30 outubro 2008

Engranhado

Estava um dia muito frio. Até então, a temperatura tinha estado amena, pouco propícia a surpresas como a que ocorreu nesse dia. Soprava um vento cortante, gélido, a prenunciar neve. Andar na rua era desconfortável e desagradável. Lembro-me de ter pensado: «Estou engranhado». «Engranhado»?!... Há que tempos não te ouvia o som e me recordava do teu significado! Curioso fenómeno, este, do aparecimento consciente da palavra e do significado «engranhado». Era como se tivessem estado hibernados, um e outro, à espera de uma oportunidade para aparecerem. Curioso também, era que o fim da hibernação se prendia, no seu caso, com uma situação de frio e não com uma de calor. Mas isso, convenhamos, é uma outra história...

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26 outubro 2008

José Cardoso Pires

José Cardoso Pires morreu há dez anos. Várias têm sido as chamadas de atenção, na imprensa, na tv e nas livrarias. Não adianta escondê-lo ou iludi-lo: as efemérides são um negócio e há que aproveitá-las. A morte de Cardoso Pires não lhe escapou e o mesmo acontecerá com outros. Ou outras.
Também me deixei absorver ou influenciar pela mediatização da morte do escritor. E em boa hora!
De rajada, li o Anjo Ancorado e o De Profundis, Valsa Lenta. Dois livros, duas histórias, duas épocas, um só e um mesmo autor. E em qualquer deles, como um extra precioso, dois belos textos introdutórios - complementares e interpenetrados no respectivo livro: um de Mário Dionísio e outro de João Lobo Antunes.
Será José Cardoso Pires um autor esquecido ou semi-esquecido? Penso que a resposta é afirmativa, infelizmente. Sendo assim, haverá razões para isso?
Se o esquecimento é motivado por razões de estilo ou de qualidade de escrita, não se compreendem: quer um quer outra são marcas inegáveis de Cardoso Pires.
Também não deve ser por falta ou desconhecimento das suas obras publicadas, pois elas existem e estão razoavelmente publicitadas, parece-me.
Se não essas, que outras, então?!... Vá-se lá saber...

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Habemus Presidente?...

Sarah Palin foi um coelho tirado da cartola dos republicanos americanos. Na altura, marcaram pontos associados ao passe de mágica - parece-me um facto evidente. Depois, a máquina democrata deve ter-se mexido - quiçá, com o dedo e o apoio tácito de faixas republicanas... - e os casos pouco (ou nada) abonatórios começaram a afectar o efeito de prestidigitação. É mais um exemplo, talvez, de que o feitiço se virou contra o feiticeiro ou - por que não?!... - um resultado perverso da intervenção de um (qualquer) «aprendiz de feiticeiro». Para o que interessa, contudo, parece que a eleição de Obama já está escrita ou desenhada nos astros. Habemus Presidente?...

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21 outubro 2008

Olha que coisa mais linda

Nunca esteve no Brasil e muito menos em Ipanema. Até que um dia, ao ouvir a rádio, para lá se transportou. Para Ipanema. Os responsáveis foram Tom Jobim, Vinícius de Moraes, João Gilberto e Stan Getz. Até já fala com sotaque... «Olha que coisa mais linda...»

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16 outubro 2008

0-0 (take two)

Realizaram-se 4 jogos e Portugal deve ter já assinado a sua guia de marcha para fora do Mundial de 2010, na África do Sul, na sequência do resultado, 0-0, com a Albânia. As coisas são como são e, em 2 jogos em casa e 6 pontos em disputa, fizemos 1. Com contabilidades destas - e o mais que se (não) viu - não tem sido auspicioso o regresso de Queirós.
Estivemos mal habituados, talvez, passe alguns equívocos e tremideiras na época Scolari, mas se calhar é mesmo esta a realidade do futebol português - alguém tem dúvidas?...
Venha a máquina de calcular - contar pelos dedos também serve - e lá vamos nós a resolver uns problemazitos, daqueles que julgávamos já ultrapassados...
Quando é que começa a qualificação para o próximo Europeu?...

