com uma sandes de presunto. Também não, pois tornara-se uma pessoa vegetariana. A alma não estava a gostar do que ouvia, pois começava a retorcer-se. Ainda pensou em pedir uma taça ou um penalty, mas ficou-se por uma interrogação: «Porque é que me desvelaste?...».

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Insuficiente

Deitou-lhe uma mão. Quis deitar-lhe a outra e já não pôde.

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02 novembro 2014

Os Maias

Sempre que um filme é baseado num livro, como é Os Maias, de João Botelho, uma velha questão ressurge, que é a de saber se o filme é fiel ou não ao livro, como se o cinema fosse um sucedâneo da literatura e esquecendo que os códigos de uma e de outro são diferentes. Que códigos e como os analisar, deixo isso para os especialistas. Para o que me interessa, é o filme que está em causa. E esse não desmerece, pese embora alguma estranheza inicial, relacionado com o ritmo e o cenário, pois se pensa estarmos a ver uma peça de teatro filmada, que acredito seja opção consciente do realizador e uma forma, julgo eu, de melhor se manter «fiel» ao retrato epocal traçado por Eça. mas sem esquecer que o filme representa e mostra o olhar e o sentir do realizador. Veja-se o filme e leia-se o Eça. Nunca se perde.

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Livro

Um Homem Muito Procurado, de John Le Carré.

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Cristaleira

Tratava as memórias e as vivências como se fossem de cristal. Tinha o cuidado que se deve ter com este tipo de material, incluindo a limpeza e o manuseio, sempre feitos de forma delicada. A algumas, não todas, puxava um bocadinho o lustro, pois achava-as um tudo nada baças. Andava a pensar seriamente em abrir um museu, com preços simbólicos, e algum apoio de fundos comunitários... Até lá, continuava a pegar num paninho de feltro e a pensar no dia, distante que fosse, em que iria cortar a fita...

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01 novembro 2014

Naipes

Sempre que as viam juntas, lá se ouvia o comentário: «Olha que biscas!...». Aparentemente não ouviam ou, se o faziam, não pareciam ficar afectadas (palavra que lhes escapava, note-se, pois tinham um léxico mais singelo), continuando a fazer o seu jogo habitual. Que não escapava aos outros, contudo, que faziam tudo para as convencer, incluindo renúncias. No fim, deu bandeira!



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Sensível

O que viu e ouviu fê-la subir pelas paredes. Quando chegou ao cimo, sentiu-se mal e desmaiou.

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