30 julho 2011

Uma questão de pontuação

Avaliados os exemplos e adquirida uma certa experiência do processo, pode chegar-se à conclusão que, habitualmente, tem sido um mesmo roteiro o que tem guiado a transição dos partidos do governo, com alguns ajustamentos. Sobre esta matéria, aliás, parece que a «continuidade» do guião é mesmo uma das características destas fases, o que não deixará de «tranquilizar» quem possa estar preocupado com a «estabilidade» das coisas públicas... Vem isto a propósito de uma primeira avaliação dos tempos iniciais do novo Governo e, particularmente, de alguns episódios mais recentes, que já estão a ocupar as primeiras páginas dos jornais: imposto sobre o subsídio de Natal, nomeações na Caixa e um, mais melindroso, relacionado com as «secretas».
Pode ser impressão minha, mas começam a notar-se alguns sinais de interrogação em relação à actuação do novo Governo, não sei se resultado da época ou da conjuntura que atravessamos ou, pelo contrário, de alguma perplexidade mais fundada. Um comentário aqui, um escrito ali, uma conversa acolá. É algo que começa a fazer o seu caminho e que começa a bulir com as pessoas, dando início aquela fase em que o ponto de exclamação passa a ser ultrapassado pelo ponto de interrogação, quando não pela utilização dos dois em simultâneo. Ainda é cedo?... É difícil?... Vamos bem?... Há lugar ou razões para acreditar?...

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21 julho 2011

O Escritor Fantasma

Terei visto O Escritor Fantasma, de Polanski, mais ou menos há um ano, pelas minhas contas. Ainda escrevi umas linhas, à semelhança do que costumo fazer quando vejo um filme no cinema, mas ficaram guardadas, não na gaveta, mas num qualquer servidor informático, há espera de melhores dias ou de uma escrita mais fluida e desembaraçada, como terá sido o que se terá verificado hoje. É um filme interessante, carregado de ambiguidade e mistério, retratando, supostamente (ou não?...), um determinado mundo de relações, pessoais e institucionais, e uma certa forma de ser e estar na política, tudo isto envolto numa boa, sólida e conveniente «teoria da conspiração», um dos «peditórios» mais em voga nos dias que correm, coloridas consoante o fim e/ou o objectivo, mas fenómenos de adesão garantida para alguma (muita?) gente, sobretudo se apontada para determinados «responsáveis»... Mas voltemos ao filme.
O Escritor Fantasma é um filme que se insere numa linhagem fílmica com tradição, o da intriga e manipulação internacionais, tendo como pano de fundo a intervenção no Iraque, com remoques aos Estados Unidos e pondo em questão o papel e o envolvimento ingleses neste processo, podendo também ser entendido como uma reflexão sobre como as lideranças actuais se assumem e posicionam no universo da política, cada vez mais reféns dos rituais, representações e vivências mediáticas, sujeitos ao rolo compressor do impacto nas notícias e nas sondagens... E aqui, digo eu, é chegado o momento da «teoria da conspiração»... Como Mulder e Scully, porque não acreditar que «A verdade ande por aí»...

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Uma perna às costas

Era uma pessoa crédula. Quando lhe disseram, a propósito de uma tarefa, que iria fazê-la com «uma perna às costas», acreditou e preparou-se para isso - literalmente. Caiu redondo! Ainda não se levantou...

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09 julho 2011

E porque não?

Não me sendo desconhecido, o espectáculo não deixa de ser engraçado e digno de reparo. Tudo começa pelo posicionamento de dois distribuidores, de origem africana, um para uma saída de escadas e outro para outra, aguardando o encaminhamento dos passageiros do metro para cada um desses lanços de escadas. Na mão, um molho de papelinhos, de cor branca, invariavelmente, e de dimensões reduzidas, no formato rectangular, publicitando os serviços e os bons ofícios de «mestres» na «arte» de lidar e manipular as sortes e os desígnios das vidas humanas, no que ao amor, respeito e fortuna dizem respeito. Apesar da exiguidade do suporte publicitário, o cardápio não deixa de ser extenso e abrangente, sendo entregue aos pedestres que o não rejeitam - não vá o diabo tecê-las... - na sequência de um vigoroso bater na pilha de papelinhos iguais na mão do distribuidor. E era isto que me intrigava, o gesto e a forma de bater do papel em cima da pilha, feito com a convicção e a competência de quem sabe o que está a fazer, e que alguém entendido me explicou que funciona como uma espécie de «selo de garantia» para esconjurar algumas «almas» ou influências que possam interferir na corrente entre o «mestre» e o «paciente» que a ele venha a recorrer. Mas isso são outras histórias...
Constatando-se que estas «prestações de serviços» terão tendência para aumentar e ganhar quota de mercado - a fazer fé na proliferação de anúncios e na distribuição dos papelinhos com a batidela da praxe - não ficaria surpreendido que não só os particulares «consultassem» estes «profissionais», mas que também instituições, governos e - porque não? - países, passem a recorrer aos seus préstimos, nesta época conturbada de empréstimos, ratings, dívidas e quejandos... Se fosse às agências de rating, começava a preocupar-me...

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