29 janeiro 2009

O capacete da tartaruga

Começo a compreender a razão de ser da publicidade que vi hoje, na montra de uma instituição bancária, em que, orgulhosamente, uma tartaruga se desloca com um capacete posto na cabeça. Todos conhecemos a história da lebre e da tartaruga e, por isso, não deixamos de sorrir com a imagem de uma tartaruga com um capacete na cabeça, responsável e cumpridora nos seus deveres rodoviários. O que é certo é que, passo a passo, lentamente, mas com o capacete posto, a tartaruga lá faz o seu caminho e chega ao seu destino. Como metáfora, está visto, a imagem é conseguida e eficaz. Nos dias que correm, quem se atreve a desdenhar da tartaruga e quer ou está disposto a ser a lebre desta história?...

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Asfixia

A cada dia que passa, tenho a nítida sensação de que vivemos um tempo e uma situação asfixiantes. Constata-se em tudo: no rosto e quotidiano das pessoas, na situação da actividade económica, no clima institucional e político. Receio que isto não conduza a nada de bom e os indícios começam a ser preocupantes. Onde é que isto vai parar?...

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25 janeiro 2009

O meu calo

Não escrevia aqui, desde 10 de Janeiro. Não tinha tempo, não me apetecia, porque estava frio, não me interessava. Também não era por falta de assunto ou motivos de interesse. Neste aspecto, as ocasiões foram muitas e diversificadas: desde a intervenção israelita em Gaza, aos prémios do Cristiano Ronaldo, à tomada de posse do Barack Obama, as (im)previsões económicas, o(s) orçamento(s) suplementares, as obras públicas, o mau tempo, as polémicas à volta da arbitragem, das greves dos professores, até ao Freeport de Alcochete..., enfim, da «crise» permanente e diária, seja sobre a roupagem da «estagnação», da «recessão» ou da «degradação», o que quer que isso seja! Não escrevia, ponto.
Não que esta ausência incomodasse ou fosse notada por alguém, excepto talvez por duas leitoras já idosas, uma dos Nozelos, outra do Alegrete, que teimavam em deixar-me comentários nos meus posts, julgando tratar-se do seu (delas) primo emigrado no Brasil, desde 1920 e uns meses... Para o «primo» do Brasil, também (e caso esteja vivo), um beijinho das primas Delmira e Custódia, que se encontram bem e recomendam, apesar dos achaques característicos da idade, que é bonita, sim senhor: 93 e 87, respectivamente.
Mas, verdadeiramente, a razão que me levou a escrever hoje foi a lembrança de um velho «amigo», há algum tempo desaparecido do meu relacionamento: o meu calo!
O fenómeno e a lembrança, devo dizê-lo, teve o seu quê de «epifania», pois me apareceu de repente e me «iluminou», tal como acontece com o José Saramago, quando cria um novo livro. Também eu, à semelhança de Saramago, imediatamente «vi» o princípio e o fim da minha «revelação»: o título para o post e a frase final. Ao contrário de José Saramago, contudo, a mim a «revelação» aconteceu-me na cama, acabado de acordar, e a ele isso costuma acontecer na rua ou quando olha para as montras... Também por isso, se compreende que ele tenha ganho o prémio Nobel e eu me fique pelas minhas duas únicas e exclusivas leitoras, uma nos Nozelos, outra em Alegrete, e que ainda por cima me confundem com um remoto «primo» no Brasil, provavelmente já defunto e, quem sabe (?!...), a usufruir de uma nova vida ou reencarnação como guia turístico em Bombaim ou jogador de futebol no campeonato do Cazaquistão...
Voltemos, pois, ao meu calo, que isto de digressões, literárias, artísticas ou turísticas é para quem sabe e pode. Fiquemo-nos pelo calo: é mais simples, universal e terra a terra.
Não me recordo se o meu calo era no pé direito ou no pé esquerdo. Ou se era nos dois pés. Se calhar era nos dois.
Seja como for, tinha estima pelo meu calo. Um bocadinho chato, às vezes, mas sempre presente até há algum tempo. Era alguém em quem se podia confiar, apesar das contrariedades: uma dorzita agora, um arranhãozito na perna, um pequeno incómodo no andar, mas sempre pronto e solícito, pois para isso tinha sido feito: chatear e incomodar o seu «dono», nem que fosse só um bocadinho. E ele pagava por isso, coitado. De tempos a tempos, como uma sentença, o meu calo era «decapitado» e deixava-me sossegado, pelo menos durante algum tempo. Mas ele voltava sempre, fiel que era, e eu aceitava-o resignado, como naqueles relacionamentos que já duram há alguns anos e aos quais nos vamos habituando, apesar das resmunguices, birras ou coisas similares.
O meu calo desapareceu para parte incerta, como aqueles amigos que desaparecem por algum tempo, embora sempre presentes. Não me parece que se tenha ido embora de vez, nem muito menos chateado, penso. Se calhar, foi gozar umas férias ou meditar para um retiro. Em todo o caso, meu caro calo, se alguma vez te chateaste comigo acredita que foi sem intenção da minha parte. Se isso aconteceu, peço desculpas. Ou, em linguagem mais cinematográfica ou novelísticas: volta, estás perdoado!
Como escrevi e previ, foi como costuma acontecer com o Saramago: sabia o titulo e a última frase. O recheio?!... Bem, o recheio... Talvez quem tenha um calo possa compreender...

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10 janeiro 2009

No Metro

Para os devidos efeitos, declaro solenemente o seguinte:
- Hoje, não andei de cuecas no Metro!...

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06 janeiro 2009

Fazer melhor

A Administração Pública (AP) tem feito um esforço muito significativo para disponibilizar serviços e informação diversificada através do recurso às novas tecnologias. Este é um esforço que deve ser elogiado, apesar de algumas resistências, quer dentro, quer fora da AP. Mas não chega disponibilizar as ferramentas, os conteúdos e/ou os manuais. Há que acautelar a forma como isso é feito, tendo presentes as características dos seus públicos-alvo. E é aqui que, muitas vezes, reside o principal bloqueio: o desfasamento entre aquilo que a AP pensa ou certifica que seja o interesse, o desejo ou a intenção dos destinatários dos seus serviços. Mesmo que feito de boa-fé ou na plena convição de se estar a prestar um genuíno serviço público, a verdade é que às vezes isso não leva aos resultados desejáveis. Saber por quê é tarefa da AP e não pode ser imputável, num gesto de má consciência, à responsabilidade ou menor interesse dos cidadãos.
Conseguir perceber isto é um desafio importante para uma Administração Pública que se deseja moderna e responsável. Também aqui, pode sempre fazer-se melhor.

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03 janeiro 2009

Plano B vs Plano A

Ao contrário do que inicialmente pensei, talvez Cavaco Silva tenha procurado influenciar José Sócrates e os partidos representados na Assembleia da República na questão do Estatuto dos Açores. Ou seja, dizendo o mesmo por outras palavras: mediu forças e perdeu.
Toda a história é, no mínimo, curiosa. Havendo uma grande coincidência na opinião dos especialistas, não se compreende por que é que não remeteu para o Tribunal Constitucional, juntamente com outras objecções, a que acabou no centro da polémica e que, pelos vistos, facilmente seria acolhida...
Como o Presidente não o fez... avançou o «Plano B». E aqui entra um pormenor interessante, que é o de saber se o Plano B era, no fundo, um «Plano A». Mas esta é a «pergunta do milhão de dólares»... Isto é, uma boa pergunta para se ir procurando saber a resposta ao longo de 2009...

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