31 dezembro 2010

Votos para 2011 - primeiro

Que o Markl passe no exame de condução!

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Perspectivas sobre a crise

Um passeio pela cidade proporciona-me duas perspectivas sobre a «crise»: uma, plena de vida e de humor; outra, insolente e inchada pela vacuidade.
Sobre a primeira, fala o cartaz que transcrevo: «Divirta-se. Esqueça a crise e venha dançar no Operário».
Pela segunda, inscrita numa parede, assegura o slogan: «Nenhum trabalho é melhor que trabalho nenhum».
«Mãe Santíssima!» - comentário da minha vizinha...

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27 dezembro 2010

O «mágico» Tati

O Mágico é uma bela homenagem a Tati, autor do argumento, porque a arte e o estilo de Tati aí se vêem espelhadas. Até a opção pelo desenho animado isso reforça, contribuindo para evidenciar a sensibilidade de Tati e a expressão do seu olhar peculiar sobre o que o rodeia e experiencia. Não sendo por ele realizado, é como se fosse. Afinal, os «mágicos existem»...

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Troca de livros

Depois de comprar os livros, estranhei a oferta do talão, sem preço, para uma eventual troca. Como desconhecia a prática naquela cadeia de livrarias, pensei para comigo que era uma óptima e sensata ideia. Parecia-me a descoberta do «ovo de Colombo» e a integração da mercadoria 'livro' no universo comum das trocas e das regras comerciais actuais. Como também beneficiei do sistema, a curiosidade ultrapassou a vergonha e impeliu-me a perguntar se não seria eu que estava a fazer confusão. Não estava e, pelos vistos, era já prática noutras casas. Em linguagem de mercado, mais não era do que o mecanismo da concorrência a fazer a sua aparição e a acompanhar a prática de oficiantes do mesmo ofício. Para o utilizador parece-me útil, embora potencialmente indutora de maiores gastos, uma vez que, estou convencido, no processo de troca dificilmente ficaremos pelo mesmo valor e, mesmo que com algum esforço, haverá a tendência para o ultrapassar. Mesmo sem fundamentação quantificada, tenho a impressão que é isso que acaba por acontecer. Seja como for, palmas para a ideia.

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26 dezembro 2010

Reencontro

Foi um impulso. Juntar os que se tem e lamentar os que se não tem, e poderia ter tido. Ler ou reler tornou-se um imperativo. O I já está e o II vai a meio. Torga e o Diário, claro. É um reencontro dos bons.
Às vezes, é como se ficássemos esmagados pela contundência e pela crueza. Noutras, a capacidade de nos maravilharmos com a sabedoria e o fascínio é balsâmica. Até o humor - quem diria?...- anda por lá. Com a sua roupagem de «edição de autor», áspera e sem artifícios, e fiel a um género, o confessional, que poderá ser desconsiderado por muitos, é largo e profícuo, contudo, o seu desígnio. Gosto particularmente dos nacos de prosa, cheios e plenos, apesar da sua concisão. A sua leitura não cansa e agradece-se.

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Bem-vindo à Gulbenkian

Foi uma dupla e agradável surpresa. Parecia que estavam à minha espera. Sem receios e numa área completamente inesperada, ali estavam eles a dar-me as boas-vindas. Pareciam-me um casal e aproximaram-se de mim com curiosidade. No Jardim da Gulbenkian, numa das entradas laterais, a fazer a recepção dos visitantes. De seu nome: patos!

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24 dezembro 2010

(Não) habemus candidatum!

É uma má notícia, esta de Manuel João Vieira, líder dos Ena Pá 2000, dos Irmãos Catita e dos Corações de Atum, não ter conseguido reunir as assinaturas necessárias para se apresentar às eleições para a Presidência da República. Perde-se um grande candidato, a fazer fé no programa da candidatura, assim resumido em entrevista à Antena 1, esta semana: «poderia trazer ( à campanha) mais absurdo, mais estupidez, mais infantilidade ainda. Mais desprezo pelas pessoas e mais palhaçada do que estas eleições já têm. Mas acho sobretudo que iria dar voz àqueles que não têm voz. Aqueles que não se querem levantar da cama para ir votar. Aqueles que assinam em branco. Aqueles que desenham membros sexuais nos boletins de voto. Todos teriam finalmente voz.» Como se vê pela síntese, era um candidato que se agradeceria e que contribuiria - decisivamente, digo eu - para a mobilização da rapaziada. Não havendo «o Candidato Vieira», aquele que «só desiste quando for eleito», ficamos um bocadinho pior e é um mau prenúncio. Vitória para 'Crise' e derrota para 'Animação'.

