31 dezembro 2007

Cuecas azuis

Para o novo ano, faço minhas as palavras de Nuno Markl, dadas a conhecer hoje pelo crítico de TV do Público, Jorge Mourinha, na sua crónica: «Não tenho cuecas azuis para estrear no Ano Novo».

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28 dezembro 2007

Novo ano

Com a morte de Benazir Bhutto, ocorrida ontem, adensam-se as nuvens para 2008. Iraque, Afeganistão, Paquistão, Líbano, Palestina, Irão, e o que mais se verá, são incógnitas quanto à adequação às preocupações e desejos do mundo ocidental. Talvez me engane - e oxalá que sim - mas as perspectivas para 2008 não são famosas.

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Transferência

Queira-se ou não, ler jornais, on-line ou em papel, ainda é uma mais-valia informativa. Veja-se o caso das edições on-line de hoje do Jornal de Notícias e do Jornal de Negócios. Dois artigos, um de Leite Pereira, do JN, e outro de Pedro Guerreiro, do Jornal de Negócios, chamam a atenção para as implicações (possíveis e previsíveis) da «transferência» do momento: a do presidente da Caixa Geral de Depósitos para o BCP. É espantoso! Coisa semelhante só no futebol! Como credencial não está mal, não senhor!
Lá volto eu à minha vizinha: - Mãe Santíssima!!

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25 dezembro 2007

Continho (negro) de Natal III

A família estava reunida para a ceia de Natal: pais, filhos, avós, netos, tios, tias e um cão. O cão era pequenino, com patas pequeninas e um corpo alongado, tipo salsicha. Todos gostavam dele e ele gostava de todos, sobretudo de um dos filhos dos donos da casa. Filho de uns, sobrinho de outros membros presentes no jantar, como se disse. Tudo corria bem: a ceia era tradicional e farta, os membros da família estavam contentes, as crianças estavam ansiosas, expectantes das prendas. O Pai Natal chegou e fez o seu número: prenda para A, doce para B, conselho para C. Tudo correu bem e todos ficaram contentes. Chegou a hora da despedida, que eram horas de deitar crianças e fazer sonhar os adultos. Beijo aqui, abraço dali, mãozada acolá. Boa noite a todos e um croque, carinhoso, ao sobrinho que era o protegido do cão. Num ápice, fiel ao instinto e grato pelas festas, o cãozito abocanhou a mão do «caroleiro», afiançando, com o seu gesto, a lealdade ao seu dono. Abocanhou e roçou os dentes na carne da mão, fazendo a vítima berrar de surpresa e incredulidade. Tudo acabou em bem. É Natal.

Moral da história: No Natal, não dê croques.

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24 dezembro 2007

Continho (negro) de Natal II

Bairro popular, dia de sol e véspera de Natal. Duas vizinhas, depois das compras, conversam.
Vizinha1: - Fulano caiu, partiu a cabeça e três dedos!
Vizinha2: - Não caísse!

Moral da história: No Natal, não caia!

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Continho (negro) de Natal I

Era uma criança, pequena de idade mas grande de manha. Era cioso do afecto e da atenção de todos, sobretudo da sua avó de coração. Mimado e criança, era como todas as crianças na sua condição. A «avó» tinha um cunhado, presença habitual da casa e apreciador de cerveja. Como sempre nestas visitas, o cunhado chegava, cumprimentava o irmão e a cunhada, e servia-se de uma cerveja, que apreciava, como já se disse. A criança, atenta e ciosa, como sempre, via e anotava o ritual. À cautela, não fosse o «Diabo das Crianças» tecê-las, informou a sua «avó», como quem não quer a coisa, do rombo no stock de cervejas que, na sua opinião, o iluste cunhado provocaria na despensa da sua «avó». A «avó», como se calcula, «anotava» a queixa e participava no jogo.
Um dia, ao ver o cunhado da avó, a criança comentou, como quem não quer a coisa:
«Olh'ó da cerveja!»

Moral da história: No Natal, não beba cerveja.

