O estádio estava cheio e o jogo estava na segunda parte, mais ou menos a meio. Os lances de perigo apareciam numa e noutra baliza mas, quanto a golos, nada. A dada altura - para saber ao certo é consultar a crónica -, o avançado da casa (o do remate forte e com intenção) recebe um passe do outro avançado da casa (o do passe teleguiado, primo do do remate forte e com intenção) e aplica-lhe um pontapé de primeira, sem deixar cair a bola no chão, não fosse ela magoar-se... Ooooohhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!, levantou-se todo o público (a bem dizer só o público dos da casa, pois o que não era dos da casa só estava ali por estar e os centros comerciais estavam fechados - era segunda, com certeza...), decepcionados por o Ooooohhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!! - aqui colocado com
copy paste para se ter a certeza de que é o mesmo - não se ter transformado num GOOOOOOOOLO!!!!! (este sem
copy paste, mas com 6 (seis!!!!!!) pontos de exclamação, em vez dos cinco 5 (cinco!!!!) do Ooooohhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!! - mais uma vez em
copy paste... - e em
maiúsculas
, que é coisa que não deve fazer na rede
mas tem que se fazer no relato, uma vez que se tratava de um GOOOOOOOOLO!!!!! (não, caros ouvintes, desta vez o
copy paste não é para aqui chamado, ainda que tivesse sido requisitado...).
E ainda se estava na ressaca do O...h! que não se transformou num G...O! (mais os da casa, faz-se notar) e eis que o imprevisível e o improvável acontecem (mais este do que aquele, é certo), provocando um surpreendente e incrédulo Hhãã! em todo o público, no da casa e no outro que lá estava, que depois se alargou ao da televisão, ao que ouviu e ao que leu: a descida da trave da baliza, ainda zonza e combalida da bolada que levara por causa do remate do avançado do remate forte e com intenção, o tal que esteve na origem do O...h! que não deu G...O!, e que um imprevidente e impreparado escriba de pacotilha não contemplara no início...Já no chão, menos zonza e com a anuência do árbitro, - confirmaram os comentadores e discordaram os dirigentes - a baliza dirigiu-se ao avançado do passe teleguiado e perguntou-lhe se era ele o responsável e ele disse que não, apontando, com a caneleira, o primo avançado do remate forte e com intenção como o causador da zonzice da trave e ela agradeceu, aproveitando para lhe dar um conselho sobre cruzamentos, que estavam a sair pouco tensos, coisa com que ele concordou e que atribuía às botas, que eram novas e ainda não estavam devidamente feitas, ou seja, em futebolês: «teleguiadas». E a trave lá se dirigiu ao avançado, com ele estabelecendo o seguinte diálogo (e verdadeiro, pois consta no relatório do árbitro):
_ Achas bem o que fizeste, pá?
_ Eu...
_ Não sabias que saí do hospital das traves há poucos dias?...
_ Na...
_ Andas a treinar p'ra quê?!... P'ró tiro ao alvo?... P'rá caça às rolas?... Mete mas é golos, pá!
_ A bola era dif
_ Difícil!? Era só empurrar. Mas não... querem fazer bonitos! Assim, vais p'ró banco.
_ Estava apertado pelo defesa...
_ Defesa?! Estavas isolado, pá! Vou-me mas é embora, que é p'ra não me chatear. Da próxima que me fizeres outra... levas! Caio-te em cima, pá!
E o diálogo entre a trave e o avançado do remate forte e com intenção acabou aqui, pelo menos é o que reza o relatório do árbitro mas outros não confirmam, pois garantem que a trave terá pedido ao árbitro um amarelo para o goleador e a respectiva substituição ao treinador, pela falha escandalosa e por já não estar em condições físicas e psicológicas para continuar em jogo. E a trave foi outra vez para o seu posto, mas teve que pedir ajuda aos postes para a alçar, o que estes fizeram com agrado, pois já faziam parte do mesmo conjunto há vários anos, conhecendo-se dos tempos em que ainda vestiam o formato rectangular. Velhotes, era certo, mas ainda rijos, como a rabecada ao avançado tinha confirmado e a ginástica para subir e descer atestavam. E o jogo?!...
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