27 janeiro 2008

Número mínimo

A lei em vigor sobre os partidos políticos estipula 5.000 militantes como número mínimo para a manutenção de um partido. Pelo que li no sítio da Rádio Televisão de Portugal, na secção 'Notícias', esta imposição foi aprovada, por unanimidade, pelos partidos com assento parlamentar: PS, PSD, CDS, PCP, PEV e BE, revogando legislação, de 1974, que estipulava esse número nos 4.000 militantes A própria verificação deste requisito, que passou a fazer-se de cinco em cinco anos, realizada pelo Tribunal Constitucional, e que está na origem do actual «problema» da manutenção da existência legal dos «pequenos partidos», teve votos a favor do PS, do PSD e do CDS, com as abstenções do PCP, do PEV e do BE. Nas duas situações, número mínimo de militantes e periodicidade do seu comprovativo, os «pequenos partidos» não contaram com a «solidariedade» dos «partidos maiores», pela ausência de votos contra, continuando a fazer fé na notícia que li. Curiosamente, depois de «levantada a lebre», alguns começam a bater no peito, vergados ao peso do arrependimento...
Tenho relutância em aceitar este preceito, que me parece limitador da liberdade de associação e de criação de partidos políticos. Não sei se, no limite e por absurdo, alguma vez chegaríamos a uma situação em que, sem este tipo de constrangimentos, qualquer confraria ou participantes em mesas de sueca poderiam resolver constituir-se em partido. Admitamos que sim. Ao princípio, como talvez tenha sido também o processo a seguir ao 25 de Abril, acredito que isso se verificasse, e mesmo assim...
Esta imposição parece-me, para o que interessa, empobrecedora e potencialmente nociva para o regime político-constitucional. A credibilização deste sistema também passa pela alteração e melhoria de situações como esta.

