30 maio 2021

Estrugido

Utilizara um bold, mas poderia ter usado um itálico ou um sublinhado para o alerta. Pensando melhor, talvez a opção itálico não fosse a mais apropriada, dada a situação. Mas o bold sim, tal como o sublinhado, pois adequavam-se perfeitamente à queimadela do almoço.

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29 maio 2021

Olhei para o painel das visualizações e não se mexe. Estará com defeito?

Provavelmente... Mas também pode não ser culpa dele...

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In medias res

_ Começamos por onde...?

_ Pelo meio.

_ Por ser onde se encontra a virtude...?

_ Não. Por ser o começo da história...

_ Não devia ser pelo princípio...?

_ Não. Pelo meio. O princípio... chegamos lá depois.

_ Não deveria ser o fim...?

_ Mais tarde, mais tarde... Não será melhor começarmos...?

_ Por onde, pelo meio...?


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Vestimenta (e outras rábulas)

Chegado o bom tempo, todos os dias se confrontava com um dilema: t-shirt ou camisa? Nos dias de semana, o dilema não o chegava a ser, dada a opção praticamente obrigatória pela camisa, resquício dos tempos em que ainda estava no activo... Já a opção pela t-shirt era mais rara ou inexistente, pela mesma razão. Mas, perguntam vocês, e no fim-de-semana...? Aí, também poucas alterações se verificavam em relação ao padrão, a escolha da camisa, com o argumento de que já não tinha idade para isso...


Comentário: Não se percebe o que é que o autor pretende com este texto... Se calhar, também não era para perceber... Por dever de ofício, no entanto, lá vamos fazer um esforço para o tentar. Comecemos pelas peças do vestuário e talvez nos fiquemos por aí... A t-shirt ou a camisa são feitas de que tecido? E a cor, não interessa...? E o dilema, veste calça ou calções...? Ténis ou sapato de vela...? Laço ou gravata...? Chapéu ou boina...? Como se vê, muitas questões e nenhuma resposta, parece que se toca aqui num ponto crítico, do domínio da malha ou do têxtil, não se sabe, mas a apontar para um vislumbre de qualquer coisa, mas sem saber muito bem o que é... Na dúvida, aconselha-se a apostar no macacão!...

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27 maio 2021

Castigo

_ Moeram-lhe o corpo... Foi uma vergonha!

_ Bateram-lhe...!?

_ Não. A trabalhar.

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25 maio 2021

Li um livro sobre o tema X, mas não percebi nada. O que posso fazer?

Também não sabemos. Experimente trocar a incógnita e veja o que acontece.

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24 maio 2021

1.ª página

O golpe fora delineado com profissionalismo e executado com o saber dos mestres. No dia seguinte, fez as capas dos jornais, espantando os jornalistas veteranos... Em menos de um fósforo, o lápis e a lapiseira tinham extraído a tinta à caneta. Limpinho e sem um borrão.

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23 maio 2021

Lunch time

Esparramado no sofá, abriu a boca, à laia de desfastio. Olhou em volta e o olhar fixou-se na latinha, posta à hora certa e com o requinte habitual, com lustro do metal. Esticando as patas, virou-se para o lado. E voltou a adormecer.


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Confissão

_ E agora, prognósticos...?

_ Só no fim do jogo...

_ Ai só!?... Assim, não me interessa. Ganho pouco... ou nada!

_ É o que há...

_ Não era suposto ser um guru...?

_ Sim. E daí?...

_ Estava à espera de mais arrojo, mais ousadia, mais destemidez!...

_ E sou!...

_ É!?... Como, se não faz previsões antes?...

_ Porque só as faço depois.

 


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22 maio 2021

Dois mundos diferentes...?

Pertenciam a dois mundos diferentes, pelo menos assim pensara até ao momento... Nesse dia, porém, algo mudou. Aparentemente, tudo estava como era normal e esperado. Na rua, a azáfama do costume: pessoas, carros, ruído, idas e vindas de um quotidiano que teima em recuperar o que perdeu, mas que resiste, ainda que se não dê conta. Na esplanada, o cenário habitual: mesas, cadeiras, pessoas que procuram espairecer e sacudir marasmos que os apoquentam ou afligem, mastigando um bolo, uma sandes ou uma torrada, temperados com um sorver de um café ou de outra bebida, rápido ou pausado que seja. Sozinho, o homem olha em frente e surpreende-se (coisa do caraças!) com o pousar de um pardal numa das cadeiras da sua mesa, sem medo ou desconforto, parecia, olhando para si, como que à espera de estabelecer uma qualquer conexão, pequena que fosse, mas real, era o que se subentendia... E que aconteceu, sob a forma de uma migalha, lançada a medo, com receio de que o gesto não fosse entendido como uma ameaça... Que não o foi, antes pelo contrário, pois o pardal apanhou-a e rapidamente levantou voo, levando a um leve sorriso e, também, a uma pequena nostalgia, rapidamente ultrapassada pelo pousar do mesmo ou de um outro pardal, não seria possível descortinar, com um pequeno pedaço de uma herbácea no bico, quem sabe se como forma de troca (caso fosse o primeiro) ou como demonstração de que também um pardal conseguia ser uma espécie de malabarista ou equilibrista do que se consegue transportar com o bico, como o homem constatou, lançando nova migalha e que o pardal apanhou, sem deixar cair o que já trazia no bico, levantando de seguida, não se sabe para onde...