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23 dezembro 2010

Mensagens

Mensagens e mensagens de boas-festas, várias e variadas: com ou sem Pai Natal, pinheiros, neve, música, humor, luzes, animais e o que mais se possa imaginar. Estáticas ou interactivas, profundas ou mais superficiais, todas comungam de um mesmo desejo: aproximar e envolver. Mais sentidas nuns casos, mais ritual de moda, noutros. Acreditemos que as primeiras sejam em maior número, até para não contrariar o espírito da época. Bom Natal.

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20 dezembro 2010

Dos Homens e dos Deuses

Dois quotidianos convivem e interpenetram-se há anos: o de um mosteiro, o mosteiro de Tibhirine, habitado por monges católicos, na região argelina da cordilheira do Atlas, e a aldeia de muçulmanos que palpita e medra em consonância com e pela presença do mosteiro. É um quotidiano que se rege pela simplicidade, respeito e harmonia, pautado pelo ritmo e o apelo do místico, combinados com o pulsar e a vivência do terreno, com as suas cambiantes de optimismo ou desilusão, amor ou ódio, esperança ou desespero. Até um dia, nos primeiros anos da década de 90 do século passado, em que uma espiral de violência, sectarismo e morte vivida na Argélia introduz a sua faceta caótica num cenário e num quotidianos organizados em torno das noções de partilha e de tolerância, simultaneamente materiais, nos actos, e espirituais, nos propósitos.
Foi com curiosidade, no mínimo, mas também com alguma apreensão, que fui ver o filme «Dos Homens e dos Deuses», realizado por Xavier Beauvois, um filme caracterizado como «uma história de fé, religião, irmandade e espírito de missão» por André Rito, na entrevista com o realizador publicada no ionline em 13 de Outubro deste ano, ou, na transcrição das palavras do realizador nessa entrevista, «entender este filme como uma reflexão sobre resistência. Não como definição, mas como o acto de resistir enquanto forma de sobreviver, de resistir ao medo, de continuar a lutar».
«Dos Homens e dos Deuses» é um filme que procura remar contra a maré das «verdades» e das «evidências» actualmente dominantes, inclusive sobre a forma e maneira de ver e fazer cinema. Talvez por isso - quem sabe?... - o êxito e o reconhecimento que vai granjeando.

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16 dezembro 2010

Tudólogo vs. Editocrata

Um interessante texto de Eduardo Cintra Torres, publicado na edição de 3 de Dezembro do Público, deu-me a oportunidade de ficar a conhecer dois conceitos: o de «tudólogo» (especialista em tudo) e o de «editocrata», isto é, «aquele que detém o poder de editorializar a realidade, de a pôr na agenda mediática». Numa busca que fiz pela web, eram já algumas as referências ao texto e aos conceitos, sobretudo ao «tudólogo», e menos ao «editocrata», mais popular lá para as bandas francesas. A descoberta destes conceitos, embora atrasada face ao ritmo e à disseminação na Internet, é um exemplo que ilustra a velha máxima do «vivendo e aprendendo». Têm a palavra os «tudólogos». Mais tarde, pelos vistos, será a vez dos «editocratas»...

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14 dezembro 2010

Imagem

Ontem e hoje a imagem repetiu-se, se bem que ontem a surpresa e o efeito tenham sido maiores. Refiro-me a uma bela e fantasmagórica imagem da ponte sobre o Tejo, escondida parcialmente pelo nevoeiro. Parecia uma cena irreal, a da visualização entrecortada da estrutura da ponte: um pedaço do tabuleiro, um assomar de um pilar e os «cortes», quer na horizontal quer na vertical, submersos num mar espesso de nevoeiro. Fascinante e encantatório.

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12 dezembro 2010

Relembrar Torga

Entrei em quatro ou cinco livrarias à procura de determinados livros de Miguel Torga. Não encontrei grande espólio e isso irritou-me. Nalguns casos, até me parecia que a exposição dos livros era feita de forma envergonhada. Embora por razões diferentes das que que motivaram um célebre comentário de um antigo primeiro-ministro, Pinheiro de Azevedo, retomo esse seu comentário e faço-o meu a propósito desta menor atenção para com o Torga: «Chateia-me, pá!». Tinha que fazer qualquer coisa e lembrei-me de colocar aqui o link para o site que lhe está dedicado no Portal da Biblioteca Nacional:
http://purl.pt/13860/1/index.html
Fiquei mais sossegado.

