31 dezembro 2019

A Ovelha Choné - A quinta contra-ataca

Tem que haver qualquer coisa de muito particular para que crianças e adultos gostem de filmes de animação. No caso das crianças, se calhar é fácil de compreender e de aceitar. No caso dos adultos, porém, a coisa é mais complexa... Mas, não há volta a dar, o bichinho permanece e só fica à espera de uma oportunidade para se fazer anunciar e vir ao de cima. Como neste caso, em que os resultados aparecem às pazadas, um termo apropriado para enquadramento numa quinta e nas voltas do imaginário, condimentado a doses substanciais de humor britânico, o «tal», o que se entranha. Estão à espera de quê?!… Ala!, que se faz tarde, e o filme qualquer dia sai de cena.

Etiquetas:

Nota de escrita e comentário de troco

Agora, que o computador demorava a arrancar, as exigências para as histórias eram diferentes. Mais dependentes da paciência do que da inspiração, uma maçada. Com mais dificuldade em alcançar o clic, o que quer que isso fosse, mas precavendo-se a possibilidade do choque eléctrico. Mas não deixava de ter as suas vantagens. Uma delas, era a possibilidade da meditação zen. Outra, em sentido oposto, era a do menear a cabeça, em sinal de desapontamento. Tudo somado, não se chegava a grandes conclusões. Havia coisas piores, mesmo assim... Há histórias que se contam em duas penadas. Como esta, que balança entre o zen e o desapontamento. Conclusões, só para iniciados. Na dúvida, escolher uma tripla.


Comentário: Quando houver tempo, alguém com capacidades para a ensaística irá desenvolver um estudo aprofundado e detalhado sobre a influência que as empanzinadelas de comes e bebes no Natal e no Ano Novo têm na escrita e nas ameaças de escrita... Mas os corações são moles e, nestas quadras, pior ficam... No exemplo que nos calhou em sorte (danada, como facilmente se comprova), não há muito a dizer. De certo, trata-se de uma boa alma. Mas que ficou alterada pela quadra festiva, disso também não restam dúvidas. Enfim... Mas convém não desanimar, até porque vamos entrar em época de saldos zen. Quanto à tripla, não há necessidade de gastar tanto dinheiro. Escolha o empate.

Etiquetas:

Tem que se gostar do Natal?

Você é que sabe... Mas, se não gostar, não venha queixar-se de que não teve prenda...

Etiquetas:

Canzoada

Os cães, de raça indefinida mas a sair para o rafeiro, passeavam pela avenida. Aparentemente, cada um seguia o seu caminho. Mas o aparentemente era ilusório... Fosse por instinto ou embirração, na verdade um deles procurava seguir no rasto do outro. E fazia isso cada vez mais perto... O que ia à frente não se apercebera da proximidade do colega e muda de direcção, o que este não aprecia, tal o inesperado. Quando se cruzam, o seguidor rosna como se dissesse «Então, não fazes pisca?!...». O outro, quando se apercebeu da provocação, arreganhou-lhe os dentes, alçou a perna e mijou-lhe no focinho.


Etiquetas:

28 dezembro 2019

O sol na eira e a chuva no nabal existe?

Talvez sim, se acreditar no Pai Natal.

Etiquetas:

21 dezembro 2019

À la carte

Era um segredo bem guardado, apesar de tudo. Sentados à mesa, em número variável, as soluções para os problemas para o país e o mundo saltavam como cápsulas de cerveja ou rolhas de espumante. Enquanto se arrefecia uma sopa ou se dentava um cozido, as receitas apareciam para todos os gostos e paladares. Umas vezes temperadas a sal e outras curtidas a fel, com uns retoques de humor pelo meio ou no final, à laia de sobremesa. No final, alguém pagaria a conta.

Etiquetas:

Moda(s)

_ Olhe p´ra isto: o que é que me diz, hã?
_ Não me parece mal... Mas a cor...
_ Acha muito berrante, é?
_ Talvez... Um bocadinho, não sei... Os enchumaços, também... Não será demais...?
_ É a nova tendência! Mo-der-nís-sí-mo! Très chic, pode crer.
_ Isso não é do Eça?...
_ Não conheço... Em Paris, é o que está na moda! E já sabe, se em Paris é moda...
_ De certeza que não é do Eça, isso...?
_ Se fica satisfeito... Pois, que seja!... E as renas, o que é que fazemos às renas?!... Não quer arranjar-lhes umas estolas...?