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18 maio 2021

Nomadland - sobreviver na América

Ser ou estar nómada é uma fatalidade ou uma escolha...? Consoante a perspectiva ou o olhar, não há uma resposta unívoca. Também não é irrelevante, parece-me, a dimensão do espaço e a tradição existencial-cultural que podem estar associadas a essa situação. E, neste domínio, por facilidade, predomínio noticioso ou relevância de ordem diversa, os Estados Unidos aparecem como uma das referências óbvias e imediatas, pelo menos para a parte ocidentalizada do mundo. O filme incorpora e reformula, à sua maneira, este tema, colocando questões pertinentes a quem o visiona, mais não seja pelo conhecimento de algumas realidades e histórias de quem escolhe ou se vê obrigado a escolher esta particular forma de vida, sendo redutor olhá-la por prismas tentadores e imediatos, por demasiado fáceis. E daí resulta também algum incómodo, sub ou inconscientemente, para não dizer uma tentação, ainda que efémera, que se perfila na pergunta: como seria, se fosse comigo...?

A imensidão do espaço e da solidão podem ser avassaladoras, mas simultânea e paradoxalmente um apelo intrínseco e chamativo. E a resposta tem que ser cada um a dá-la, sem compromisso ou tolhimento. É esse o espírito.

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16 maio 2021

Não sei que fazer. E agora?...

... Bate-chapas e tinta Robbialac são uma boa opção.

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15 maio 2021

Bi(furcado)

Chegado à bifurcação, fechou os olhos. O sol batia de frente, era por isso, e não por uma qualquer dúvida que se colocasse acerca de qual o caminho a escolher... Que seria legítima, aliás, até porque as duas hipóteses se revelavam o mais diferentes possível: uma a subir, com pedras, e outra a descer, com relva. Desconfiando da fartura da outra, escolheu a que subia e com pedras. Fez bem, como se percebeu mais adiante, quando alguém, que escolhera o caminho de baixo, começou aos berros e a dizer-lhe que fizera um galo, espetando-se de encontro a uma árvore, colocada a meio do troço de relva, mas assinalada. Para seu azar, esquecera-se dos óculos...

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Quem dá mais...?

Há muito tempo que não ia à feira. Mas, nesse dia, vá-se lá saber porquê, talvez por ser dia de feira, era o mais provável, decidiu deslocar-se até lá e, se possível, tentar realizar algum negócio, caso a oportunidade se proporcionasse. Os auspícios não eram maus, agora que tinha aprendido um nome para a sua natureza, a de ligeiramente assacanado, que herdara de família, aparentemente, e que uma boa-alma lhe tinha indicado, quando lhe perguntara pelas horas e a resposta tinha sido a previsível: um dedo do meio espetado. Nos bolsos, três ou quatro pedras, e pela rédea um burro com três patas, uma saltara pelo caminho, o que desvalorizaria o artigo, talvez, mas que com um bocado de jeito ainda venderia como híbrido original, talvez projecto de um criador mais radical ou com uma perspectiva fora da caixa...

 


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12 maio 2021

Prob(abilidades)

_ Que hipóteses temos...?

_ Poucas ou nenhumas. É melhor deixar...

_ Não tentamos, nem nada...?

_ Não sei... Que é que dizes...?

_ Logo se vê... Senhoras e senhores, isto é um assalto!

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11 maio 2021

O tónico, esse malandro...

Iria dizer-lhe das boas... Mas tinha que cuidar da voz. Daí à marcação da consulta foi um salto, sendo-lhe receitado um tónico. Que tomou, de enfiada. Chegado ao local, estava afónico. O médico não perderia pela demora... Ouviria das boas...

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09 maio 2021

Tatuagem

Olhou para a tatuagem e perguntou que flor era aquela. A mulher riu-se e disse-lhe que era uma planta canibal. E, num ápice, o homem desapareceu...

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O Pai

Digam o que disserem, não estamos preparados para ver e lidar com uma realidade como a demência. Habituados e tranquilizados por anos e anos de rotinas e comportamentos mais ou menos previsíveis, continuados e reconhecidos, quando as coisas entram naquela categoria e passam a enquadrar o ser e o estar de uma pessoa, próxima, muitas vezes, tudo ganha uma dimensão e uma perspectiva inimagináveis, para não dizer estranha e cruel, não tenhamos medo das palavras.

E é a sensação que fica depois de visionamento do filme, O Pai, e de duas portentosas interpretações, a de Anthony Hopkins (o pai), e a de Olivia Colman (a filha). Um filme duro e comovente sobre uma realidade que nos ronda cada vez mais.

 


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07 maio 2021

Gerir o(s) momento(s)

_ Arranja-me aí um cigarro... Quando tiver dinheiro, compro-te dois maços!...

_ Dois maços!?... E quando vai ser...?

_ Quando tiver dinheiro...

_ É capaz de demorar, portanto...?

_ Talvez... Sim, deve demorar um pouco... Até lá, arranja-me outro!...

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02 maio 2021

Seguindo o rasto...

Contrariamente ao que se possa pensar, hoje era daqueles dias em que a falta de assunto olha para nós e pisca o olho, como quem diz: «Então, não dizes nada...?».

Um bocejo, um dedo do meio esticado, quando não um sapato que se atira na direcção visada, são a resposta ao piscar de olho e à provocação da pergunta, talvez entremeado com um rosnar entre dentes: «Não perdes pela demora...». Que chega logo, honra lhe seja feita, como se estivesse aguardar a sua vez para subir ao palco, talvez com efeitos especiais e sonoros alaridos. Adelante!

As fontes tinham dado o alerta. Diziam-me: mantém-te atento que a coisa acontece. Até lá, bebe um fino ou dois, vá lá, três, se estiveres com companhia e a conversa puxar por isso, nunca esquecer que a saliva é pouca nestes momentos de cavaqueira ou de debate ao correr do tempo, mas não passes dessa conta, que é aquela que Deus fez. 

Era uma das vantagens deste tipo de fontes, as moderadas e temperadas, certas e certinhas no pingar de uma cacha ou outra, habitualmente uma coisa suave, sempre com conta, peso e medida. Mas às vezes com algum picante, como esta, de que o personagem que devia entrevistar tinha contactos privilegiados nas altas esferas militares de um país estrangeiro, mas de que não posso revelar o nome, por razões deontológicas e de segurança, de certo compreendem esta relutância...

Perguntado onde estaria asilado tal personagem, foi-me dito que seguisse o rasto dos caças-bombardeiros, era disto que se tratava, e que, à cautela, levasse um capacete na cabeça, sob pena de não ter autorização para entrar no «bunkére» (sic).

Intrigado, perguntei o que fazer se por acaso o rasto se tivesse perdido e se havia alguma forma alternativa de poder dar com o «bunkére». Olhando para todos os lados, pareceu-me que com algum receio, suspeitei, a fonte fez-me sinal e apontou para uma casa, mais ou menos a 50 metros do sítio onde estávamos e desapareceu, desatando a fugir e aos berros de que não era responsável por nada e que não me conhecia de lado nenhum, o que não deixava de ser estranho, pois tínhamos acabado de beber quatro ou cinco finos, pagos por mim, fazia questão, pois era trabalho...

Por sorte, tinha trazido o meu capacete de espeleologista, que andava sempre comigo, e pus-me a andar para a casa que a fonte me apontara e, lá chegado, bati à porta, três toques curtos e um longo, aprendera esta senha nos filmes e nos livros de espionagem, sabia que funcionava e era uma espécie de código certificado.

Quem me abriu a porta não estranhou a minha presença, pondo-me à vontade e dizendo-me que já estava à minha espera, pois um dos pilotos dos caça-bombardeiros mandara-lhe uma mensagem, codificada, é claro, alertando-o de que eu estava a aparecer. 

Estava visto que ter conhecimentos destes não era para toda a gente, foi a conclusão a que cheguei, e que talvez lhe pudesse fazer uma entrevista, caso o protocolo de segurança e a comunicação com os caça-bombardeiros não fosse colocada em risco, a minha intenção era apenas a de informar os leitores e dar a conhecer este apontamento de reportagem.

O homem olhou para mim e disse que não, lamentava, mas que eram horas de ir para o «bunkére». Como estava a contar ficar lá até ao próximo bombardeamento, não podia ser nada, que tentasse mais tarde. E fechou a porta, pondo-me na rua.

Começava  a ouvir-se o troar dos aviões. Apertando o capacete na cabeça, procuro refúgio, por via das dúvidas. Do céu, em pára-quedas, desce um objecto. Aperto mais o capacete e começo a sentir suores frios. O objecto em pára-queda pousa: era uma cola. Não estava má.


(in Estava Lá, Mas por Acaso, pp.887)

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01 maio 2021

Termómetro

Agasalhou-se com o optimismo e respirou fundo. Mas não contou com a aragem pessimista, essa desmancha-prazeres.

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Es(x)portiçar

Quem se não pela por uma história ou uma referência a coisas de bruxas...? Há quem goste ou ache piada, mas também há quem se ponha a milhas e assobie para o ar... Tudo isto a propósito da descoberta de um costume antigo, próprio do dia, que é o da colocação de flores amarelas de giesta nas portas e ou janelas das casas para afastar, espantar as bruxas, para 'esportiçar/exportiçar', não se conseguiu encontrar a ortografia que afiançasse a palavra, apenas o som de quem a pronunciou, ouvida assim ou aparentada, mas com o inegável significado associado ao uso das ditas das flores, o do espantar para longe, e bem longe, supõe-se, a visita ou a intromissão das bruxas ou equiparadas...

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