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24 janeiro 2008

Caldo verde

Coincidência. Pura sorte. Acaso. Fastio. Possibilidade técnica. Destino. O que se quiser. Escolhamos o destino.
Em estúdio, três pessoas: dois homens e uma mulher. Ela, a mulher, é mais nova do que os outros dois, os homens. É (está) também mais produzida, mais fruto da época presente. Tem uns olhos bonitos, parece. Invulgares, também. Qual será a cor?... Esqueçamo-la. Concentremo-nos nos outros, os homens.
Um, meio careca, com uma camisola grossa, sentado e calmo. O outro, mais magro, de barba branca, aparenta uma energia irrequieta, apesar da idade e do aspecto. As vozes e os gestos, os gestos e as vozes. Mais as vozes.
Apresentemo-los: Paula Moura Pinheiro, a mulher; Alberto Pimenta e Victor Silva Tavares os homens.
Coincidência. Pura sorte. Acaso. Fastio. Possibilidade técnica. Destino. O que se quiser. Escolhamos o destino. Algo me levara ali.
Era domingo à noite. Cerca das 22h30, a hora. A caixinha mágica, dita e chamada TV, voltava a fazer das suas.
Escrevo ao som de Hollywood Nights, de Bob Seeger, com o volume alto, à batida forte da bateria, do piano e da guitarra: livre, «com o vento», ao contrário do disco de Seeger (Against the wind). Entra agora James Brown, Papa´s Got a Brand New Bag. É o tempo do soul.
Sorte a minha: a música regressa ao clima da melodia, suave, salvo por The Rippingtons. Regressemos à escrita e ao programa. Os convidados esperam-nos (coitados!) e aguardam-nos.
Entretanto, saio para uma reunião. Habitual, a reunião. À volta, a maioria dos participantes, também eles habituais.
Toca um telefone na sala, à qual regresso após a reunião. O telefone calou-se. Ouço Sinatra e Basie, Pennies from Heaven.
É terça-feira (hoje, quinta) e esqueci-me dos meus convidados (e convidada, embora ela própria anfitriã). Regresso, pois, a domingo. Passa pouco das 22h30 e ali estou eu, sentado e crédulo.
Coincidência. Pura sorte. Acaso. Fastio. Possibilidade técnica. Destino. O que se quiser. Escolhamos o destino.
Os homens, sábios, digo eu, falam, conversam, ouvem, pensam. A anfitriã, os seus olhos, sobretudo, brilham. É um tema para iniciados, cultores ou apaixonados - lá longe, como num barco que te embala, ouve-se Mysterium, de Rodrigo Leão. O álbum Pasión foi gravado ao vivo. Acaba o Mysterium, entra uma nova música, um outro som, uma outra língua. E o telefone que não se cala, maldito!... Twist im my Sobriety, canta Tanita Tikaran? Quem é?... E o Luís Pacheco, o César Monteiro quem foram e por que o foram, falam, discorrem, escutam, pensam, o Pimenta e o Victor. A Paula olha, embevecida, recostada numa cadeira que decerto escolheu, seleccionou de outras cadeiras, com os olhos, aqueles olhos que a Paula, parece que só a Paula tem.
Voa, Charlie Parker! Faz-te ouvir com o teu Charlie's Wig!
E o Pimenta fala. Ouço e escuto. A voz e o discurso do homem têm um efeito encantatório, de orago, diria. O Silva Tavares ouve, também. A sua vez chegaria, ela também. É o homem, um «homem dos sete instrumentos«, o Tavares, descubro na net, numa entrevista dada ao Público, em Julho de 2007 - onde estava eu, em Julho de 2007, que não me lembro da entrevista do Tavares?... - Riding with the King, dizem-me Eric Clapton e B.B. King e apontam para o Pimenta, que continua sentado, com o seu visível anel no mindinho - será brasonado?... - pacientemente sentado, à espera de utilizar a voz. A voz, o som, o timbre, o tema - fala, Pimenta! E o Pimenta falou (também em 1995, notável, sobre os portugueses...).
Coincidência. Pura sorte. Acaso. Fastio. Possibilidade técnica. Destino. O que se quiser. Escolhamos o destino.
O programa da Paula está quase no fim. É domingo à noite e eu escrevo hoje, terça-feira (já não, pois hoje é quinta), ouvindo Young Waters, de June Tabor.
Os olhos da anfitriã antecipam um gozo cúmplice e infantil. De súbito, irrompe pelo estúdio uma moça nova, de farda, com um tabuleiro. Nele, pousam duas malgas de louça branca.
Jáfumega canta Nó Cego, agora, terça-feira (hoje, quinta).
A moça dá as boas-noites e poisa as malgas: uma em frente do Víctor e outra em frente do Pimenta. A Paula também queria, diz ela - arrependeu-se e ficou augada. Envergonhou-se, digo eu.
Estou longe do estúdio. «É caldo verde!»dizem os convidados, o Pimenta e o Víctor.
I say a little prayer, faz-se ouvir a Aretha. Franklin, de família. Será ela, também, o orago?...
Alberto Pimenta ajeita-se, mete a mão no bolso das calças. Aparece com um embrulho, em papel branco, com um ar artesanal e cuidado - assim como a &Etc, talvez...- e mostra o seu conteúdo: dois pedaços de broa! Um para ti, Víctor, outro para mim, Alberto.
Cada um deles, pega na broa e afunda-a na sopa. «É caldo verde!», dizem eles. A Paula está embevecida. Que faria ela, se ouvisse Danza de la Molinera, tocada por Paco de Lucia? Será que ela ouve?... E os olhos, intrigantes, que vêem eles?
É um efeito televisivo engraçado, este, da broa embebida em caldo verde. O prazer dos comensais também. Há muito de verdadeiro e de genuíno, ali. De sabedoria, direi eu.
Não é fácil fazer um bom caldo verde...
Don't stop me now, trauteiam os Queen.
Coincidência. Pura sorte. Acaso. Fastio. Possibilidade técnica. Destino. O que se quiser. Escolhamos o destino.

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Palavrário (letra a)

Ao rasgar da alva, pouso o olhar numa árvore. Aguarda-me, como quem espera. Parece perscrutar-me. Uma alma, talvez... Vacilo. Largo o machado, afiado, como se me queimasse as mãos. Nesse momento, redimo-me. E isso, também é arte.

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O que é o cinema?

