31 julho 2021

... Não merece castigo

_ Ora viva!... Todo selecto!...

_ Acha mesmo...!?

_ Não!... Mas dá um ar fino aqui ao barraco, não acha...? Gostamos de tratar bem a clientela!... Incluindo a rasca...

_ Isso aplica-se a mim...?

_ Nãaa.... Sim! 

_ Porque é que diz isso!?...

_ Por amor à verdade!...

 


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À procura da paisagem interior - amostra 10

«Talvez a grande sabedoria resida na dosagem e no tempero... Pode aplicar-se à gastronomia, mas também à vida. Excepto quando há justificação para o exagero ou incentivo para o desvario!...». «Quem és tu, miúda!?...», apeteceu-me dizer, como na canção, se bem que aplicado ao contexto da PI, e depois de receber a mensagem que inicia o texto, entre aspas e em itálico, entrada no Whatsapp a horas tardias ou madrugadoras, depende da perspectiva.

A bem dizer, não posso dizer que esteja surpreendido. Era previsível e mais ou menos esperado, reconheço, só que não esperava que tão cedo!... Mas sim, era previsível... A partir do momento em que ela se descobrira como epigramática, revelação que a tinha inebriado em momento anterior a este, o aparecimento de ensaios e fragmentos como o de acima eram expectáveis, com maior ou menor extensão, malabarismo estilístico ou pirotecnia na pontuação.

Mostrei-a ao Senupe, que dormitava em cima do sofá, demonstrando que não estava para aí virado. Talvez mais tarde...

Mas a mensagem inquietara-me, não só pela utilização das aspas, mas sobretudo do itálico, o que poderia querer dizer que a PI estava, aparentemente, empenhada em fazer vida e carreira na nobre e custosa arte do texto e da mensagem curta e impactante, para não dizer lapidar, o que pressupunha o domínio da técnica e do uso do martelo (quem diria?..., com aquelas mãos, tão frágeis!...)... 

Infelizmente (logo hoje!...), não poderia deslocar-me a casa dela. Compromissos inadiáveis, daqueles que fazem jus ao nome, como esparramanço no sofá, filmes e jogo de futebol na televisão, não o permitiam, mas manter-me-ia conectado pelo Whatsapp, opção que imediatamente pus em prática, digitando «Percebi a primeira parte, mas confuso quanto à segunda... Realçar o contraste...?», sem itálico, que teve logo a resposta «Na mouche e com paprica, aplicar a eito!...», com itálico. Estávamos conversados.



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28 julho 2021

Crime, talvez...

_ Caiu-me em cima!...

_ Literal ou figurado...?

_ Literal.

_ Magoaste-te?

_ Um pouco, sim. Estás a ver a marca...?

_ Não, desculpa. Tens a certeza...?

_ Claro! Parecia-me de autor... 

_ Mas... ainda não percebi!... O que é que te caiu em cima, em concreto...?

_ Uma história.

_ Uma história!?... Bom... E como é que caiu...?

_ Foi empurrada!

_ Empurrada?!... Não terá escorregado...?

_ Não acredito!...

_ Porquê?

_ A história tinha medo de alturas... Não se aventurava sozinha!...

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25 julho 2021

Bazuca (não é (d)essa)

_ E se fôssemos beber uma cerveja?...

_ Boa! Bora lá! Onde é que vamos?

_ Ali a um sítio que conheço, que tem umas bazucas do caraças!...

_ Mas... Não era para bebermos umas b'jecas...?!

_ Claro!... Já não queres...?

_ Quero, claro!... Mas como disseste que íamos beber umas bazucas... Isso não tem a ver com os bancos...?

_ Com os bancos...!? Estás burro?!... Que ideia, pá!... Anda, vamos embora, que já estou com sede... Nos bancos...? As bazucas...!? Saíste-me cá um copinho de leite!... Anda, bebes duas ou três...



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24 julho 2021

Noite de copos

Não se lembrava de qual era a entrada... Bem que desconfiara que a ida para os copos não iria acabar bem... Por mais voltas que desse, não se lembrava qual era o raio da porta!... E logo agora, que estavam à sua espera em casa... Só havia uma solução: telefonar à mestra e pedir ajuda... Que vida de chave...