Etiquetas:

15 dezembro 2019

Milimetricamente

Nem sempre era elogiado pelos adeptos. Na maioria das vezes, note-se... Mas quando o era, a razão era sempre a mesma: a precisão milimétrica dos passes. Pior era quando isso não acontecia, quando os passes, em vez de precisão milimétrica, eram de precisão centimétrica ou decimétrica... Aí, o passador perdia as estribeiras e pedia a intervenção do VAR (vídeoárbitro)... E era certinho: se não fossem milimétricos, rejeitava-os como filhos ilegítimos e pedia ao árbitro para os expulsar.

Etiquetas:

Dar ao pedal

Talvez memória longínqua de uma motorizada, não sabia, o certo é que gostava do gesto de pô-la a funcionar carregando no pedal lateral. Vezes sem conta, às vezes. Mais tarde, reconheceria ao gesto um duplo significado: um literal, de pôr a máquina a funcionar; outro, mais simbólico, como se escorraçasse alguma coisa, à laia de uma patada. Com o passar dos anos e das técnicas, manteve esse gesto associado ao acto de escrita. Outros chamar-lhe-iam impulso, inspiração, rasgo, epifania, rotina, ofício, etc. e tal. No seu caso, patada soava-lhe bem. Excepto agora, que tinha tido uma cãibra.

Etiquetas:

14 dezembro 2019

Moedas

Era para ser um dia como os outros... Se o pensou, estava enganado. E a razão encontrou-a logo de manhã. Cruzava-se com uma mulher quando o som de moedas a bater no chão os despertou das suas rotinas ou ensimesmamentos. Atrapalhada, uma, dizendo «Oh, meu Deus...», condescendente, outro, que ironizava com «Então, está a semear as moedas?...», o certo é que ambos se agacharam, recolhendo as moedas e fazendo o que a urbanidade manda... «Curioso», pensou o homem, «como é que é instintivo o gesto de se agachar e apanhar as moedas, próprias ou alheias, deve ser isto a que se chama o espírito perverso do capitalismo...», ironizou e concluiu o tal, seguindo o seu caminho.
Como a realidade é mais rica (em sentido literal e figurado) do que o que costumamos pensar acerca dela, um novo desafio envolvendo moedas estava previsto, já não sob a forma de chuva, mas apenas de uma só, que um reflexo mais rápido do que o da titular resgatou da poeira e que teve direito à recompensa de um «Obrigada!», à semelhança do que também tinha acontecido no episódio inicial, em nome da verdade se diga, desta vez sem a invocação do divino. «Interessante», arrebitou de novo o artista, «se calhar isto quer dizer alguma coisa... Interessante, de facto».
Final de tarde, um céu a adivinhar chuva. Gente na rua, nos cafés e nos centros comerciais. Uma lembrança de uma falta para o jantar que urge resolver. Caminhando à frente, um casal de mais de meia idade, talvez. Sobem as escada e a mulher, aparentando indícios de uma progressiva degenerescência no controlo da mão, retira a mão do bolso e deixa cair uma moeda sem se dar conta, tão pouco o companheiro. Caminhando atrás, volta a agachar-se e apanha a moeda. Segue o casal e espera pela oportunidade de a entregar aos proprietários. Quando esta chega, entrega-a. Ao recebê-la, o homem agradece e recrimina, de forma suave, a mulher, alertando-a para um hábito que se intensificava, que esta acata de uma forma de quem não está a perceber o que se passa... E então, só então, o homem que recolhera e entregara a moeda soube que aquele dia não seria um dia como os outros...