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12 outubro 2008

0-0

O empate com a Suécia, 0-0, ontem, acabou por ser um resultado aceitável. O tempo e o desenrolar da qualificação dirão se este resultado foi aceitável ou bom, atendendo ao que se viu na 1.ª parte, período em que a Suécia criou duas ou três oportunidades de golo que, a serem convertidas, de certo mudariam a história deste jogo. Também poderíamos ter marcado, é verdade, mas vieram ao de cima muitas das nossas limitações, a começar pelo plantel à disposição do seleccionador. Por exemplo, que falta fez Deco...

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Somos todos especialistas

Tenho ficado com a ideia de que, no seu clube, o Sporting, Paulo Bento é um treinador mal amado. Goste-se ou não dele, a verdade é que costuma dar a cara e o peito pelo que faz e acredita.
No Público de hoje, Paulo Bento faz uma afirmação deveras curiosa, apesar de frequentemente esquecida: «todos percebem de futebol, menos o treinador».
Admitindo que ele não estaria a referir-se ao célebre princípio de que não há regra sem excepção, aplicado ao pontapé na bola, acho que o homem está carregado de razão. Que diabo: trata-se de um domínio em que os «especialistas», os treinadores, investem o seu tempo, conhecimento e disponibilidade, e não os outros! Paulo Bento tem razão e, pelo menos neste domínio, talvez o princípio tenha que ser alterado.

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11 outubro 2008

A ida «à guerra»

Lembro-me de ouvir o monólogo em disco, de 45 rotações. À época, pouco importância ou relevo lhe devo ter atribuído, dada talvez a minha idade e o pouco contacto com essa forma específica de humor, pois de um monólogo de humor se tratava. Graças às novas tecnologias - salve! - alguém me fez chegar ao endereço electrónico um link e uma chamada de atenção para a disponibilização do dito monólogo no You Tube. Fui lá, pois, rememorar e voltar a ouvir, agora com outros olhos (neste caso, ouvidos), outra cabeça e mais experiência, a extraordinária rábula de Raul Solnado, A Guerra de 1908. Foi um deslumbramento, sim senhor! O ritmo, a sucessão delirante de cenas e de gags são verdadeiramente fabulosas, reveladoras de uma forma de humor só ao alcance de alguns, poucos. Tudo isto em Portugal e logo no início dos anos 60, se não me engano. Faço uma pequena ideia do impacto e - quem sabe?! -, do arrombo que isto deve ter causado nas capelinhas pátrias, ligadas ou não ao humor. Raul Solnado é um dos nomes grandes do humor português, talvez seja conveniente não esquecê-lo. Para os novos humoristas - que os há e bons - talvez não fizesse mal, de vez em quando - muito de vez em quando, talvez... - dar uma vista de olhos pela carreira e performance dos «velhotes» - alguns deles muito à frente do seu tempo, às vezes... - e deitar um olho, não para copiar, mas para homenagear o seu talento e originalidade. Mais uma vez, as novas tecnologias - salve, de novo! - aí estão para poderem ajudar. Por que não, A Guerra de 1908?

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À Gato

Não sei se é cedo ou se já é tarde, mas o primeiro programa dos Gato Fedorento, Zé Carlos, deixou-me aquela sensação de déjá vu, o que sinceramente lamento. Já nos sobra a situação económico-financeira para deprimir as hostes, mal seria termos os Gato a também contribuir para este panorama geral. Vá, rapaziada! Vamos lá a dar a volta por cima e com o talento que se lhes reconhece, descontando os chouriços. À Gato.