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23 dezembro 2007

Boas-Festas

Fartei-me das imagens do Pai Natal, das renas, dos pinheiros, das casinhas iluminadas, dos bonecos de neve, das bolas coloridas e das boas-festas em várias línguas. Não estava para grandes exortações sobre a paz e a harmonia do e no mundo, nada. Queria uma coisinha simples, mas pouco vulgar em postais de Natal. Tive sorte.
Consegui arranjar uma imagem que me agradou, uma que parodiava a campanha da «menina do gás», e lá me pus a escrevinhar duas ou três frases, dedicadas ao tema da amizade - bonito, hem?... - que julguei apropriadas à ilustração, aos destinatários e à época. Fica para memória futura, que também é bom afagar o ego.
Mensagem de Boas-Festas, sem a «fotografia» da menina do gás (é pena, eu sei), enviada aos meus amigos e amigas, conhecidos e desconhecidos (por que não?...), no dia da graça de 23 de Dezembro de 2007, depois das 19h, algures no território dito de Portugal, mais conhecido como a West Coast of Europe:
«O Natal e o Ano Novo são épocas especiais. Sendo especiais, devem partilhar-se com pessoas especiais. Como vós. Por isso, a escolha de um cartão de boas-festas, enviado a pessoas especiais, é uma responsabilidade séria, mas gratificante. Infelizmente, não sou o Pai Natal: não posso dar-vos nenhum brinquedo, embora saiba que todos se portaram bem, muito bem. Mas isso não significa que não tenha pensado em vós. Por ter pensado em vós, aqui vai uma prenda singela e simbólica. Só peço que a estimem, pois ela é dada com muito carinho. E também é rija, como é e será a nossa amizade. Bom Natal e Bom Ano.».

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Lugar-comum

Desde o dia 11 que não escrevia. Não me apetecia. Ou talvez não tivesse nada para dizer ou escrever.
Estou gasto. É verdade que o período do Natal deixa as pessoas exaustas. Mesmo que não tenham feito um esforço físico por aí além, o desgaste é grande. Talvez por razões de natureza emocional, não sei, ou por qualquer outra misteriosa razão.
É um paradoxo, este período de Natal. O afã comercial, mais do que qualquer outro, contribui para isso. Pensando-se ou desejando-se alegres, as pessoas estão cada vez mais tristes. Macambúzias. Ensimesmadas.
É um lugar-comum dizer que o Natal já não é o que era. É verdade. E daí?... Temos melhor?...

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11 dezembro 2007

Fase seguinte

Sabe bem, obtermos êxito. De certeza que foi isso que pensaram os jogadores do Porto, ao conseguirem a passagem à fase seguinte da Liga dos Campeões. Passagem merecida, diga-se. O adversário de hoje foi macio, não causando grandes problemas. A partir de agora, as coisas são diferentes. Na fase de eliminatórias, que agora se inicia, tudo é possível, embora ache que o ter chegado aqui foi bem bom. O que vier, se vier, é lucro.

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10 dezembro 2007

Perspectivas?...

Posso estar enganado - oxalá que sim! -, mas suspeito que as pessoas começam mais a arregalar os olhos e a ficar com os ouvidos à escuta em relação às notícias sobre os acontecimentos violentos que aconteceram em Lisboa e no Porto, do que com os resultados e o folclore das cimeiras e das assinaturas de tratados, reformadores ou não. Perspectivas, talvez?...

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06 dezembro 2007

Sacos

Directo ao assunto: era uma boa ideia a da taxa sobre os sacos de plástico. E um sinal no bom sentido. Ao não o fazer, o Governo fez mal.
Por razões ambientais e económicas, não é admissível o desbaratar de recursos que se verifica nesse gesto «altruísta» dos supermercados. Alguém tem que pagar isso (e com custos elevados) - nós! Queira-se ou não, goste-se ou não, temos que ter os pés assentes na terra - a preservação do ambiente e a poupança dos recursos tem custos, não é grátis. E também não se vai lá, só com campanhas e sensibilizações... grátis (supostamente).
Utilizar e reutilizar outros sacos não é sinal de menor desenvolvimento, nem de falta de status. Bem enganado está, quem pensa o contrário... Pode ser um pequeno gesto, mas de um grande significado. É um sinal claro de envolvimento e de acção, não de alheamento.
Nos supermercados onde os sacos se pagam, constatei várias vezes, há já muita «alminha» (eu incluído) que anda com um saquinho ou leva uns saquinhos de casa. Este elemento vale o que vale e não tem a pretensão de ser um dado científico. É significativo?... É insignificante?...Veja cada um por si, pois é a todos nós que esta coisa do ambiente interpela. Se se chega lá pelo bolso, que interessa?
Pelos vistos, o Governo não pensa assim.