Etiquetas:

08 dezembro 2019

Madraço… (…mas por razões filosóficas)

Perde-se no tempo a recordação e o impacto da frase: «Não passas de um madraço!». Ao princípio, custou. Não surpreende, pois a acusação não era propriamente abonatória para a maioria dos mortais. Ao mesmo tempo, também, não possuía as capacidades de análise e argumentativa que o ajudassem a desenvencilhar de estigma social tão grande. Se alguma vez as viesse a ter, era o que se veria… Até lá, madraço seria. Sem análise e sem argumentos.
A oportunidade chegou quando se encontrava à boleia, não de um qualquer veículo, mas de um livro que na altura lia, Madrassum est, de autor incógnito, mas que se presumia madraço também, atento o título e a entoação latina, desconhecida para a maioria dos leitores, é certo, mas que dá sempre uma patine do caraças e nos remete para algo muito, muito distante… (xô alusão às histórias infantis e, se não estamos em erro, ao filme do Shrek…).
E o que o livro dizia era, está bem de ver, que a condição de madraço era algo inato ao ser humano, sobretudo quando instalado em condições ambientalmente favoráveis, quando se está de papo para o ar a ver e/ou a contar estrelas, não se inferindo daqui, contudo, que a condição da madraçalidade ocorra apenas à noite, mas também durante o dia, ao sol e/ou à sombra… Primeira constatação: a madraçalidade ocorre mais vezes do que se pensa…
No livro, adoptado a partir daí como bíblia comportamental, o elogio do «ser madraço» era assumido com todas as letras (Calibri de corpo e tamanho 11), verdadeiro desígnio de vida, ideal a seguir nos dias bons e maus, embora por razões diversas. Daí, a segunda constatação: a madraçalidade não está dependente das condições meteorológicas e do estado de espírito…
E aqui, o nosso madraço fez uma pausa na leitura…
Interiorizava, defendiam os puros. Deixou-se dormir, profetizaram os cépticos…

Etiquetas:

07 dezembro 2019

Aforismo

Não te esqueças do bordão para o caminho. Se tiveres dúvidas, escolhe o de pau.

Etiquetas:

O que é preciso para ser, tipo influencer?

Ser tipo um especialista em redes sociais, tipo Insta, blogger, youtuber, etc.

Etiquetas:

Concurso

_ Venho por causa do concurso.
_ Muito bem. E quais são as habilitações?
_ Duas licenciaturas e dois MBA.
_ E a barba...?
_ A barba?!...
_ Sim, a barba. É condição específica. E de exclusão!
_ Tem mesmo que ser?...
_ Tem. Lamento, mas tem.
_ Desculpe, mas isso é discriminatório. Não aceito. Chame lá o responsável, por favor.
_ Tenho que perguntar aos jurídicos. Só um momento, que vou ver se está algum.
_ Quantos são, nos jurídicos?
_ Três. Mas todos com sensibilidade e conhecimento. Só um momento.
_  Homens...?
_ Sim.
_ Então e a paridade?...
_ Desculpe, mas não estou a perceber... A paridade?... Não sei. O que é que sugere?...
 _ Têm que rever isso... E que tal, começar por fazer uma distribuição equitativa dos lugares...?
_ Talvez dê... Mas se o número de lugares for ímpar (como é o caso), como é que se faz?
_ É fácil. Transforma-se em par!
_ Pode ser... pode ser. Vamos ver o que o patrão pensa... Olhe, chegou um dos juristas. Exponha lá o seu caso. Até logo.
_ Quero apresentar uma queixa!
_ Faz favor. E com o fundamento de que...?
_  Tratamento discriminatório!
_ Tratamento discriminatório?!... Explique lá.
_ Essa condição da barba!... Rija, ainda por cima!...Isto até me parece inconstitucional!...
_ Inconstitucional?!... Vai-me desculpar, mas parece-me que não. A publicitação foi feita segundo as normas e de acordo com os trâmites desses processos. Não vejo onde está o problema.
_ A barba! A barba!... Não é justo!
_ A cláusula de exclusão é clara: «só para homens de barba rija». Sendo uma senhora, não está convencida?...
_ Não!
_ Não?!...
_ Não posso vir a ter barba?... E rija?...


Etiquetas:

01 dezembro 2019

Ando a fugir da Black Friday mas não consigo. O que é que devo fazer?

Tape-se com os talões de desconto e esconda-se.

Etiquetas:

Impulso

A campainha fez-se ouvir. Com insistência. Não era normal, naquele dia e àquela hora. Abriu a porta. Entra o Impulso. Afogueado.Como não estava calor, estranhou. «Água!», pedia, «Dá-me água, rápido!». Perguntou-lhe o que é que se passava. «A minha prima, a Sede», respondeu. «Não me larga a braguilha», concluiu.

Etiquetas: