Ida ao pão
A cena passa-se nos arredores da capital, numa manhã de Outono com uma temperatura agradável.
Estugando o passo para o pão, uma transeunte depara-se com uma cena edificante, se bem que pautada com expressões do mais puro vernáculo, que os ouvidos castos da transeunte ouvem mas não guardam, muito menos se aventurando a reproduzir.
E que cena edificante seria? – pergunta o leitor, se o houvesse - mas vamos admitir que sim: uma outra pessoa, de estaleca e preocupação cidadãs, limpando o que outros sujaram, acobertados na pouca consideração pelo espaço público e nas necessidades fisiológicas dos canídeos. «Que vergonha!», ouviu-se (noutros termos e com outra contundência) pela boca da cidadã que limpou, arregaçando os braços e invocando juras ameaçadoras. «Sem dúvida!», respondeu a nossa transeunte, também ela indignada pelo comportamento incivilizado dos seus concidadãos, quem sabe se vizinhos e bem-postos… E enquanto assim pensava, eis que a nossa limpadora cidadã, talvez furiosa pelo agravo, culmina o seu trabalho e arremessa, com pontaria e destreza, há que dizê-lo, a embalagem do produto lixiviante, esgotado o seu uso, no espaço vedado de uma capela, espaço, também ele, sagrado, mas público na sua consideração ambiental, pese embora o profano da preocupação, que fica anotada.
Mas voltemos à nossa transeunte que ia ao pão, espectadora privilegiada e insuspeita de tal espectáculo, expressivo na dramatização e contraditório nos seus efeitos. Sem saber muito bem o que fazer ou concluir, virou-se para os seus botões e murmurou, como numa prece:
-Amanhã, como papas!
Estugando o passo para o pão, uma transeunte depara-se com uma cena edificante, se bem que pautada com expressões do mais puro vernáculo, que os ouvidos castos da transeunte ouvem mas não guardam, muito menos se aventurando a reproduzir.
E que cena edificante seria? – pergunta o leitor, se o houvesse - mas vamos admitir que sim: uma outra pessoa, de estaleca e preocupação cidadãs, limpando o que outros sujaram, acobertados na pouca consideração pelo espaço público e nas necessidades fisiológicas dos canídeos. «Que vergonha!», ouviu-se (noutros termos e com outra contundência) pela boca da cidadã que limpou, arregaçando os braços e invocando juras ameaçadoras. «Sem dúvida!», respondeu a nossa transeunte, também ela indignada pelo comportamento incivilizado dos seus concidadãos, quem sabe se vizinhos e bem-postos… E enquanto assim pensava, eis que a nossa limpadora cidadã, talvez furiosa pelo agravo, culmina o seu trabalho e arremessa, com pontaria e destreza, há que dizê-lo, a embalagem do produto lixiviante, esgotado o seu uso, no espaço vedado de uma capela, espaço, também ele, sagrado, mas público na sua consideração ambiental, pese embora o profano da preocupação, que fica anotada.
Mas voltemos à nossa transeunte que ia ao pão, espectadora privilegiada e insuspeita de tal espectáculo, expressivo na dramatização e contraditório nos seus efeitos. Sem saber muito bem o que fazer ou concluir, virou-se para os seus botões e murmurou, como numa prece:
-Amanhã, como papas!
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