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05 dezembro 2007

Conversas com o meu Jardineiro

Passados anos, dois colegas de escola reencontram-se. Um, pintor, urbano e em crise, encontra-se num impasse, emocional e criativo. Outro, reformado dos caminhos-de-ferro, jardineiro por vocação e anseio, rústico, aquietado e confortado pelo seu ramerrame.
Muitas coisas os separam: a condição social, a visão do mundo e as expectativas. Une-os a memória de infância, de brincadeiras partilhadas no espaço e nos bancos da escola, espaço de «partilha e igualitarização social» por excelência, pelo menos segundo o desenho e a proposta de algumas teorias e práticas pedagógicas. Mas também aqui, no valor e no peso da memória, as diferenças entre o pintor e o ex-ferroviário, que se assume e realiza como jardineiro, são visíveis: mesmo que dolorosa, presente e permanente no rural, esbatida e lassa no urbano.
A (re)criação e a manutenção de uma horta vai permitir o (re)encontro e o (re)avivar de memórias e da relação de amizade, num percurso evocativo e simbólico, que decorre nos «espaços» tradicionais da mundividência telúrica: o da «casa», espaço e lugar da família, seguro e protector; e o da «terra», o da «horta», o do «enraizamento», cenário privilegiado para a manifestação do «cuidar de», do «acompanhar», do «organizar» e do «frutificar», isto é, o espaço destinado ao «maravilhamento», ele próprio «inspirador» e «criador». Em qualquer dos casos, ambos possuindo uma carga afectiva e simbólica fortes e estruturantes.
Dois homens, dois percursos, duas sensibilidades, aparentemente opostos, aprendem a descobrir e a (re)descobrir-se, num processo mútuo de aprendizagem, de acordo com o ritmo e a cadência dos tempos cronológico, meteorológico e psicológico. Nesta aprendizagem, usam e fruem o diálogo como meio e instrumento de auto-(re)conhecimento. É, se quisermos, a (re)descoberta dos méritos e das potencialidades de um método ancestral, o socrático, que aqui se afirma e revela em todo o seu esplendor.
Conversas com o meu Jardineiro é um filme, pois de um filme se trata, em que se (re)cria a história, mil vezes contada e (re)contada, do regresso e da necessidade do «voltar às origens», numa incessante interrogação sobre os seus fins e os seus limites. É um filme sobre a (re)criação da identidade e das vantagens da harmonia, ao nível dos afectos, das emoções e das vivências.
Conversas com o meu Jardineiro é um filme para nostálgicos, mesmo que descrentes. Muitos se reverão nele, sobretudo os que, em determinado momento ou circunstância, alguma vez tenham idealizado ou (re)criado um «mítico voltar às origens», quer para se (re)identificarem consigo próprios, quer para (re)descobrirem uma «original e primacial» pureza: no ser e estar na vida, nos afectos ou nas manifestações da e pela arte.
Conversas com o meu Jardineiro toca-nos, talvez por já não se estar habituado a ver filmes assim: simples e belos, quase pueris. Por isso também, é um filme nostálgico. Mas é, paradoxalmente, uma nostalgia gratificante. Das que nos fazem sonhar e encantar.
Conversas com o meu Jardineiro é um lindo filme e uma bela história. Das que ficam e das quais se gosta. Por ele passam todas as grandes (ou pequenas) questões que nos interessam e que interessam: sobre a vida, sobre a morte, as alegrias e as tristezas, a amizade, a família, os filhos, os amores e os desamores, a arte, sobre o «ser» e o «estar» na vida e no mundo. Talvez por isso (quem sabe?...), seja um filme para nostálgicos.

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01 dezembro 2007

«Derby»

Dentro de alguns minutos, vai disputar-se mais um Benfica-Porto. Um derby, em linguagem futebolística.
Há dias, descobri que se tinha iniciado um novo e imprevisível derby em Portugal: o derby Vasco Pulido Valente-Miguel Sousa Tavares. À semelhança dos jogos de bola típicos - ou não fosse ele um derby! - este também já tem as suas claques. E aguerridas, pelo menos do lado do Sousa Tavares!
Quem vai ser o vencedor, ainda não se sabe. Que a coisa promete, promete. Este «campeonato» ainda vai dar que falar.

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Greve

Mais do que saber quais é que estão certos, se os números dos sindicatos, se os do Governo, talvez o dado mais interessante fosse o de conhecer as razões de quem não fez greve. Muitas surpresas haveria, provavelmente para qualquer um dos lados.
Para mim, é evidente que os sindicatos têm perdido força, capacidade de mobilização e de influência junto dos funcionários da Administração Pública. E muitas das vezes da responsabilidade dos próprios sindicatos, que não têm podido (ou querido?) alterar a sua forma de intervenção e/ou apreensão do real. E o preço a pagar é (quantas vezes!) um progressivo e inquestionável afastamento entre a sua estrutura e os seus representados: muitos deles não se revêm no ser e no agir dos sindicatos do sector. Iludir este dado é uma mistificação.
Para o Governo, também, poderá ser fatal uma interpretação benigna dos resultados da adesão à greve, pela razão de que eles também poderão estar a escamotear uma realidade (oculta) de descontentamento, não traduzível nos números de uma greve - haverá que procurar outras razões. O descontentamento está lá, mesmo que não se converta em número ou percentagem de grevistas. Fie-se o Governo nos números apurados, iludindo esta insatisfação larvar, mas real, e, parece-me, ainda se arrisca a ter alguns amargos de boca.

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