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Futurologia

Há tempos atrás, escrevinhei umas notas em que afirmava o meu convencimento de que as eleições legislativas de 2009 devem ser ganhas pelo PS e por José Sócrates. O PSD, mesmo que se tenha credibilizado com uma nova liderança - admito que sim, mas com efeitos práticos pouco animadores - não deve poder evitar este resultado, se é que não irá contribuir para ele... A esta distância e com os elementos de que se dispõem, deve ser este o previsível desfecho. A não ser que aconteça algo, desde que esse «algo» possa ser decisivamente importante para alterar as actuais premissas. A deterioração da situação económico-social, por exemplo, pode ser um desses potenciais «algos». Deterioração essa que, sendo previsível, é imprevisível nos seus efeitos.

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António Lobo Antunes

Ontem, na SIC Notícias, António Lobo Antunes foi entrevistado por Mário Crespo, a propósito da edição de um novo livro do escritor. Apanhei a entrevista na sequência de um zapping e por lá fiquei. Ao princípio, fiquei desconcertado mas, com o tempo, acabei por fascinar-me com algumas das respostas, interrogações e - por que não!? -, a manifestação de sentimentos de Lobo Antunes, alguns de índole estritamente pessoal. Neste domínio, foi uma completa e agradável surpresa. Conhecendo mal o autor e a obra, sobretudo os romances, costumo gostar bastante da faceta de cronista, registo no qual vejo plasmados e referenciados muitos dos sinais e da maneira de ser tipicamente portugueses.
Voltando à entrevista de ontem, que teve momentos muito gratificantes, fixei um, particularmente tocante, em que ele se refere à morte do pai e ao impacto que esse facto, a morte do pai, costuma ter e representa para cada um dos que são por ela directamente afectados. Numa imagem poética - belíssima! - e plena de significado, António Lobo Antunes afirmou que o pai representa para os seus filhos, entre outras coisas, alguém que se entrepõe entre eles e as portas da morte. Quando o pai morre, continuava ele, da próxima vez que essa porta for aberta seremos nós que a iremos abrir, já não o pai... Comovente, enternecedor, brilhante! Bravo, António!

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09 outubro 2008

Debate 2

Pelo que parece, Barack Obama está cada vez mais próximo de vir a tornar-se o próximo presidente dos Estados Unidos. No 2.º debate com McCain, o homem voltou a sair por cima. Sendo a candeia que vai à frente...

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05 outubro 2008

Questões fracturantes

Lá vai uma, lá vão duas, três questões fracturantes a poisar.
Uma não é minha, outra não é tua, outra é de quem o Parlamento apoiar...

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03 outubro 2008

Ganhar um doce

É uma curiosidade como outra qualquer, mas gostava de adivinhar o que irá na alma dos militantes e dos simpatizantes do PSD ao verem as acções e a estratégia política da sua líder. Como sói dizer-se, ganha um doce quem conseguir prever - ou perceber?!... - quais serão os próximos capítulos. Quem sabe, talvez a senhora continue a surpreender-nos...

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01 outubro 2008

Muito mau

Ontem, o Arsenal derrotou o Porto por 4-0. Mais do que os números e da derrota em si, o que se tornou penoso foi ver a deriva, o desnorte, a impotência de uma equipa que, dado o que já ganhou e o estatuto que goza a nível internacional, não se pode dar ao luxo, parece-me, de desbaratar e deitar borda fora tudo isto. Foram 4-0, mas, reconheça-se, podiam ter sido 5, 6, 7 ou 8... Se isto se tivesse verificado, duvido que alguém ficasse surpreendido, tal o desequilíbrio.
É certo que são apenas 3 pontos - Jesualdo dixit -, mas aquilo foi mau de mais. Outra coisa intrigante, também, pareceu-me a falta de qualidade de alguns dos jogadores, claramente não dimensionados para este tipo de desempenhos. Há um ou outro, aliás, que me levam a interrogar o que é que terá motivado a sua contratação...
Também é bom perceber - ou continuar a perceber - que, em condições normais, há um fosso acentuado entre a competitividade do nosso campeonato e a de outros campeonatos. E isso vem ao de cima quando as equipas destes campeonatos se encontram. Aí está o exemplo de ontem para o atestar.
Talvez tivesse sido um dia mau, veremos. Duvido, no entanto.

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