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Despojamento

 _ Que tipos de despojamento é que têm?

_ Com roupa e sem roupa.

_ E qual é o mais em conta...?

_ O sem roupa.

_ Mas isso não é perigoso...?

_ Não diria perigoso.. Mais autêntico, talvez.

_ E se sou preso!?...

_ Pois... isso é um problema, sim. Olhe: diga que é um rei!

_ E isso safa-me...?

_ Então não...!? Não conhece a história...!?

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23 julho 2021

Música(s)

Tratava-se de uma disputa. Lá em cima, o tiro-liro-liro. Cá em baixo, o tiro-liro-ló. Não querendo sentar-se à esquina, optaram por se mirar à distância... Afastados o suficiente, por via das dúvidas. Mas a concertina não gostou... Assobiando, chamou outras tropas. Que vieram, respondendo assim que puderam. Havia de tudo, mas sobretudo rabecas, sanfonas e bandolins, ajudando à construção de uma ponte de som, afinada por pauta certa e convite a dar à perna. Moral da história: a música é que está a dar.

 


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21 julho 2021

Rocket

A leitura projecta-nos para outra dimensão, dizem-nos. Tanto, que às vezes se sai disparado como um míssil... Ou se fica a pairar em situação de gravidade zero... Alguns nunca mais aterram ou querem outra vida!... Fxxxxiuuuuu!... Olha: este transformou-se já num cometa!...




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19 julho 2021

Como faço, para me tornar um caminheiro?

Ponha-se a andar, mas escolha bem o calçado.

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18 julho 2021

Rábula

_ Não quer vender-me a sua produção de rábulas?

_ Deve estar enganado! Na minha obra não há nada com as características que diz!... Não será 'rabanadas'...? É que se for, tenho uma receita ou duas (de família, note-se), mas nada que lhe sirva para vencer na vida, apesar de uma delas ter, há muitos anos, ganhado um concurso de gastronomia tradicional, mais concretamente de doçaria, mas já foi há muito tempo e alguns ingredientes se calhar até já nem os há... É coleccionador...?

_ Sim, mas de rábulas. Não de rabanadas, que até nem aprecio muito... Prefiro arroz doce. Não quer pensar melhor...?

_ Você é teimoso!... Não lhe disse já, que não tenho nada disso...?

_ Tem, fique descansado. Olhe ali para a de ontem, não me recordo do título: aquilo é uma rábula!

_ Ai é!?... Sendo assim, tenho muitas!... E quer comprar-mas todas, é isso?

_ Sim, se aceitar. Olhe que pago bem...

_ Está a gozar comigo, não está...?

_ Não, que ideia!?...

_ É que... eu estou...

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Altifalante

O espectáculo era, no mínimo, insólito: uma carroça puxada por um burro, com um altifalante acoplado, transportando um baú com dimensões razoáveis, e fazendo ouvir a voz de um barítono, notava-se pelo trinado, publicitando a venda de invejas e ciumeiras, a preço de saldo, e sem IVA, com desconto até 85%, só naquele momento, pois o mercado era muito volátil e a circulação era à velocidade da luz... Como anúncio era irresistível e com marcas de profissionalismo, óbvio. Para além disso, o stock de invejas e ciumeiras lá de casa estava assim para o fracote e a perder o brilho, o melhor era aproveitar. Até porque daí a pouco, estava certo, o mercado dava a volta e ficaria com material sem saída, pelo menos por enquanto, eventualmente salvando-se nas reprises, mas não era certo... O problema era conseguir chegar à fala com o vendedor, o tal com voz de barítono no anúncio, e ver se ainda conseguia arranjar uma ciumeira ou invejazita a bom preço e com uso certo, até já estava a ver em quem... Olhei para o número da senha que me calhou: 5978000. Hoje, era capaz de ser difícil...


