00:30 A Hora Negra

Há filmes mais polémicos do que outros. Sempre foi assim e continuará. O mais recente de Kathryn Bigelow, «00:30 A Hora Negra», integra-se neste grupo, pelas mais variadas razões, e com uma intensidade a que o seu anterior filme, com o qual ganhou o Óscar da realização, «Estado de Guerra», talvez tenha escapado, se bem que também tenha tido a sua conta.
«00:30 A Hora Negra» dá mais uma achega para o dossier acerca da perseguição e morte de Osama Bin Laden, feito pela perspectiva e pelo ângulo de análise de quem se envolveu ou esteve envolvido (em grau e posicionamentos diversos) nesse processo, muitas vezes contraditórios e divergentes, colocando e colocando-se questões que investem profundamente nos domínios da ética, individual e colectiva, aqueles domínios sempre cativantes mas necessariamente complexos, mais a mais lidando com situações não hipotéticas, académicas ou «a feijões», mas envolvendo seres e personagens humanos, reais e contabilizáveis de facto, em cenários com tensões e realidades perigosas, diária e persistentemente, mas sempre o elemento decisivo, para o bem ou para o mal.
«00:30 A Hora Negra» confirma também o talento e a apetência da sua realizadora para os  filmes em que se privilegia a densidade e a complexidade da envolvente nos efeitos que se tornam visíveis e invisíveis nos protagonistas, à semelhança do que se confirmava em «Estado de Guerra», consagrando Kathryn Bigelow como uma realizadora de mão cheia.

Surpresa

Como habitualmente, gostava de dar uma vista de olhos pelas páginas on-line dos jornais para ver as novidades e ler um ou outro artigo. Foi o que aconteceu nesse dia. De um momento para o outro viu-se como membro da Opus Dei, pois deixara de fumar há muitos anos e de beber café com açúcar há alguns outros, comportamentos que, segundo a reportagem do jornal, eram característicos dos membros da Obra. Ficou apavorado e pensou: «Estou lixado! Dado o número de anos em falta, bem tenho que andar com o cilício a vida inteira!...».

Onde está?

O aprisionado soltou-se.

RDM

Olhou para a casa e pôs-se em sentido.

Reestruturação

- Quero saldar as minhas dívidas.
- Lamento, mas só por inteiro.

Rifão

Os aguaceiros também molham.

Entupida

Engasgou-se e não andou mais.

Guia para um final feliz

O cinema e as suas histórias são um dos palcos privilegiados para os finais felizes, mais ou menos previsíveis. Não vem mal ao mundo - pelo contrário - e a maioria dos espectadores gosta e isto também faz parte do ritual de ver e ir ao cinema: sair de lá um pouco mais agasalhado com e à vida, mesmo quando ela é - ou se julga - um tudo ou nada turbulenta e/ou problemática. Guia para um final feliz é um filme que reúne estas características e, para além disso, tem o De Niro e a tal canção de Dylan e Cash, Girl from the North Country.

Investimento

O dinheiro sujo pagou o serviço limpo.

Relato

Passeava com o jornal debaixo do braço e quando lhe fugiu foi notícia.

Alimentos

Todos os dias saía de casa com um livro. Regressava com pão e fruta.

À pala do You Tube XIII

Desta vez o «à pala» deve-se mais a um filme, «Guia para um final feliz», e à descoberta de uma pérola de canção, Girl from the North Country, cantada em dueto por Bob Dylan e Johnny Cash http://youtu.be/n42umTaVbjU

Palavrário (letra f)

Festa fina, feliz,
Fraterna, fecunda,
Farta, fechada,
Furibunda ficou.

Paixão

Deitou-se com ela, aconchegando-se. Enlevado, olhou-a uma vez mais e entregou-se-lhe, completa e apaixonadamente, abraçando-a e dizendo baixinho: que manta tão fofinha!

Ranking

O restaurante ambicionava constar no Guia Michelin. Assim aconteceu. Foi-lhe atribuído uma estrela... cadente.

Record

São já vários os pedidos de fiscalização prévia do Orçamento 2013 entrados no Tribunal Constitucional. Às tantas, trata-se de bater mais um recorde do Guiness...

Um pouco mais de verde

Cansara-se daquele tapete, talvez não da cor. Rolara vezes e vezes, sem conta, batendo ao acaso da sorte ou do talento de poucos, raros. A luz artificial cegava-a, acentuando-se à medida que a noite se fazia mais noite. Sonhava, apesar de tudo. Suspirou. O dia em que se faria ao green, vestida de bola de golfe, parecia nunca mais chegar. Até lá resignava-se, fazia por continuar a sua vida de bola de bilhar, algures num pano verde coçado...

Biografia

O espermatozóide encontrou o óvulo e a vida aconteceu.

Destino

A alma penada tinha um sonho: conhecer o mundo. Penou muito!

Solução

Viu que estava grande e amputou.

Crescendo

- Deixa-me.
- Não faças isso.
- Não aguento.
- Pára!
- Não!!...
As cócegas pararam.

Geografias dos licenciados

Demasiadas famílias fizeram, fazem e continuarão a fazer grandes esforços para proporcionar aos filhos a obtenção de habilitação académica de nível superior. Mesmo que os resultados obtidos não correspondam ao investimento feito, emocional e financeiro, estou certo que esse esforço das famílias continuará a ser feito, com mais ou menos dificuldade, pois não acredito que, nos tempos mais próximos, a geração dos pais que isso tentam concretizar esteja muito afastada ou deixe de estar influenciada pelo paradigma que a formatou e enformou, que é o de considerar que a obtenção de um máximo de habilitações académicas ainda representa um valor relativamente seguro para a ascensão e o sucesso social e profissional.
Haverá coisas que já não têm retorno, no entanto, e que são mais um dos indicadores da contínua e sistemática situação de despovoamento e desertificação do interior: a proveniência geográfica dos actuais e futuros licenciados. Cada vez mais, aquelas situações de orgulho - pois é de este sentimento que se fala - provocadas pela licenciatura de um ou vários «filhos da terra» provenientes de «terras de detrás das fragas» deixarão de ser uma realidade, acabando de vez com uma das manifestações mais saudáveis do campeonato que costumava opor terras contíguas ou rivais. Alguém ainda se lembra?

Paradoxo

Atirou a matar e morreu ele.

Contrabalanço

... E o infinitamente pequeno cresceu.

Surpresa

O infinitamente grande mingou.

Noc noc

- Quem é?
- É o 2013.
- Vens atrasado.