31 julho 2008

Cuecas

Umas cuecas da Rainha Vitória foram a leilão, leio no Metro de hoje. Previa-se a sua arrematação por cerca de 250 ou 300 euros, mas a notícia não avançava qual o valor final. As cuecas, valorizadas por terem aconchegado as nádegas reais, tornaram-se objecto de coleccionador. É mais um exemplo de que os britânicos, no que toca a merchandizing real, continuam mestres e inigualáveis. Com a sua habitual mestria, ainda arranjam maneira de valorizar a peça leiloada com resquícios de um real eflúvio - um traque, em linguagem mais plebeia - que a dita Rainha terá largado, em plena cogitação e preocupação com o Império...
Arrematado!

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26 julho 2008

Simetrias

Tinha a mania das simetrias. As simetrias eram a sua religião e a sua fé. A sua razão de ser. Um dia, cortou parte do bigode e parte da barba. Simetricamente, está bem de ver. A família internou-o. Em nome da simetria.

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Canudo

Já nem se lembrava dele. Viu-o na estante, em cima de uns livros. O formato, cilíndrico, e a cor, amarelo, denunciavam o seu significado - era a sua carta de curso, o popular «canudo». Sorriu, por momentos. O «canudo» estava cheio de pó e semiabandonado, como se fosse um pobre resquício de um tempo outro, que se afirmava, ad aeternum, pela prática ritualizada e pela separação entre crentes e profanos, entre iniciados e não-iniciados. De facto, tempo outro, outro tempo...

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23 julho 2008

Filme

As luzes apagam-se. As luzes acendem-se. O filme acabara. Adormecera. Fim.

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22 julho 2008

Gorjeta

Duas almas, não penadas, encontram-se para um copo. Fazem tchim-tchim e recordam-se. Dos tempos e das vidas passadas... Pagam a conta e abalam. De gorjeta, deixam um pouco de espírito...

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20 julho 2008

Filet mignon

Cada vez mais, o fiambre é o filet mignon dos portugueses.

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16 julho 2008

Moedinha

Era um dia de calor. Como o de hoje.
O homem ia pela rua, a coberto das sombras, com destino certo. Ao dar um passo, num relance viu a pequena moeda, de tom amarelado, que brilhava ao sol. O homem parou e apanhou-a: era uma moeda de 10 cêntimos. Após rápida análise, meteu-a na carteira e seguiu o seu caminho.
Curiosamente, antes de se deparar com a moeda, o homem avançava no seu caminho fazendo algumas contas à vida, daquelas em que se estimam os encargos futuros com as sementes dos encargos presentes.
A pequena moeda serviu-lhe para exercitar a sua capacidade de cálculo e fê-lo, num ápice, viajar no tempo, quando se apercebeu que a dita moeda, 10 cêntimos, por equivalência representava um valor do passado desse homem, vinte escudos, na sua roupagem de papel moeda, benzida e ungida por efígie de santo, de Lisboa casamenteiro: Santo António.
Estava explicado o mistério e desvendada a natureza da dádiva. Para além de casamenteiro, o Santo também é invocado nas horas difíceis em que, por mais voltas que se dêem, os objectos ou a sorte parecem esquivos às nossas preces ou precisões. E, como se comprovava, o Santo não desmerecia a sua fama, como o homem pudera verificar. «Sempre era uma ajuda» - pensou.
Para as suas contas, dez cêntimos era melhor que nada. Era muito? Era pouco? Vá-se lá saber! «Se calhar,» - matutou o homem - «é o que é possível, nos tempos que correm».
Será que a crise, diremos nós, também já chegou ao Céu?... Pelos vistos, chegou...

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12 julho 2008

Camisas

À frente do balcão da farmácia dispõem-se quatro clientes: um homem e três mulheres. Diz o homem:
«Queria três preservativos». O empregado entrega-lhe os preservativos e o homem sai da farmácia acompanhado das três mulheres.
Este episódio passava-se num vídeo e tinha a sua graça, parodiando uma situação - a compra de preservativos em público - que costumava, habitualmente, representar algum «desconforto» para «o» ou «a» que fazia o pedido, algo de que me lembrei após o ter visionado.
Os tempos mudaram, não há dúvida. Quem fez e protagonizou o vídeo talvez não saiba ou já não se lembre que, em idênticas circunstâncias, a compra pública de preservativos na farmácia era feita assim:
- Tem camisas destas? - perguntava o «cliente» do preservativo, apertando o colarinho.
- Não, dessas não tenho - respondia o empregado.
- Então, queria das outras...

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08 julho 2008

Frugalidade

Era um devoto da frugalidade. De manhã, praticava a «fruga». À tarde, aquietava-se com a «lidade». À noite, nem uma nem outra - serenava. Em nome da frugalidade.

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02 julho 2008

Olé!

E pronto, lá se acabou o Euro! A Espanha foi uma justíssima e brilhante vencedora do campeonato, batendo a Alemanha (1-0).
Tirando talvez os primeiros 15 minutos da 1ª parte, a Espanha foi-se assenhorando do campo e do jogo, desenvolvendo o seu futebol rendilhado, de pé para pé, baratinando os amigos alemães. Ao contrário do que se pensaria, os heróis do jogo foram uns rapazolas franganotes, fracos de carnes, baixos de estatura e grandes no talento, sobretudo Xavi, Iniesta e Senna, e foi o que se viu: bola, bola e bola da boa, sem precisarem, curiosamente, de não sei quantos «melhores do mundo», muito apregoados do lado de cá da fronteira... Outros mundos, outras vidas, outras histórias...
Viva a Espanha, carago! O futebol e o Europeu 2008 ficaram bem entregues. Olé!

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Ouça!

Ontem, na TVI, deixei-me ficar a ver a entrevista com a Dr.ª Manuela Ferreira Leite. Não a vi desde o início, mas mesmo assim fiquei espantado com a pose e o estilo da senhora. Nã! Assim não vai lá, suponho... Será que a senhora estará mesmo convencida - chamemos-lhe convicção -, que é assim que vai bater-se pela vitória?... Ponho as minhas dúvidas...
Penso que nunca mais me vou esquecer da mão da senhora a apontar em direcção à Constança Cunha e Sá e da forma como utilizava e pronunciava a palavrinha «Ouça!», usada como intróito a cada resposta, sobretudo quando o tom ou o teor da pergunta era, por assim dizer, ligeiramente incómodo...

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Ameixas

Encarrapitei-me num escadote e colhi as ameixas. Antecipei-me a um previsível desbaste por parte da pardalada e dos melros, que já era visível, e deitei-lhes a mão enquanto era tempo. E que lindas que estavam! Neste aspecto, aliás, eu e os pássaros parece que estávamos de acordo...
Para meu gozo e azar da passarada - a crise é grande e a produção foi escassa... - colhi as que pude, com mais ou menos grau de amaduramento.
Repito: a crise está para durar e temos que aproveitar o que aparece..., a passarada que me perdoe... Apesar de tudo, ainda lá deixei ficar algumas...

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