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17 julho 2021

À procura da paisagem interior - amostra 9

Adepto do exercício físico, Senupe agitou três vezes a cauda, pausada e demoradamente, largando um «béu» de satisfação quando se viu ao espelho, orgulhoso do cumprimento semanal do programa de treino, elaborado pela Marmela, que só aceitava a corte caso o seu cão, mais das filosofias e da literatura cortesã do que dos físicos, se comprometesse com este objectivo. Que poderia fazer o nosso Senupe...? Claro que já adivinharam a resposta, e as abanadelas da cauda eram o comprovativo, três vezes repetido, largamente afastado do que constava na carta de treino, é certo, onde as imperturbáveis e espartanas 1500 abanadelas de cauda diárias se definiam como objectivo mínimo, mas a Marmela não tinha que saber e a solidariedade masculina se comprometia a não revelar o logro, em nome do amor e da paixão - força Senupe!

Pensava eu nestes meandros do mundo canino, sempre impenetráveis e obscuros, como sabem, quando a PI telefona a perguntar se não quero passar lá por casa, pois tinha algo que gostaria de partilhar comigo, coisa simples, mas epifânica!, dizia entusiasmada, uma nova perspectiva sobre o ser e o estar no mundo, mas tudo muito singelo, muito suave, em tons matizados e bons para a respiração e a alma, sem esquecer as articulações e a flexibilidade. E que trouxesse o Senupe, acrescentava, pois a Marmela estava com muita curiosidade de ver a evolução do corpo do amado, na sequência do programa de treino, que a ver pelas fotografias mostravam um garboso pastor alemão, cheio de músculo e pêlo na venta, que transformação, uau!, a cadela não se calava, dizia-me a PI, meia a rir, meia a chorar, pois já não dormia há meia dúzia de noites, que eu me apressasse e fosse ouvir o que ela tinha para partilhar comigo, Ala! Andor! Bute! Zune!, reforçava. 

Transmitindo o recado ao Senupe, este imediatamente se fez de morto e apontou a pata esquerda para os cinco volumes de fotografias que constavam em cima da sua mesa de trabalho, a arma do crime, está visto, tal a quantidade de fotos de pastores alemães de toda a qualidade e feitio, socorrendo-se do seu código morse canino para help, «socorro!», para os não entendidos em Inglês, três béus longos e um curto, como quem diz, safa-me desta, dono, que eu depois levo-te a passear... E lá tive que ir sozinho...

Cheguei a casa da PI num pé, depois de ter iniciado o percurso, deixando o outro para o regresso (ahahah), é curioso como é que nos lembramos destas coisas dos ditos e dos aparentados, umas vezes para nos divertirmos ou fazermos uma chalaça, como neste episódio, como devem ter percebido os simples, pois os complexos não costumam interessar-se por estas coisas, ou uma reflexão sobre o sentido da vida ou o aumento do preço dos bens alimentares, por outro, mas é melhor deixarmos isso para outros carnavais, como vêem, isto é uma tendência, não liguem...

Bati à porta da PI e ela nem me deixou dizer nada, depois dos três beijos à francesa, pensavam que me esquecia, não...!?, e me revelou que se descobrira epigramática, sentindo-se deliciada com isso, e o que é que eu tinha a dizer...?

Depois de refeito, decidi aceitar o seu repto e brindeia-a com uma pérola, concebida e produzida durante a caminhada, mais concretamente à saída da tasca do careca, que saiu assim: «Sai fora do frasco, mas primeiro tira a tampa!». E regressei a casa no outro pé.



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Enigmaticidades

 _ Queria um enigmático, pode ser?

_ Pode. Com cheirinho...?

_ É melhor sem. Estão bons?

_ Foi feito há bocadinho!

_ Os rissóis...? 

_ Não, o enigmático. Os rissóis são só para amostra... Quer o enigmático com uma azeitona?

_ Depende do começo. Como é?...

_ Um clássico é um clássico...

_ E qual é o fim...?

_ Experimental. Se correr bem, crio um cluster.

_ Boa sorte, então. Mas o que queria saber era como acaba o enigmático...

_ ... E uma valsa também. 

_ É para dançarmos, é isso...?

_ Não, que ideia!... Não queria um enigmático?

