Há dias, li no
Público, um professor catedrático de Direito, em Coimbra, «deu» a sua última aula. «Deu», é como quem diz. Na verdade, «deram» a aula por ele, consequência de uma bizarra e, pelos vistos, antiga, tradição de «impedir» os catedráticos de Direito de leccionarem a «sua» última aula. Tradição é tradição e, na faculdade de Direito de Coimbra, a tradição é para se cumprir, mesmo que contrariado(s).
Há vários casos de professores que se devotaram ao ensino, de corpo e alma. Quem estudou, qualquer que tenha sido o nível de ensino, decerto encontrará e recordará exemplos desta entrega à profissão que escolheram. Eu encontrei e recordo alguns dos meus. E uma das coisas que recordo, sem dificuldade, era, precisamente, o prazer de dar aulas - mesmo que fosse a última. «Não poder» dar a última aula, por capricho e tradição que se mantém, parece-me castigo severo para estes professores. Diria mesmo, estúpido.
Questiono-me se, no ensino público, um professor, um «mestre» que tenha atingido o limite de idade deva passar à reforma, sem mais. Não sei se o podem fazer, mas não me incomoda nada que, estando capazes e querendo, pudessem lá continuar... a dar aulas, porque não?
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