31 outubro 2021

Impressões

- É impressão nossa ou está a passar por uma fase em que o estilo se revela apenas por linhas?

_ É impressão vossa.

_ Como assim!? Acabou de o fazer!!! Está a querer desconversar?

_ Sim. É impressão minha.

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Muda a hora, fica o relógio

Olha bem para as letras. De frente e sem medo. O que vês? Provavelmente não vês nada, até porque estás de lado e não de frente... Vá lá, vê-las de perfil. Ainda se fosses desenhador... Ou pintor... Ou ilustrador... Tentemos de novo, não vás esquecer-te: «Olha bem para as letras! De frente e sem medo! O que vês?». Continuas a não ver nada, está visto, e agora não estás de lado... Preferias antes um bife, não era...? Compreendo. Mas tens que te contentar com a sopa...



Comentário: antes que me dê alguma coisa ou não vá esquecer-me e deixar passar a ocasião, também sem medo e de frente mando a seguinte mensagem ao autor desta reflexão letra-filo-gastro-treta: não escrevas para aquecer. Queima antes uns toros!


 

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28 outubro 2021

Octana(cidade)

_ Por onde tem andado...!?

_ Por aí...

_ E que me diz, do «por aí»?...

_ Faz-se exercício... E não se paga portagem!...


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17 outubro 2021

Alg(olante)

Olhou para o relógio com um ar enfastiado. Não de fome, mas de tempo. Dez minutos não era grande coisa, mas era alguma coisa. Serviriam muito ou pouco, dependeria de quem os usasse, mas serviriam para algo, qualquer que ele fosse. Por isso, decidiu aceitar. Só teve dúvidas sobre o preparo do 'algo': bem ou mal passado, com muito ou pouco sal, com arroz ou batata, com ou sem salada. Ou ir comer fora, a um «algoburger».

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14 outubro 2021

Road(cena)

«A uma idade incerta, mas próxima da do juízo, resolveu-se por uma crónica. Começou-a pelo princípio, mas rapidamente saltou para o fim. Escolheu bem o penhasco e sorriu quando se aventurou...».

_ Fiquei bloqueado. E agora, o que é que faço?...

_ Onde é que estás...?

_ No final de um parágrafo.

_ Travaste o texto?

_ Sim. E está engatado.

_ Tens gasolina?

_ Sim. Suficiente.

_ Então...?

_ Tenho receio, pois o penhasco é um bocadito alto...

_ E...?

_  E se me magoo...?

_ Muda o penhasco para planície.

_ Sempre a direito...?

_ Nem mais.

 


 


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12 outubro 2021

Past(o)ralidade

Assobiou à meia dúzia de frases que estavam a pastar. Nenhuma lhe ligou... Atiçou-lhes o cão e nada... Resignado, foi-se embora. Ficava o ensinamento: da próxima vez, não as compraria sem-vergonha...

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10 outubro 2021

Rifkin's Festival

Já deve ter sido tudo dito ou escrito sobre os filmes de Woody Allen, umas vezes em tons laudatórios e outras menos entusiásticos. É a vida, poder-se-á dizer. A ver pelas críticas e/ou comentários, também a este Rifkin's Festival se lhe aplicará a etiqueta, qualquer que ela seja, balizada na primeira frase. Admitamos que sim, que na maioria das vezes parece que os temas são sempre ou quase sempre os mesmos que preocupam ou acicatam o realizador, desde há muito tempo, umas vezes melhor, outras pior manejados ou explorados. Mas também é verdade, parece-me, que o visionamento de um filme de Allen, mais um, dirá quem os contabiliza, tem uma característica de retorno e reencontro com uma personagem de que se conhece a maioria dos tiques da forma de ser e de estar, fazendo-nos sorrir ou ficar nostálgicos, pensando (que engraçado!...) que talvez já teríamos reflectido ou vivido nisso... mas não é a mesma coisa!...



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Propriedade

_ Como avaliaria a frase «saíam-lhe palavras do peito...»?

_ Um tudo-nada columbófila... Têm chip, as palavras...?

_ Não sei... foram-me entregues assim... Tem mal...?

_ Talvez, sim... E se são de alguém...?

_ Pois...Aqui, o usucapião não serve...?

_ Quem sabe?... Mas tem que garantir que elas regressam!...

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06 outubro 2021

Compensado

Deram-lhe a entender que o que manifestava era anacrónico... Prometendo solucionar isso, retirou o prefixo e ficou-se pelo 'crónico'. E tê-lo-á feito bem, conclui-se, pois passou a receber uma compensação.

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02 outubro 2021

Uma frase, duas frases, três ou mais frases a dar, a dar

As frases apareceram-lhe desirmanadas e a suspirar por uma ajuda... A disposição para as aturar não era muita, para não dizer nenhuma. Contudo, elas insistiam (desafinadas, mas persistentes). Farto de as ver e, sobretudo, de as ouvir, lá se dignou em entreabrir-lhes uma nesga na porta, pequenina, para que se esgueirassem e, eventualmente, expusessem ao que vinham... Coisa que acabaram por não fazer (que lata!), antes se preocupando em asilar à mesa, que estava posta e composta. Arrasado e limpo o que estava em cima dela, deitaram-se a dormir uma soneca e pediram que não fossem incomodadas, as explicações ficariam para depois, que falasse com a interpretação... mas que estava atrasada...

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