_ Sim. Onde é que está?

_ Ei-lo: um clássico é um clássico e uma valsa também. Sempre quer com azeitona?

_ É melhor não. Não tem uns pastelinhos de bacalhau...?

 


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13 julho 2021

Às três pancadas V

E pronto, acabou o Euro! Glória ao vencedor, a Itália, que mereceu, e honra ao vencido, a Inglaterra, que chegou a surpreender. Vejamos se a promessa de golos e espectáculo, que se viram nalguns jogos e com algumas equipas, se é tendência para se confirmar. Quanto a nós, penso que o amargo de boca ainda vai durar mais um bocadito... Saúde!

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11 julho 2021

Afinadela

_ Por vezes, não tenho propriamente uma dúvida nem preciso de orientação. É suposto...?

_ Estranho, pelo menos, e fora dos propósitos desta secção... Quer passar a outra?

_ Não sei... Curioso! Parece que, agora, afinal tenho uma dúvida e preciso de orientação!... O que é que fizeram?

_ Afinámos o chip.

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Família(s)

Era uma família de novos trogloditas: pai, mãe e filho. Safava-se o cão, rafeiro de três gerações.

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10 julho 2021

Que é do óleo...?

Embalado, sentindo o vento na cara, descobriu-se sem travões...

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Apreciação

Sem talento, mas esforçado, não se convencia de que nunca poderia ser um escritor de arregalar o olho. Quando muito, provocaria um ligeiro entreabrir de uma pestana. Ou um esticar de um sobrolho, mais não fosse que para combater uma ruga. 

 


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Fasquiar

_ E que tal um três em um...?

_ Estamos a falar de detergentes ou de champôs, certo?

_ Não propriamente... mas pode ser. Diga lá!

_ Assim de momento... Podemos baixar a fasquia...?

_ Sim, sem problemas. P'rá aí meio metro, serve?

_ Quanto é que fica?

_ Metro e meio. Chega?

_ Mais um bocadinho...

_ Não gosto de bola, lamento. Desculpe.


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09 julho 2021

Queixa

O vento fustigou o corpo de forma implacável e impiedosa, fazendo-o levantar voo e aterrar numa esquadra. Exausto, desfigurado, envergonhado, decidiu apresentar queixa. Não aceite, por interferência da ventoinha.

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06 julho 2021

Arrumário e Improvisório

«Arrumário» e «Improvisório», duas pérolas de neologismos, ouvidos da boca do escritor Mia Couto, que os ouviu de outros, num documentário a si dedicado, passado na tv, com o título Sou autor do meu nome. As semelhanças com as da norma, qual venha a ser ela, são por demais evidentes, mas com a vantagem do sincretismo e da graça, bons exemplos de que se pode ir mais longe e descobrir sempre algo mais.

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05 julho 2021

O espião inglês

Imagine-se na sua vida costumeira, a fazer e a repetir o que já faz e executa, melhor ou pior, habitualmente para ganhar a vida de forma honesta, se possível, até pelas implicações dos seus actos para terceiros, ainda que próximos. Um dia, porém, por um conjunto inesperado de factores, alguém lhe propõe que mude ou transforme a sua rotina mais ou menos conhecida para um palco mais apelativo, real ou supostamente, mas razoavelmente tentador, mais não seja por tocar naqueles pontos da alma em que se julgava que o acesso parecia vedado ou desconhecido, mas que se descobre dependendo sempre de quem se escolhe para a peculiar tarefa de manipular as emoções ou as aspirações, bê-á-bá de uma raça especializada, que dá pelo nome de espiã, quantas e quantas histórias se contaram, inventaram, esconderam sobre a intervenção e papel desta malta e de quem conseguem levar na conversa... Baseado em factos reais, um filme que retrata uma época  e um momento peculiar da história contemporânea, daqueles em que muito ou pouco se sabe ou sobre os quais se gostaria de saber sempre mais, tal o tamanho e as voltas do cordel que se desenlaça...

