«Um Método Perigoso», de David Cronenberg, e «Anónimo», de Roland Emmerich, são dois filmes que vi já há alguns meses e sobre os quais ainda não tinha publicado nenhum texto, apesar de o ter tentado escrever diversas vezes e diversas vezes o não ter finalizado. Para quem conheça a história dos filmes, um versando sobre os primórdios e a afirmação da Psicanálise, com especial incidência no relacionamento entre Freud e Jung, e outro girando à volta do tema acerca da verdadeira autoria das peças de Shakespeare e da tentativa de explicação de alguns episódios do reinado de Isabel I, pode não ter dificuldade em encontrar alguns pontos de contacto nos seus implícitos e subentendidos, pese embora a diferenciação dos períodos histórico-culturais ou dos objectivos que tenham estado associados à sua concretização. Dados os temas em questão, também não será difícil encontrar pistas ou grelhas interpretativas diversas, consoante a aproximação se faça pela vertente da Psicanálise ou das preocupações com o enquadramento dos estudos literários e/ou da história das ideias num contexto social e cultural específicos, mesmo aí as vantagens de estes acessos serem facultados pelo cinema não deixam de ser um factor relevante sobre o papel que o cinema também desempenha, aspecto que, curiosamente, motivou a escrita de um outro texto, intitulado «
Ir ao cinema para aprender», pensado inicialmente como parte integrante do texto de hoje mas que, curiosamente, se autonomizou e ganhou vida própria.
Duas reflexões sobre os filmes, elas próprias fundadas ou sugestionadas - quem sabe? - sobre as suas histórias: uma relacionado com o título «Um Método Perigoso», pese embora a sua carga semântica, mas talvez aquém dos efeitos e resultados «subversivos» que comportou; e outra sobre a força e o poder das ideias (subjacente ao filme de Emmerich), anunciadas e/ou proclamadas, verdadeiro motor da transformação sócio-cultural, ou seja, «subversivas» na verdadeira acepção.
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