31 março 2022

Remédio

Puxou as repas a pensar que assim ocultava a calvície... Debalde. Não sabendo porquê, desanimou. Aconselharam-lhe uma insuflação, a ver no que dava... Não deu grande coisa, excepto um ataque de tosse.

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30 março 2022

O sonho comanda a bola...?

Concluiu-se ontem a fase de apuramento de Portugal para o Mundial do Qatar, obtido em play-off, descartada a hipótese de apuramento directo. Para além do aumento da expectativa e de alguma ansiedade quando se conheceram os adversários da disputa a quatro, sobretudo a Itália, as coisas lá se foram mais ou menos compondo (um clássico, está visto), até ao dia do jogo de ontem com a Macedónia do Norte, que despachara a Itália... Fica o resultado e o cumprimento do objectivo da qualificação, ficando para a altura do Natal saber se «o sonho» do seleccionador se concretiza...

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29 março 2022

Vejamos...

_ Temos que ver...

_ Não há certezas...?

_ É prematuro... Ainda!

_ Estamos na defensiva, então...?

_ Sim... Qualquer coisa como um 5-4-1...

_ Nada de ataque, por conseguinte...?

_ A ver vamos...

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27 março 2022

Critério

_ Qual é o critério?

_ Nenhum.

_ E acha bem, numa pessoa da sua condição...?

_ Não acho mal. De certa forma, acaba por ser uma escolha... Não concorda...?

_ Visto assim... Não me arranja um desses...?

_Quer um com pedigree ou sem...?

_ Espere lá: mas isso não é um critério definido!?... Parece-me contraditório. 

_ Se calhar, tem razão... No que é que ficamos, afinal...?

_ Pode ser um «às três pancadas»...?

_ Se tiverem pedigree... É melhor, acredite!

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26 março 2022

Ement(i)a

_ Não tenho muito tempo...

_ É uma coisa rápida. Dois segundos!

_ Dos seus ou dos meus...?

_ São diferentes...?

_ Os meus vão bem com uma salada. E os seus...?

_ Com uma comidinha mais farta, na verdade...

_ Assim, tipo cozido...?

_ P'rá aí, sim...

_ Sorry: I have no time!...

_ Nem para umas entradinhas...?

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Dosar

Não desconfiou quando o aconselharam a esfregar a língua... Fora enganado, porém, ao aperceber-se de que era fatal o veneno nela acumulado...


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23 março 2022

Proclamação!

Um amigo, desde o tempo dos calções, morreu.

A frase inicial é absurda: os termos e o que significam são contraditórios, não se admitem coligados. Nem pensados! 

Onde é que já se viu os conceitos ‘amigo’, ‘do tempo dos calções’ e ‘morreu’ a fazerem sentido…!? Claro que não fazem.

Por isso, a correcção impõe-se. Façamo-la: 

_ Um amigo, desde o tempo dos calções, não morre!

                                                                                            (In memoriam CR)

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20 março 2022

De(talhe)

Achou que poderia ser um bom dia para desenvolver a sua pesquisa/investigação acerca do «detalhe», matéria que de há muito lhe andava a percorrer as sinapses (bonita imagem, não...?), apenas com dúvidas sobre se deveria fazê-lo antes ou depois do pequeno-almoço. Como estava com fome, fá-lo-ia depois... E assim fez, ingeridos que estavam os dois croissants de queijo e fiambre e uma bola de mistura, com pouca manteiga, arrematados com um copo de sumo de laranja caseira e tudo coroado com uma chávena de café de máquina, perfumado e forte. Estava pronto.

O dia estava assim para o acinzentado, com algumas pingas e outras mais pingas ainda, talvez um sinal que deveria ter em conta, razão pela qual voltara atrás para ir buscar uma capa impermeável, que deixara algures, mas que encontraria, de certeza. E lá estava ela, a capa, com o seu cartaz sinalizador, «Estou aqui!», ou não fosse ele um cartaz de pergaminhos ancestrais, comprovados por testemunhos que se perdiam «na bruma dos tempos», não esquecer as aspas, que esta expressão tinha paternidade registada, era o que constava... Agora, sim, estava pronto!

