Alguém lhe terá dito que a melhor abordagem talvez fosse a do camuflado... Ficou intrigado, para não dizer ligeiramente incomodado, receoso de que ainda não fosse desta que a sua investigação/inquérito sobre o detalhe tivesse avanço ou desenvolvimento. Mesmo assim, teria de confiar no que lhe disseram ou julgara ouvir, não conseguia responder a esta dúvida, sob pena de a coisa nunca mais se concretizar. Tinha de avançar, pois não queria problemas com a entidade que lhe adiantara a verba para a investigação. O problema era decidir como se adaptar a esta imposição do camuflado... O melhor era começar por uma loja especializada no artigo.
_ Bom dia.
_ Bom dia. O que vai ser, então...?
_ Ainda não sei muito bem... Dê-me só alguns minutos para dar uma vista de olhos pela loja e ver um ou outro artigo. Depois falo consigo, pode ser...?
_ Claro. Quando quiser.
A loja estava muito bem composta, não havia dúvidas: botas, sapatos, anoraks, pullovers, malhas, meias, luvas, gorros, chapéus, polares, impermeáveis, mantas, e muitos mais artigos de que não sabia para que serviam, mas serviriam para alguma coisa, decerto, de toda a qualidade e feitio, incluindo preço. Obviamente, alguns tinham-lhe despertado mais a atenção do que outros, mas sentia-se confortável para decidir sobre o escolha do «camuflado». Procurou o funcionário que o atendera ao entrar na loja e foi falar com ele, decidido a efectuar a compra.
_ Ora viva, desde há bocado, encontrou alguma coisa de que tivesse gostado...? Posso ajudá-lo...?
_ Sim, certamente. Ando à procura de um camuflado...
_ Para que fim: caça, pesca, fuga, rebuliço, despercebimento...?
_ Não sei... Despercebimento, talvez...? É para um inquérito/investigação...
_ Como nos detectives...?
_ Não. Mais para uma tese/ensaio...
_ Deixe-me ver... Tem prazo...?
_ Sim. Uma bolsa.
_ Há risco...?
_ Só se for de chumbo, parece-me...
_ Muito bem. Por favor experimente esta, a do despercebimento. Que tal...?
_ Boa, sim senhor. Muito confortável. Levo esta!
_ ?... Onde diabo é que o cliente se meteu...!? Colega, ó colega: viste alguém com um camuflado de despercebimento...!?
_ Não, pá. Não ficaste com o talão...!?
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