Dos cinco candidatos à liderança do PSD, penso que só três deles (Ferreira Leite, Passos Coelho e Santana Lopes) têm hipóteses reais de vencerem a eleição. Para o PS e José Sócrates, não é indiferente qual deles venha a ser.
À semelhança do que aconteceu em 2005, acredito que nas eleições de 2009 se irá votar mais «contra alguém» do que «a favor de alguém». E aqui, parece-me, o «contra alguém» de 2009 pode bem vir a ser Sócrates, como o foi Santana Lopes em 2005.
É por isso que considero que, dos três candidatos à presidência do PSD, do ponto de vista dos interesses do PS e de Sócrates, será Santana aquele que mais lhes agradará, em virtude de se manterem, no essencial, as razões da rejeição do eleitorado flutuante, aquele que verdadeiramente costuma decidir o resultado das eleições.
Quanto aos outros dois, Manuela Ferreira Leite ou Pedro Passos Coelho, talvez as perspectivas possam vir a ser outras, uma vez que o efeito de atracção junto desse eleitorado flutuante pode vir a obter melhor resultados.
Em 2009, queira-se ou não, vai ser julgada pelo eleitorado a apreciação que se fará do governo de José Sócrates. Mais ou menos do que a concretização de promessas, medidas e políticas, o que também estará em cima da mesa é um certo estilo e um determinado comportamento, estilo e temperamento esses que colidiram, mais do que coexistiram, com franjas largas de cidadãos e sectores profissionais, os professores, os funcionários públicos, a Igreja, por exemplo, que, nessa altura, poderão assumir um comportamento previsivelmente muito penalizador do PS e de Sócrates. E é aqui que se justifica falar dos outros dois candidatos à chefia do PSD, Ferreira Leite e Passos Coelho.
Por razões de notoriedade pública, sobretudo, não me custa a acreditar que Ferreira Leite desempenhe esse papel de forma mais fácil e, convenhamos, mais atractiva para um eleitorado de perfil mais conservador e numa faixa etária mais elevada. Real ou construída, a imagem que criou e que assume encaixa muito bem neste eleitorado típico, dentro ou fora do seu partido. Mas que, paradoxalmente, se pode virar contra ela. Mesmo dentro do seu próprio partido.
Passos Coelho, que poderá beneficiar disso, apresenta-se contudo como uma incógnita em termos eleitorais, sobretudo a nível nacional. Apesar disso, e ao contrário de Santana Lopes, na hipótese de ser ele a apresentar-se a disputar o lugar de primeiro-ministro com José Sócrates, penso que se mantém a hipótese de ele poder vir a assumir-se como o pólo de atracção de uma margem significativa daquele eleitorado que quererá, é minha convicção, «castigar» o actual primeiro-ministro. E este «castigo», estou certo, é capaz de baralhar muitas das contas que se fazem ou farão. No PS, mas também no PSD.
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