O seu olhar de águia, um pouco pitosga, é certo, mas ainda bastante confiável, rapidamente identificou uma alma com todo o perfil para ser envolvido no estudo a propósito do detalhe, pois levava um sacho e um saco, sinal inequívoco de que o seu destino era o que lhe interessava, era melhor abordá-la e questioná-la da forma mais adequada, por via das dúvidas, não suas, mas dela. 

_ Ilustre alma, bom dia. Por obséquio, poderia dar-me uns momentos do seu precioso tempo...?

A alma, que deveria ser um pouco surda, pois se limitara a responder «Hã!...», voltara-se para ele e, de certo por algum pequeno desconforto no braço que o levava, erguia o sacho e volteava-o acima da cabeça, dizia «O que é que este quer...!?», certamente não se apercebendo de que, àquela hora, não existia a plateia que pressupunha a interrogação que ela lançara, estava visto que teria que fazer uma abordagem mais terra-a-terra, não fosse perder-se a oportunidade. E isso não aconteceria...

_ Bom dia. Vai aos detalhes...?

A boa alma, disso não tinha dúvidas, olhou para ele e convidou-o, era uma pessoa educada, reconhecia, a que «se pusesse a milhas, não fosse o sacho abrir-lhe a cabeça!», completando o convite com uma rajada de termos plebeus que, a custo, lhe custaram a decifrar, mas indicadores de que era capaz de ser boa ideia esquecer esta alma para a auscultação sobre o detalhe...

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Pig - Porco

«Pig» é um filme iraniano, realizado por Mani Haghighi. E daí...? Até ao visionamento, o filme e o realizador eram-me completamente desconhecidos. Não que agora o sejam menos, mas fica pelo menos a surpresa acerca da história e do desenvolvimento, em tons de comédia e absurdo, às vezes, se calhar por referir ou retratar alguns aspectos da realidade iraniana (que sei eu...?), o que também serve para nos confrontarmos com ideias feitas ou preconcebidas, contando-nos uma história de um realizador impedido de filmar durante dois anos, e que procura sobreviver de outra forma, por mais que isso lhe custe ou incomode, igualmente indignado por não estar a ser alvo preferencial de um serial killer que assassina realizadores e lhes corta cabeça, inscrevendo a palavra «porco» na testa, logo ele, que se auto-considera o supra-sumo da realização, quem o não reconhece...!?, desabafa ele junto da sua mãe, protectora, como só ela, ai de quem se esquecer disso!...

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19 março 2022

À procura da paisagem interior - amostra 14

Olhou para o céu e detectou duas ou três nuvens, ainda a formar-se e a serem puxadas pelo vento, uma indicação de que podia estar a virar o tempo, ficando a dúvida para onde se dirigiriam...À porta do supermercado, meia dúzia de clientes aguardavam a abertura do estabelecimento, surpreendendo-se pela sugestão de um funcionário para se deslocarem da porta onde se encontravam para uma outra, situada um pouco mais longe, pois haveria «um problema técnico» com a abertura da primeira. Que tivessem paciência, era já ali... Apesar de «ser já ali», notavam-se alguns sinais de desconforto em quem se tinha preparado para o «ali» que tinham escolhido inicialmente, que maçada!, mas lá teria que ser... e iniciavam a caminhada para a outra porta, excepto no seu caso e de mais duas pessoas, que ainda tinham esboçado a caminhada em direcção à outra porta, mas que rapidamente interromperam, pois se apercebiam de que a porta com o problema técnico começara a levantar, e sob a qual aparecia a cabeça e se ouvia a voz do funcionário, outro que não o primeiro, a garantir «problema resolvido!»... Já lá dentro, cruzava-se com quem tinha entrado pela porta alternativa, aparentemente não muito satisfeitos quando constataram que a porta inicial afinal se abrira, o que motivava alguns comentários um bocadinho antipáticos, de que fixara o que se referia ao «dia das mentiras ainda vir longe...». Feitios... Assinado, PI.