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04 julho 2021

O dueto da corda

É uma torrente delirante e divertida de cenas, para além da música e dos intérpretes que a cantam e tocam, num puro registo nonsense, feito em 1980 e visto agora com a ajuda da televisão. «É ver a luz», como diz um dos protagonistas, e rebolar-se a rir, tal a sequência e a história. Uma boa e genuína comédia musical.


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Sommelier

_ Era a carta dos textos!

_ É p'ra jantar...?

_ Claro! Julgava que era para quê...?

_ Podia ser para um aperitivo, mas já vi que não... Temos pataniscas, polvo, sardinhas e bitoques, prontos a sair. É o que há.

_ Estou indeciso entre as pataniscas e o polvo... Pode ser com salada e batata...?

_ E quanto aos textos...?

_ Hum... Estão frescos?

_ Sim. Mas também pode pedir à temperatura ambiente.

_ Não me caiem mal...? Olhe que sou muito sensível ao tempero e à temperatura!... Podemos misturar...?

_ Depende da interpretação: há quem goste e quem não goste. Porque é que não prova um de cada...?

_ Se calhar... Olhe, traga lá!

_ Com vírgulas ou sem...?

 


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03 julho 2021

Percussão

Não sendo muitas, mesmo assim havia técnicas diferentes para a percussão com as mãos. As mais comuns eram com a palma da mão, com todos os dedos ou com os dois indicadores a fazer de baquetas, sendo mais incomum a utilização dos mindinhos, característica habitual nas obras clássicas de assobio ou como manifestação de virtuosismo, se bem que pouco recomendáveis pelo sindicato da classe, por facilmente poder ser entendida como apologia da utilização de trabalho infantil.

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Ton(alidade)

_ Já chuviscou, mas agora o sol apareceu. Para dar uma corzinha...

_ Estamos ainda na onda simbólica, suponho...?

_ Não sei... Mas ia mais para uma de tom... Não te parece?

_ Se calhar... Mas, com o meu ouvido, nunca se sabe...

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Efabulando

O alarme soara e a brigada rapidamente se mobilizou. Profissionais, todos sabiam o que fazer e não eram admitidas falhas, justificáveis que fossem. Sucumbir à tentação, só tinha um desfecho: mudar-se para o clube das cigarras.


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O mercado das coisas edificantes está caro. Porque será?...

Por estar pela hora da morte, talvez...

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Sobreposição

O pistoleiro olhou para a agenda e constatou o óbvio: alguém, com responsabilidades (a secretária), sobrepusera os horários dos duelos para esse dia, marcando dois para a mesma hora e sem possibilidade de remarcação, pois os preparativos tinham sido desencadeados há muito tempo, como a delimitação do terreno e a convocação do cangalheiro, sem contar com a despesa, já avançada, na contratação da claque. Para complicar o cenário, tinha dentista a seguir, para uma destartarização, e aqui é que não podia mesmo faltar, avisara o dentista, que ia entrar de férias!... Pouco havendo a fazer, dado o timing, pegou no telefone e falou com o avô, já reformado mas ainda a ver bem, e perguntou-lhe se tinha alguma coisa marcada para a hora X. O avô, emocionado e contente por falar com o neto, a quem já não via há algum tempo, disse que sim, que não tinha nada marcado para a hora X, pois a partida de dominó tinha sido adiada para as seis da tarde, que estava mais fresco e a pinga estava geladinha (era vinho verde), que sim, podia ser. O neto agradeceu e recomendou ao avô que, no duelo, não se deixasse impressionar com a pinta do opositor, disparando sempre em frente, até esvaziar o carregador. E que, se não se importasse, não se esquecesse de levar consigo o testamento, não fosse o diabo tecê-las...

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Repetição

_ Receio que me esteja a repetir... Sinto uma espécie de pontada...

_ Onde?

_ Aqui, na zona das costelas.

_ Não, não é isso. Sente que se está a repetir onde?...

_ Já disse: na zona das costelas. 

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01 julho 2021

Herói(s) de fita(s)

Era um contra sete. Com um olhar assassino, despachou logo três. Usando golpes mortais marcharam dois e meio, perdendo-se o rasto à outra metade… Faltando um, quebrou-se a fita e foi um pandemónio…

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