No Metro de hoje, uma reportagem sobre uma exposição, A vida é Super 8, no Centro Cultural de Belém, dá-me algumas definições, feitas por crianças de 8 anos, sobre «O que é o cinema?». Eis algumas.
«É parecido com o teatro, mas no cinema está mais escuro»; «Pois, porque as pessoas não estão mesmo lá ao fundo, estão no ecrã».
«O ecrã do cinema é muito grande, o da televisão é muito mais pequenino»; «Sim, e o cinema tem coisas que nunca se viram, não podemos ver lá o telejornal».
Segundo os organizadores da exposição, «... o cinema pode estar em todo o lado, até numas cuecas».

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Invocação

_ Ó Musa minha, minha Musa, onde estás?... 

 _ Onde?.......................................................................... 

 _ ?!................................................................................... 

- Agora, não te posso atender. (Ass. a Musa)

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20 janeiro 2008

GPS

É curiosa a ligação que as pessoas costumam ter com o seu carro. Para uso profissional ou particular, o carro é um símbolo das sociedades modernas. O acesso à sua aquisição e à sua propriedade democratizaram-se (se comparado com o tempo dos nossos pais, por exemplo), sendo um bem mais ou menos generalizado. A princípio, na aquisição do carro dava-se primazia à robustez e à durabilidade: o carro tinha que aguentar as estradas e os caminhos que havia, devendo estar em condições por muitos e bons anos. Mais tarde, correspondendo à melhoria do nível de vida e, sobretudo, à evolução das expectativas, o carro foi acompanhando os novos tempos: mais facilidade, mais comodidade, mais prazer. Rapidamente se saltou das cores metalizadas e das jantes desportivas para a direcção assistida, o ar condicionado, o leitor de música e o GPS, a última moda nos entusiastas dos automóveis. Pelo menos foi essa a ideia com que fiquei no Natal passado. O GPS, está visto, é o último dos gadgets para a rapaziada que gosta de andar agarrada ao volante, verdadeiro sinal do status que a posse ou a condução do carrinho sempre dá. Hoje é o GPS, amanhã será outro utensílio qualquer. As viagens «épicas», aquelas em que apenas se sabia vagamente qual era a rua, o quarteirão, o bairro, mas sem nenhuma certeza para além da carrada de dúvidas (qual era o cruzamento, a esquina, o edifício que ficava à esquerda e, mais ou menos a 300 metros, junto da casa com as cores amarelas..., os enganos, as perguntas aos transeuntes ou aos taxistas) acabaram. Agora, não custa nada: marcam-se as coordenadas ou dão-se instruções vocais e o «aparelhómetro» lá nos conduz pelo carreirinho, rua a rua, bairro a bairro, de IC para IP, passando pela A número 'x', para gáudio e euforia dos condutores. É o progresso, meus amigos! Mas, que gaita(!), para ir comprar o jornal era mesmo preciso dar a volta à terra e arredores?!...

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19 janeiro 2008

Carolas

As reportagens da Liga dos Últimos são uma metáfora do país e da gente que somos. Apercebi-me disto no último programa que vi. A cena e o cenário são comuns nos campos de futebol da província, mais ou menos povoada. Correndo as coisas mal - e muitas vezes estão ou vão a correr mal -, é típica a reacção dos adeptos: a maioria desinteressa-se, uns tantos dizem mal e meia dúzia de entusiastas (ingénuos, quantas vezes!...) verbera os anteriores, indignando-se pelo que vêem e ouvem. É verdade que esta situação também se verifica nas grandes cidades e clubes, mas é na província que ela ganha mais acuidade e pertinência, mais não seja pelo menor número de oportunidades e de recursos à disposição. É nas aldeias e vilas do país, sobretudo nestas, que o fenómeno do desincentivo ou da perda de instituições, sejam elas desportivas ou não, assume contornos mais dramáticos e desmotivadores. E o clube de futebol é uma destas entidades, se não a única...
No futebol, diz-se, todos somos «bons» jogadores e/ou treinadores. O mesmo acontecerá - pensa-se e julga-se - no comentário e na avaliação dos políticos, dos intelectuais, dos empresários e dos trabalhadores. Somos um país e um povo bipolar, depressa passando do «oito ao oitenta». Quotidianamente, raramente escapamos ou estamos imunes à mesquinhez, à pequenina inveja e ao pormenor insignificante. Raramente privilegiamos o rasgo de génio ou de criatividade, o trabalho, o rigor e a perspectiva ou a visão de futuro.
Tal como nos jogos da Liga dos Últimos - e o próprio programa é disso um exemplo, sem dúvida - , há que valorizar, acarinhar e engrossar o número dos que vão aos jogos e «a jogo», dos «carolas» de tudo e mais alguma coisa. Se estes se forem ou acabarem, palpita-me, não iremos, apenas, ter saudades...