Tinha sido a tempo que identificara a proveniência da mensagem, uma vez que já estava a preparar-me para a apagar, antecipando uma possível contaminação de hacker ou de um tipo específico de chalupas que, não sabendo como nem porquê, nos últimos tempos me tinham elegido como tutor literário e conselheiro de escrita, que raio de raça esta!... Deveria ter sido coisa que terei feito numa outra vida, estando agora a pagar por isso... Só pode!...

O que quereria a PI, no entanto, ao mandar-me aquela mensagem...? Antes que me atazanasse a cabeça, o melhor era contactá-la. 

_ Olá, PI. Vi a tua mensagem. Confesso que não percebi grande coisa... Estavas no supermercado e descrevias a situação, é isso...?

_ Mais ou menos... Mas não era eu!...

_ Não eras tu...!? Alguém teu conhecido, então...?

_ Não! Pas du tout!... Wrong, my dear!... Era uma personagem... Não, eram mais!... E agora, o que é que lhes faço!?...

(Personagens...!? O que é que dera a esta alma, agora...? Será que a PI estaria a escrever uma ficção...? Pior ainda, será que fazia parte do grupo dos chalupas que me tinham elegido como uma espécie de guru...!? Mãe Santíssima!, Nossa Senhora me valha!...)

_ Calma, PI. Não te precipites. Diz lá: estás a escrever e queres criar personagens, é isso...?

_ Sim, talvez... Mas o que é que eles comem...? Ou bebem...? Também namoram...? fazem amor...? E dinheiro, têm problemas de dinheiro?... ou de saúde...?

_ Sim..., julgo que podem ter, ser e fazer isso tudo... Tu é que decides! 

_ E eles não se ofendem...!?

_ Bem... Se se ofenderem, tens bom remédio: acabas com eles!...

(No outro lado da linha, comecei a ouvir um uivo da Marmela, seguido de um ladrar. Deixara de ouvir a minha interlocutora)

_ PI! Estás bem, PI!?...

_ Sim, mon cher. No problem!... É só a Marmela.... Tem saudades do Senupe... Só isso.  E quanto às personagens...tratas delas...? É que a mim não me dava muito jeito, agora...

_ São muitas...?

_ P'rá aí uma dúzia!... Mas comem pouco!... Quanto a bebida, porém...? É melhor arranjares uns garrafões!

 

 




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Trein(i)o

_ Treina muito?

_ Todos os dias!

_ Para algum recorde...?

_ Não, para ser campeão!

_ Das dúzias...?

 

 

 


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Chapa

_ Vai buscar-me um dilema.

_ Dos da gaveta de cima ou da de baixo...?

_ O que é que te parece...?

_ Tenho dúvidas...

_ De que gaveta: da do meio...?

_ Não. Na cabeça.

_ É para isto que te pago, para teres dúvidas na cabeça...?

_ Não. Mas onde é que posso ter dúvidas, senão na cabeça...!?

_ É uma boa questão: não sei! E agora...?

_ Bate-chapas e tinta Robbialac (ahahah)!...



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17 março 2022

Dúbio

Preparara-se como um campeão, mas foi desclassificado. Porquê, não se soube...


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16 março 2022

2x1, dois; 2x2, quatro. O que é que se conclui?

Que sabe a tabuada do 2. Pelo menos, o início.

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A custo

_ Não sei bem como é que hei-de dizer isto...

_ Então...? Ânimo! Vá!

_ Vá-se f...!


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Cabotagem

Mexido que era, a leitura proporcionou-lhe o lastro. 