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10 dezembro 2010

Taxonomia

A taxonomia é uma disciplina científica e como tal deve ser tratada. Mesmo que às vezes seja difícil aplicá-la, como se verá.
A cena passa-se numa rua de Lisboa, no horário matinal de um dia de trabalho. Protagonistas: dois cidadãos apeados, um com dificuldades de locomoção, e um automobilista no seu popó. O «palco», chamemos-lhe assim, é uma passadeira para peões, aquelas zonas de prioridade dos pedestres segundo os cânones, científicos ou não.
O cidadão com dificuldades de locomoção inicia a sua travessia, auxiliado por uma daquelas espécies de bengala metálicas, com base de tripé, um pouco aflito pela contradição entre o seu ritmo e o da carrada - receoso, diria eu.
Como o dono do popó avançou sem ter em conta as dificuldades próprias do cidadão com dificuldades motoras, julgo que por estar preocupado com a prioridade que vinha do passeio, tal a forma como virou a cara para esse lado, numa manifestação inequívoca de domínio da máquina, o outro cidadão, também ele avançando pela passadeira, felizmente sem dificuldades locomotórias ou de língua, lançou um vibrante e sonoro «Urso!», a que o outro cidadão, com dificuldades motoras, é certo, mas desembaraçado de língua, deu continuidade com um não menos sonoro «Boi!». O dono do popó, como não ouviu - talvez devido a outras preocupações, direi eu - continuou em velocidade de cruzeiro, assobiando para o lado. Ah, «cavalgadura»!...
E aqui começa a função da taxonomia: «urso», «boi» ou «cavalgadura»?...

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08 dezembro 2010

Comida de entulho

Carinhosamente, costumo chamar-lhe «comidas de entulho»: feijoadas, cozidos, ranchos ou afins. Em dias em que sabe bem estar em casa, então, nada melhor do que uma «comida de entulho» para aquecer o estômago, saciar o apetite e animar a alma. Se é certo que uma refeição farta e apetitosa convida ao encontro e ao convívio, fazê-lo com uma «comida de entulho» é aprimorar esses pergaminhos. «Entulhemos», pois!

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07 dezembro 2010

Cuecas, mas reais

Li, no Jornal Digital de 6 de Dezembro, que umas alegadas cuecas da rainha Isabel II iriam ser leiloadas. Pelos vistos a história da família real britânica tem continuidade no que aos leilões de cuecas diz respeito, cujo primeiro acto terá ocorrido em 2008, com a licitação de umas da Rainha Vitória (à volta de 9000 dólares, mais de 6700 euro, leio na notícia de agora), e que já na altura motivou o meu comentário acerca do «real cuecário». Prevê-se licitação renhida. Que diabo, apesar de alegado sempre é o rabo de uma rainha...

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Epifania

Imaginemos que conseguíamos converter uma percentagem ínfima da maledicência e da manhosice nacionais em recursos monetários e iríamos descobrir que teríamos os problemas orçamentais resolvidos, com tendência para o superavit em vez de para o défice! Dizem-me que não será original e eu acredito. Para mim, no entanto, tem o valor de uma «epifania» e considero-a como tal, representando um juízo claro sobre um estado de coisas profundamente enraizado no país.

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05 dezembro 2010

Histórias Falsas

Fico a dever à crise esta descoberta: Histórias Falsas, de Gonçalo M. Tavares. Um espanto!

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Mudanças

Ontem, frio intenso. Hoje, momentos de calor. Ontem, frio sem chuva ou vento. Hoje, calor com vento e chuva. Mais para a tarde, já algum frio a juntar ao vento e à chuva. Como jogo de opostos, os exemplos são ilustrativos; para o corpo, contudo, tanta variedade, em tão pouco tempo, costuma ser mau remédio.

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04 dezembro 2010

Gestão de afectos

Provavelmente como a maioria, assumo as minhas raízes e idiossincrasias geográfico-culturais com o orgulho suficiente para as considerar como um elemento importante da minha definição e afirmação pessoais, mas também com o distanciamento crítico necessário para entender que elas não representam ou explicam tudo o que sou e o que desejo ser.
Hoje mesmo pude constatar isso no lançamento de um livro de um conterrâneo, cujo mérito e dedicação vejo cada vez mais reconhecidos, rodeado de pessoas com as quais não manterei grandes laços de afecto ou cumplicidade, apesar das notáveis excepções (que as havia). Mas não deixou de ser gratificante, apesar de tudo, essa partilha hoje verificada, mesmo com pessoas com quem as afinidades não poderão ser muitas. E a razão talvez fosse uma, que prevalecia sobre todas as outras: a raiz geográfica e uma ligação emocional comuns.

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03 dezembro 2010

Espolinhado

É como se sentisse o levantar do pó e figurasse o rebolar no chão: «espolinhado»! Mais um tributo e uma recordação do léxico de antanho, que me bateu à porta da memória num momento em que procurava a palavra certa para descrever determinada situação, mais cómica do que preocupante, porque ficcionada: a contestação de pessoa amiga aquando de uma recente cimeira.

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01 dezembro 2010

Cena de filme

Foi um sorriso breve, mas satisfeito. Lembrava-se delas, da imagem e da protagonista: a saia esvoaçante de Marilyn Monroe, no Pecado Mora ao Lado. Abanou a cabeça devagar, como que a querer afastar a recordação, mas ela persistia. Voltou a sorrir e pensou - «Porque não?....».
Aproximou-se da boca do metro e fechou os olhos, animada e expectante...
A peruca voou...

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