25 dezembro 2021

Dispar(ate)

Naquela manhã, que se previa mais do que previsível, a volta a pé revelou uma surpresa. Ainda incrédulo, o passeante abordou-a:

_ O amigo desculpe, mas faz-me lembrar alguém, só não sei quem. Não quer ajudar-me...?

_ Ho-Ho-Ho também para si, obrigado.

_ Não leve a mal, mas não era propriamente nisso que estava a pensar, no Ho-Ho-Ho, que decerto saberá é o cumprimento do Pai Natal. Olhando para o senhor, desculpe, a indumentária não condiz...

_ Será por causa do meu chapéu...!?

_ Talvez... sim. Mas continua a não conferir com quem estou a pensar...

_ E quem é, pode saber-se...?

_ Com o Bronco Billy, famoso cowboy!... Sim, é isso: Bronco Billy! Acertei...?

_ Não, pá, não acertaste... Talvez por falta de pontaria - respondeu-lhe ele, piscando o olho - Sou mesmo o Pai Natal... mas hoje estou de folga. Um Ho-Ho-Ho e até sempre - bang, bang, bang!...

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21 dezembro 2021

Escrevinhar

Começou o texto como os começa (quase) sempre: sem nada! Sem som, memória, imagem, sensação, nada. Por isso, é destes de que mais gosta. Parece contraditório, mas é a realidade. Quem não acreditar... tem bom remédio...

Se fosse diferente, isto é, se tivesse começado com algo, o que quer fosse, será que gostaria menos...? Talvez não, e isso é outra contradição. Então, no que ficamos...?

Talvez por aqui, neste momento e neste exercício. 


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11 dezembro 2021

Aforismo longo (mas simples)

_ E que tal um aforismo...?

_ ?...

_ Vá lá, só um...

_ !...

_ Então, nada...!?

_ Cuida-te quando tomas o ban...

_ ...co só para ti! Acertei...?

_ Talvez não...

_ !?...

_ Cuida-te quando tomas o banho. 

_ Só isso...!?

_ Não chega...?

_ Aghhh... não. Falta-lhe algo... Talvez uma concluzãozita, não...?

_ Compreendo... Veja lá esta, então: Cuida-te quando tomas o banho, mas não gastes muita água...


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09 dezembro 2021

Lucky

O nome do filme serve também para ilustrar o impacto no espectador, pois é como felizardo ou afortunado que me sinto, mais a mais pela forma como chego ao seu visionamento, partindo daquela posição do descomprometido ou do desconhecedor do que se está na iminência de se ver e fruir, beneficiando do toque relaxado de um zapping tv fora, e ficando no final a matutar sobre o que se viu... Tendo como protagonista um actor que se foi tornando, pouco a pouco, um intérprete de culto, Harry Dean Stanton, uma tocante história sobre um independente até ao fim dos seus dias, às vezes caturra, outras desconcertante, mas sempre com um toque e um jeito inconfundíveis, até nas manifestações de sensibilidade, como que a querer homenagear alguém, ele próprio, que viria a morrer antes da estreia do filme. Que homenagem, hem...!?

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07 dezembro 2021

Ajuste

O comprador chegou-se à porta e disse que lhe dava dez réis de mel coado pela mercadoria. O vendedor não disse nada, muito menos comentou. Olhando para as mãos, primeiro para a direita, depois para a esquerda, deu um suspiro. Mas não como o do comprador, depois de receber a bala...

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04 dezembro 2021

Vida real

Pelo menos uma vez, pensou, era melhor imaginar uma história verídica. Daquelas em que a veracidade é inquestionável ou, se o for, é inatacável na sua solidez e verosimilhança. Como começo não estava mal, congratulou-se, e mais se convenceu sobre o empreendimento. Por isso, quando abordou o amigo e o convidou a emprestar-lhe o camelo, para uma cena que tinha idealizado, não estava preparado para o que se seguiria: uma recusa, plena e exuberante, com um sonoro não!

Cabisbaixo, derrotado, incompreendido, questionou-se sobre o «não», palavra cruel, dolorosa e contundente, e disse que não fazia mal, que da próxima vez pagaria a água...

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Modo críptico

_ Qual é a senha?

_ Xcdtrwzrt.

_ E o santo?

_ Não sou de religiões.

_ ?!*

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Livro

 Cães maus não dançam, de Arturo Pérez-Reverte.

Ão, Ão, Ão.

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