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13 março 2022

A lume de palhas

Não deixo de surpreender-me com as potencialidades e a riqueza de palavras ou expressões da língua materna, como a que descobri hoje - «a lume de palhas» -, com o significado de 'por alto', 'pela rama'. A descoberta é útil, reconheço, pois permite que se teçam algumas conexões fáceis e previsíveis, a fuga a uma realidade perigosa e obsessiva, por um lado, e, por outro, a constatação de um comportamento comum à maioria dos que conhecemos, incluindo o escriba, ou com quem interagimos. Mais haverá, por certo, mas estas duas ilustram situações concretas. É o que me parece, visto assim: por alto.

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12 março 2022

Em branco

Para ser preenchido, deixou um espaço em branco: liso, limpo e disponível.

Nada!...

Ninguém se atreveu.


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Narrativa

_ E vai daí, não me contive e puxei a culatra atrás...: Pau! Pau! Pau!...

_ Disparou, portanto...?

_ Por quem me toma!?... Sou um cavaleiro!...

_ Dispara a cavalo, é isso...?

_ Não! Sou um cavaleiro, já disse!... As minhas armas são outras...

_ Tanque...?

_ Irra!... Espada...? Lança...? Já ouviu falar disto...!?

_ Bem... em História... na Literatura... na Televisão... no Cinema... Que me lembre, são os principais... Portanto, o «pau! pau! pau!» é a espada ou a lança, suponho...?

_ Graças a Deus!... Mas não: nesta, foi mesmo à lambada!...

_ Não teria sido mais explícito, então, usar o «pimba! pimba! pimba!»...?

_ Não se esqueça que sou um cavalheiro... A minha educação e pergaminhos não o permitiriam... E também a minha dama!

_ Foi por causa dela, da dama...?

_ Era bom, era bom!... Mas, infelizmente, não...

_ Por que foi, então...?!

_ As palavras não chegariam...

 


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06 março 2022

Pendentes

_ O que é que você faz, pode saber-se...?

_ Estou no negócio das listas pendentes... Comecei há pouco... Não sei como vai ser...

_ Excel, Word, Outro...?

_ Não. Papel, mesmo! Olhe para o meu pescoço!...

_ Estou a ver... Mas estão numeradas e dobradas, é de propósito...!?

_ É. Servem como uma espécie de rifas. Quantas quer?

_ Ainda não estou convencido... Tem utilidade...?

_ Quer mesmo saber...?

_ Se fizer favor.

_ Não, não têm... 

_ Mas!?...

_ Nos tempos que correm, acha que alguém se importa...!?


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05 março 2022

À procura da paisagem interior - amostra 13

Sinal dos tempos, procurara esconder-se de forma a não ser localizado. Julgou ter cuidado de todos os pormenores, uns mais do que outros, é certo, mas os suficientes para que, desta vez, a PI não conseguisse encontrá-lo ou, sequer, suspeitar de que seria possível fazê-lo... Não era por mal, mas apenas um natural momento de procurar obter algum descanso, físico e mental. Atravessavam-se tempos difíceis, já não era novidade para alguém, supunha, daí achar que se justificava este pequeno afastamento da sua amiga, boa alma, sem dúvida, mas com as idiossincrasias que se conheciam ou eram perceptíveis, nada de grave, apenas uma característica pessoal, mas não as tínhamos todos...? Enfim. Aparentemente, pouco que fosse o proveito, estava sossegado. E isso era uma boa notícia. Agradeciam-se e precisava-se disso.





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Rotina(s)

A rotina cumprira-se como era hábito: acordar, levantar, sair, respirar, fazer compras, regressar a casa... Lá longe, perto...? - não sabia - a rotina também se cumpria: insónia, sobressalto, esconderijo, medo, desespero, vazio...

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01 março 2022

Moinha

 _ E começou a sentir-se assim, quando...?

_ Mais ou menos há dois anos...

_ E só agora é que se queixa...!?

_ Não foi por mal... Não avaliei isto bem... Falta de preparação, sabe...?

_ Compreendo... Tem piorado...?

_ Uns dias melhor, outros pior... Tem picos...

_ Vamos lá medir a tensão... Está boa. Tem dores...?

_ Só de alma...

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