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17 janeiro 2008

(I)mobilidade

O Governo está a tentar incentivar os funcionários públicos a aderirem voluntariamente à situação de mobilidade especial (s.m.e.). Embora acredite que seja um dos temas mais debatidos nas instituições, acho que os resultados vão ser frustrantes. Julgo que pelas seguintes razões: a desconfiança, por um lado, e o receio, por outro.
Quanto à desconfiança, os exemplos de «hoje é assim», «amanhã pode não ser» têm feito o seu caminho e deixado a sua marca. Alterar esta sensação consegue-se, mas leva tempo e exige trabalho, medidas e políticas credíveis, ainda que duras.
Sobre o receio, a perspectiva também não é animadora. Os funcionários públicos dificilmente abdicarão da protecção conferida pelo «patrão» Estado, por maiores incentivos que possam existir. Julgar que vai haver uma adesão maciça à integração voluntária no s.m.e. parece-me um desígnio excessivamente optimista, para não dizer utópico. E isto leva-nos a um ponto fundamental: a dificuldade do Governo, por si só, conseguir pôr em prática este aspecto da reforma da Administração Pública. Segundo os números que se conhecem, está longe, muito distante, mesmo, a concretização de um dos objectivos que terá presidido ao PRACE e à constituição do s.m.e. E, parece-me a mim, como não se conseguiu pela via das extinções, fusões, reestruturação ou reorganização dos organismos, aqui está o incentivo à «colaboração» dos funcionários.
Mas há uma coisa que me intriga neste incentivo à integração voluntária no s.m.e. À primeira vista, as propostas de incentivos podem vir a revelar-se tentadoras, pelo menos para alguns funcionários com qualificações, carreira ou perfil psicológico e etário condizentes com propostas desta natureza. Não duvido que elas possam seduzir funcionários nestas condições. Mais poderia haver, para além destes, mas isso já seria pedir muito e não está de acordo com a nossa matriz genética, cada vez mais avessa a correr riscos. Seja como for, de acordo com a lei diz não está vedado a nenhum funcionário, parece-me, a solicitação voluntária à passagem ao s.m.e, desde que os organismos a que pertencem estejam a ser alvo de operações de reorganização, fusão, etc., sujeitos a anuência dos responsáveis pelos serviços.
Admitamos que sim, que por absurdo toda a gente, nos serviços, se punha a meter requerimentos para passagem ao s.m.e.... o que é que acontecia, entretanto? Os serviços fechavam? Os dirigentes aceitavam ou recusavam todos? Só alguns?...
Por mais elaborada ou atraente que seja, o que é certo é que a proposta de incentivo à adesão voluntária ao s.m.e. dá sinais contraditórios: oferece com uma mão o que retira com a outra. Está-se mesmo a ver qual será o resultado: a (i)mobilidade nos efeitos!

