27 novembro 2008

Voz da rua

A Presidência da República é, estou certo, a instituição política mais respeitada no País. Seja quem for o Presidente, estou convencido que, em geral, os portugueses têm ajuizado positivamente os presidentes pós-25 de Abril. E, na minha opinião, isto deve-se mais à instituição do que ao seu titular.
Se for verdade este juízo de valor sobre a instituição Presidência da República, mais surpreendente será, para uma grande maioria de mortais deste país, a situação e a polémica em torno do conselheiro de estado Dias Loureiro.
Chame-se-lhe o que quiser - «voz da rua», por exemplo -, mas tenho quase a certeza de que a maioria das pessoas só vê como saída lógica e digna a demissão do senhor do cargo, por se ter tornado insustentável, dos pontos de vista ético e político. Custará tanto a perceber?!...

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Salve

O Porto e o Sporting passaram aos oitavos de final da Liga dos Campeões. Dado o estado actual das duas equipas e da competitividade do nosso campeonato, os objectivos para esta competição já foram atingidos. Tudo o que vier a seguir - se vier - é lucro. Deixemos-nos de ilusões e de mania das grandezas.
Quem também deve perder a mania das grandezas, parece-me, é o Benfica, depois da derrota de hoje (5-1) com o Olympiacos. As coisas são o que são e os tempos de antigamente são isso mesmo: já foram.
Nesta altura, o Braga ganha ao Wolfsburgo da Alemanha (2-1). Se aguentarem - oxalá que sim! - têm razão, estes sim, para toda a vaidade que adoptarem, dada a bela campanha que estão a fazer.
Honra também aos vencidos, desta vez o clube da terra - o Grupo Desportivo de Moncorvo (GDM). Recebeu o Setúbal e não resistiu (0-4) a um confronto mais exigente do que aqueles para os quais estará habituado ou tarimbado. Fecho como abri: para o GDM, o chegar aqui já foi lucro. Salve!

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25 novembro 2008

O chá

A velhota, de 76 anos, e o garoto, de cinco, formavam uma parelha curiosa e cúmplice. Apesar da diferença de idades e de vidas, entendiam-se como iguais. Mérito da velha, sem dúvida, e empatia do moço, com certeza. Deviam ser avó e neto, pelo que se conseguia perceber. Apanhei-lhes este diálogo, de passagem, que envolvia também um adulto, presumivelmente o pai. A cena passou-se este mês, num dia um pouco frio. Velhota: - Anda, vamos comer um gelado. Garoto: - Espera, que tenho que vestir o kispo. Velhota: - Vá, despacha-te, antes que aquilo feche. O pai, que ouvia a conversa, intromete-se na conversa. Pai: - Vais aonde?... Comer um gelado?!... Estás maluco, ou quê?!... Garoto: - Gelado?! Desculpa, enganei-me. Vou é tomar um chá... Pai (perdido de riso): Ah, um chá!... T'á bem. Se é para tomares um chá, em vez de um gelado, vai lá. E lá foram eles, passeio fora: a velhota, de 76 anos, e o garoto, de cinco, perdidos de riso e contentes por terem embarrilado o adulto... A tomar «chá», suspeita-se...

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Allways look...

No início do dia, o «Adeus tristeza», de Fernando Tordo, constituía um prenúncio para as boas notícias. Como esta: a criação do site oficial dos Monty Python no You Tube.
Allways look on the bright side of the life...

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Tordo

«Adeus tristeza, até depois...». Uma grande canção e uma grande voz portuguesas: Fernando Tordo!

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24 novembro 2008

Bond

Quantum of Solace é o novo James Bond. Vê-se, como todos os «James Bond», mas não sei se deixa saudades. Violência, violência, violência. Tanta, também farta. O mundo está difícil e duro e Bond responde da mesma maneira. Há quem goste.

