Lembro-me de ouvir o monólogo em disco, de 45 rotações. À época, pouco importância ou relevo lhe devo ter atribuído, dada talvez a minha idade e o pouco contacto com essa forma específica de humor, pois de um monólogo de humor se tratava. Graças às novas tecnologias - salve! - alguém me fez chegar ao endereço electrónico um
link e uma chamada de atenção para a disponibilização do dito monólogo no
You Tube. Fui lá, pois, rememorar e voltar a ouvir, agora com outros olhos (neste caso, ouvidos), outra cabeça e mais experiência, a extraordinária rábula de Raul Solnado,
A Guerra de 1908. Foi um deslumbramento, sim senhor! O ritmo, a sucessão delirante de cenas e de
gags são verdadeiramente fabulosas, reveladoras de uma forma de humor só ao alcance de alguns, poucos. Tudo isto em Portugal e logo no início dos anos 60, se não me engano. Faço uma pequena ideia do impacto e - quem sabe?! -, do arrombo que isto deve ter causado nas capelinhas pátrias, ligadas ou não ao humor. Raul Solnado é um dos nomes grandes do humor português, talvez seja conveniente não esquecê-lo. Para os novos humoristas - que os há e bons - talvez não fizesse mal, de vez em quando - muito de vez em quando, talvez... - dar uma vista de olhos pela carreira e performance dos «velhotes» - alguns deles muito à frente do seu tempo, às vezes... - e deitar um olho, não para copiar, mas para homenagear o seu talento e originalidade. Mais uma vez, as novas tecnologias - salve, de novo! - aí estão para poderem ajudar. Por que não,
A Guerra de 1908?
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