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13 janeiro 2008

Doenças

«Levei anestesia para duas horas, a operação durou seis! Talvez por isso, garantiu-me a minha mulher, os médicos até saíram da operação a suar.» Ora aqui está, com o tradicional «rigor» lusitano, um dos seus temas de conversa favoritos: a saúde, melhor dizendo, a real ou suposta falta dela.
Sempre me surpreendeu o gosto dos portugueses pelas conversas sobre a sua saúde ou falta dela, sobretudo esta. Qualquer cenário serve: as compras, os transportes públicos, os cafés, o convívio (menos previsíveis) e os consultórios, os centros de saúde e os hospitais, por maioria de razão. Também é um tema transversal - tanto transparece nas camadas finas, cultas e educadas da sociedade como nas grossas, boçais e analfabetas. Também aqui, a origem e o pedegree social mostram a sua face: a cada estrato, sua doença, tratamento ou calvário. Deixemos isto, por enquanto.
De tanto ouvir falar deste tema, quase me tornei entendido a detectar os sintomas: uma dorzita aqui, um inchaço acolá, umas análises, a mudança de médico, de centro, de hospital, uns medicamentos ineficazes e caríssimos, a moda do «natural», dos chás e das infusões, uma, duas, três ou mais operações, depois de uma, duas, três tonturas, enjôos, más-disposições, fracturas, calores, frios, falta de sono e de força, de apetites, de... falta de saúde!
Mas o que verdadeiramente me surpreendia era a divulgação, melhor diria, a «ostentação», do seu estado (péssimo) de saúde: ele era o número de análises, de medicamentos, de médicos, de tratamentos, de operações, de sofrimentos, de..., num verdadeiro ranking de doenças e de inconvenientes da falta de saúde:
«- Estou cheio de dores. - Dores!? Há cinco dias que não durmo!».
« - Fiz duas operações ao braço! - Duas operações, vizinha!? E os meus, que não sei já qual é o osso que não foi arranjado. E as pernas, vizinha, as que eu não vou (ainda) fazer?»
« - Não sei que tenho. Já fui a vários médicos e eles não me encontram nada. Um até me disse que não me preocupasse, que me distraísse e não pensasse nisso. Distraísse?! Como, se eu não estou bem?!»
« - Compreendo-o(a) muito bem. Comigo é o mesmo, pelo menos desde há 10 anos. Tenho corrido os médicos todos, a falar-lhes do meu mal. Bom era o Dr. Cerqueira, mas já está reformado. Os médicos e a medicina de agora não prestam. A gente queixa-se, mas não descobrem nada. Por isso é que eu deixei de lá ir, sobretudo depois de ter descoberto um dos ossos e das agulhas, que é muito bom - até o Dr. Alípio, que é neto de médico lá anda. E com melhoras, estou-lhe a dizer! O homem estava tolhido de todo e agora já se mexe! Já experimentou os chás? Olhe que são muito bons. O da vesícula, então, não lhe digo nada! Já nem vou precisar de a tirar...».
É por isto que gosto de um «número» dos Gato Fedorento, ainda do tempo da SIC Radical, em que eles satirizavam esta particularidade de todos nós, portugueses, de falarmos sobre a nossa (má) saúde, idealizando uma espécie de concurso, à laia de reality show, sobre o maior número de doenças e maleitas protagonizadas por duas «velhotas». Quem me dera revê-lo, sobretudo agora, que estou aqui com uma dorzita, uma pontada, e tentado a tomar um «medicamento» que me foi receitado pela minha vizinha, depois de ter tido o mesmo problema ou outro parecido...

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12 janeiro 2008

Livraria

Uma livraria de que gostava, situada num centro comercial, fechou. Ia lá várias vezes, mais para ver do que para comprar. Aliás, este é um dos encantos das livrarias: mais do que um espaço comercial, é um espaço onde se pode, simplesmente, ir, ver e sair. Sem remorsos ou acabrunhamentos, sem consumos mínimos ou obrigatórios. Agora, acabou-se. Pelo menos ali. O ritual de entrar, espreitar, folhear e descobrir - quantas vezes! - terá que ser praticado noutra ou noutras. Que as há, felizmente.

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Contraste

Ontem, toda a imprensa dava destaque à notícia do momento: a localização do novo aeroporto em Alcochete. Nada de estranho na escolha deste destaque, que era previsível e justificado, aliás.
Na capa do Público, contudo, um outro destaque, para além deste, chamou-me muito mais a atenção: o da diminuição do número de nascimentos (menos 3000 do que em 2006) em Portugal.
Coincidência de paginação feliz - ou talvez não - dois temas muito sérios lado a lado, como que a mostrar - ou deixar latente, não sei - a encruzilhada em que o País se encontra: muita preocupação com o futuro económico e desenvolvimentista, mas pouco com a base humana que, em princípio, o deveria sustentar.
Com efeito, que me serve um aeroporto, um TGV ou um «espírito moderno e avançado» se corremos o risco de não termos «rapaziada» suficiente para os usufruírem? Pelo andar da carruagem, e esta sim mais rápida do que qualquer uma das do futuro TGV, a questão ganha, cada vez mais, uma actualidade preocupante.

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