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23 novembro 2008

Leitor em fuga

O hábito, condições várias, a crise, o que quer que fosse, determinavam aquele comportamento: não comprava livros, mas lia muitos. E não era nas bibliotecas - era nas próprias livrarias. Todos os dias, de Verão ou de Inverno, quentes ou frios, secos ou chuvosos, escolhia a sua livraria e dedicava-se à leitura: de relance, algumas vezes, compenetrada, noutras. Durante anos, fez isto dias e dias. Nas livrarias que frequentava, todos o conheciam. Ninguém sabia como se chamava, se tinha família ou quantos anos tinha. Ele, por sua vez, não falava com ninguém e, aparentemente, não dava mostras de que isso o incomodasse ou o inibisse. Para alguns empregados ou empregadas, porém, inclinava ligeiramente a cabeça, como sinal de reconhecimento ou empatia, às vezes com um ténue sorriso. E era só. Os dias e os anos passaram, sempre nesta cadência. Os próprios empregados se acostumaram. E também os clientes mais assíduos. Chamavam-lhe, não sem alguma ternura, «leitor em fuga». E «leitor em fuga» ficou. Um dia, o nosso «leitor em fuga» não apareceu. No outro, também. E perdeu-se o rasto ao «leitor em fuga», tornado mistério na ausência, como já o tinha sido no aparecimento. «O que lhe teria acontecido?...», interrogavam-se os empregados e os clientes assíduos, seus companheiros de partilha e de gosto. Um mistério, portanto. Até um dia, espera-se. Alguém viu o «leitor em fuga?»...

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Prenda

Pai Natal,
Este ano portei-me bem, como sabes. Para o sapatinho, queria pedir-te o seguinte:
- Dá-me o que quiseres. Mas, pela tua saúde, não me dês «prendas» do BPN!...

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21 novembro 2008

Ironia(s)...

A «ironia - diz-me o dicionário - é uma figura de retórica que exprime o contrário do que as palavras significam e que serve para depreciar ou engrandecer».
Já a «retórica» - prossegue o dicionário - tem direito a reivindicar mais sentidos. Escolhamos os mais vistosos ou nobres: «arte de bem falar»; «conjunto de regras relativas à eloquência»; «discurso brilhante de forma, mas pobre de ideias».
Pelos exemplos, parece poder concluir-se que a «ironia», com ou sem «retórica», é uma «arte», um «talento» ou uma «habilidade». Uma «raridade», se quisermos. Por isso, ao alcance de «poucos». Muito «poucos». Ou «poucas»..., «acreditando» na «paridade». Isto se «confiarmos» no «dicionário», é claro, que nos diz que a «ironia» é...

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12 novembro 2008

Esfurricar

Mesmo que, por vezes, se discorde de alguns conteúdos ou tomadas de posição de Vasco Graça Moura, há um pormenor - nada de somenos! - que, parece-me, merecerá concordância generalizada: o homem é um escritor de mão cheia!
O estilo, as imagens e as palavras deixam marca. E da boa! Veja-se o exemplo da crónica de hoje, no Diário de Notícias, intitulada «O Pânico».
Se calhar por a desconhecer, chamou-me a atenção a utilização da expressão «esfurricado de pânico» para caracterizar a atitude do PS «sempre que Manuela Ferreira Leite abre a boca», diz ele.
Desconhecendo o que queria dizer o «esfurricado» - embora suspeitasse... - lá fiz uma pesquisa no indispensável Google que, sem grande dificuldade, me atirou para uma série de páginas escritas em galego, pois é desta língua, pelos vistos, a paternidade do verbo «esfurricar», de linhagem popular, sem dúvida, e que significa, em português urbano «ter ou apanhar uma diarreia».
Fiquei rendido à excelência e à força simbólica e semântica da imagem de Vasco Graça Moura! Felizmente, sem me «esfurricar»...

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09 novembro 2008

Decisão

A questão preocupava-o, sabia-o bem. Pesara os prós e os contras e perspectivara as abordagens que lhe pareciam mais adequadas. Mesmo assim, tinha dúvidas. «Talvez com o tempo as coisas se harmonizem» - pensava de si para si. Mas não estava convencido. Voltava atrás. Vacilava. A indecisão corroía-o. «Tenho que me decidir» - incentivava-se e procurava animar-se. O momento aproximava-se e já não podia fugir-lhe. Era agora.
Levantou a cabeça, olhou o seu interlocutor olhos nos olhos e disse:
- 150 g de fiambre, por favor!

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Quem ganha?

A manifestação de ontem dos professores deve ter significado o toque de finados da equipa do Ministério da Educação. Mesmo que se aguentem até ao final da legislatura, o que é previsível, não sei como irão lidar com uma (mais do que certa) «rebelião» de uma maioria muito significativa de professores. As coisas devem ter-se extremado a um ponto tal, que já não deve haver margem para recuos ou para negociações: a vitória de uns é a derrota dos outros.

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Do caneco!

