30 abril 2018

Garrafa

A proposta era tentadora: uma mensagem numa garrafa! Enviou-a, mas não chegou ao destino. Culpou-se a operação stop.

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29 abril 2018

Voze(s)

_ Sabe, mestre, a leitura dos seus livros tem-me ajudado imenso!
_ Ah sim?
_ Sem dúvida. Cada vez que os leio, é como se ouvisse a sua voz. Extraordinário!
_ Se o diz... seja. Obrigado.
_ Mas posso fazer-lhe uma pergunta, a propósito disso?
_ Sim, claro. Diga.
_ Naquele último livro, o que editou há pouco, notei ali alguma diferença na voz... Foi propositado?
_ Não. Estava constipado.

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28 abril 2018

Salto(s)

O convite para saltar o anúncio assumia-se como um desafio. Também podia ser uma partida, tipo «Apanhados»... Estava desconfiado, por isso. Mas também estava pouco confiante de que conseguisse, mesmo que quisesse... Reconhecia que estava um pouco enferrujado e isso tinha a sua importância, sobretudo em matéria de saltos. Até porque desconhecia o tamanho do anúncio. Se fosse um outdoor, daqueles à beira das estradas, como é que faria? Arranjava uma vara? Como, se também não tinha treino? Eram questões pertinentes, de facto. Será que se poderia negociar qual o anúncio que se teria que saltar? E se não quisessem, como é que fazia? Talvez fosse preferível abandonar o desafio... Estava decidido. Seguiria em frente, com ou sem salto. Era só esperar uns segundos ou clicar em conformidade... Foi o que fez e o site abriu-se.

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27 abril 2018

Azotar


O texto passaria por um período de pousio, a conselho de agrónomo. Tinha que ser assim, senão não produziria. Forçar era dar cabo do húmus e da composição, ambos a rarear. Que tivesse cuidado e paciência. E que semeasse leguminosas, entretanto. Para fixar o azoto.

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Metricamente

Foi buscar a fita métrica, pois desconfiava que ainda não estivesse lá. A fita diria. Afinal, enganara-se: dois centímetros já se encontravam para lá da fronteira do fora-de-jogo.

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25 abril 2018

Artolas

O engenho era pouco e a arte nenhuma. Como predicados, não eram recomendáveis. Mas era o que havia. Por isso, não se surpreendeu quando viu a obra. Com um bocadinho de sorte, e se não fizesse vento, o espantalho era capaz de se aguentar.

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22 abril 2018

Personagens, factos, ambiente e tempo.

Personagens, factos, ambiente e tempo.
A instrução era precisa. Não podia ser posta em causa. Fazê-lo era um risco. E dos grandes! Depois de muito pensar, o que era raro, chegou à seguinte conclusão: ia cumpri-la, sim, mas sem convicção. Fizeram-no um herói.

Personagens, factos, ambiente e tempo.
De lápis só tinha o bico. Lá no fundo, sentia-se uma caneta. Pelava-se por uma rima ou por uma lágrima. Mas só se notava nos borrões.

Personagens, factos, ambiente e tempo.
Com ânsias de ir a direito, o remate saiu-lhe enviesado... Não se deu conta de que a baliza era a sua.

Personagens, factos, ambiente e tempo.
Duas cenouras, que de acompanhantes tinham pouco, cruzam-se com um nabo e propõem-lhe um pacto. Nem muito doce, nem muito salgado, o quantum satis para a dieta. Só para latinistas.

Personagens, factos, ambiente e tempo.
As personagens eram rascas. Os factos também não o eram menos, mas eram factos. Quanto ao ambiente, estávamos conversados... Felizmente, durou pouco tempo.

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Cism(i)a

_ Temos que ir ao hospital.
_ Porquê?
_ Para ver isso.
_ Isso, o quê?
_ A cisma.
_ Não é preciso.
_ Não. Temos que ir. É melhor.
_ Não me apetece.
_ Queres piorar?
_ De quê, disto?
_ Sim, disso. Se não é logo atacada, piora.
_ Não me parece. Já passou. A sério.
_ Tens a certeza?
_ Sim.
_ Não é melhor ir, por via das dúvidas?
_ P'ra onde, p'rás urgências?
_ Talvez, sim... Vamos embora?
_ Não.
_ Essa agora! Porquê?
_ Cismei que não.



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21 abril 2018

Padrão

Chove. As pessoas começavam a queixar-se. Estivesse sol, chuva, quente ou frio, a mesma coisa. Identificava aqui um padrão. Decidiu registá-lo, nunca se sabia... Mas alguém se queixou.

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O erro é admissível?

Sim. E o certo também.

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Treino

Começava a desanimar face aos resultados. Por mais que treinasse, eles não apareciam. Pensou em desistir. Avisado, o treinador convocou uma reunião. Disse-lhe para não se deixar abater, que relaxasse. Como trabalho de casa recomendou alongamentos e caldos de galinha. Também um bocadinho de concentração. Foi o que fez e acabou por espantar-se! Quem viu, jurou que foi o que aconteceu. Para quem não viu, o relato foi este: «às duas por três, estava a levitar».

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15 abril 2018

Literatura(lice)

Metera na cabeça que os venceria. Mas teria que escolher bem as armas. Não ia ser fácil, sabia disso, até porque os adversários eram manhosos e hábeis, mas teria que tentar. Sabia que eram gulosos por tabaco, da marca Kentucky, mais propriamente, que suspeitava já nem existir. Ainda tentou remediar a coisa com uns rebuçados peitorais, mas os adversários não foram na conversa: ou era Kentucky ou nada feito! Que fosse. Assim, à hora aprazada, encontraram-se para a disputa. Lá conseguira arranjar o tabaco, que servia de moeda e de ficha de apostas. Mas não foi possível fazer nada. Misteriosamente, ou talvez mão das autoridades de saúde (quem sabe?), a peleja não se realizaria. «Estás a ver, Sancho, como o mundo é injusto?».

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14 abril 2018

Se estiver à frente do meu tempo, o que é que faço?

Atrase o relógio.

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07 abril 2018

Pára, arranca

Estava com a pressa. Tentara fugir-lhe, mas ela fora mais rápida. Por isso lhe chamavam pressa. A pressa. Para quem não percebia, era estranho. Lento, talvez. A pressa não. Por isso, fugia-lhe. Mas sem pressa. Para não cansar.

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01 abril 2018

1 de Abril

Hoje, as fake news têm folga.

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