O Grupo Desportivo de Moncorvo (GDM) alegrou as hostes imigrantes e emigrantes moncorvenses, estou certo, ao vencer hoje o Peniche, na casa deste (1-3), em eliminatória da Taça de Portugal. Depois do Farense, o Peniche. Ambos em casa dos adversários. Pequeno feito não será, parece, dadas as poucas tradições do clube na Taça. Seja como for, mérito a quem o deve ter tido: o GDM. Segue-se agora o Setúbal, finalmente lá em cima. Só que a uma quarta-feira, coitados. Podia ser uma pequena «sorte grande» para as finanças do clube mas, se calhar, terão que contar antes com uma terminação um pouco mais gorducha. Trata-se de uma coincidência, é verdade, mas parece que é mais uma daquelas situações em que pertencer ao interior profundo do país é mesmo uma «sorte do caneco»!...

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08 novembro 2008

Yes, he has!

Barack Obama foi eleito, como se esperava, presidente dos Estados Unidos da América. Para a história, no dia 4 de Novembro de 2008 ficarão inscritos o seu nome e o simbolismo da sua eleição. Dos muitos predicados que o homem terá - parece-me inquestionável -, saliento o de orador brilhante, coisa que não está ao alcance da maioria, uma ferramenta útil e eficaz para convencer e motivar pessoas, auditórios, nações. O dom da palavra é, indiscutivelmente, um dos trunfos que Obama melhor usa e utiliza, produzindo discursos que são, no mínimo, exaltantes. Se isto chega para resolver os grandes problemas que tem pela frente?..., é óbvio que não. Mas que pode ajudá-lo, não tenho dúvidas.

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Os Contemporâneos

Por acaso, meramente por acaso, apanhei um episódio de Os Contemporâneos na TV. Tinha-lhes perdido o rasto e foi com agrado que vi o que vi. É pena que o programa se esteja a perder na programação da RTP e que - injustamente, na minha perspectiva - haja uma espécie de «vergonha» na sua promoção, divulgação e projecção televisiva, como se fosse inevitável subjugarem-se à omnipotência e ao consenso mediáticos dos Gato Fedorento. Omnipotência e consenso que, hoje em dia, me parecem manifestamente exagerados e, sobretudo, acríticos sobre uma certa displicência - fastio, talvez... - que evidenciam.
Que a adesão a um programa como Os Contemporâneos não seja imediata, compreendo. Que eles sejam abandonados à sua sorte, em confronto com os Gato, como um produto (supostamente) menor, não me parece que resulte da comparação. Correndo o risco de uma heresia actual - que se lixe! - diria antes que, em matéria de humor televisivo, hoje em dia Os Contemporâneos estão claramente melhores, mais ousados, irreverentes, criativos e - por que não?! - mais divertidos que os Gato Fedorento.

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O Grande Elias

Pela enésima vez, voltei a ver o filme O Grande Elias. Já não é a primeira vez que o vejo e, estou certo, não será a última. Durante muitos anos, das grandes comédias do cinema português este foi o meu preferido. Hoje em dia, o meu coração balança entre ele e A Canção de Lisboa, se calhar com predomínio, embora que ligeiro, deste. Em qualquer um deles, contudo, um traço os une: a interpretação portentosa do grande António Silva.
Em O Grande Elias, António Silva faz um retrato inteligente, feliz e finíssimo do aldrabão e habilidoso «simpático», muito made in Portugal, abalizado conselheiro - e aproveitador... - de pequenos e «inocentes» megalómanos nativos, tão genuinamente «portugas» nas suas ambições, desejos e ou gratificações.
Passado em memória da actriz Milú, falecida nesta semana, o filme e a interpretação de António Silva são mostrados numa semana em que - curiosa coincidência!... - as almas e os pensamentos pátrios se agitam por histórias de uma outra dimensão e alcance, mas igualmente do domínio da «habilidade», do «aproveitamento» ou do «esquema». Só que estes últimos, convenhamos, até por que fazem parte de um mundo real e já não cinematográfico, duvido que se gostem de (re)ver, como acontece com O Grande Elias...

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03 novembro 2008

Astro(lógica)

Os especialistas já falaram. As entidades já se debruçaram. O Governo já propôs. Agora, o que deve ter a sua graça é colocarmo-nos na pele do «Zé Povo» e tentarmos imaginar o que «este» (a maioria de nós) estará a pensar e a tentar entender sobre o estouro do BPN (Banco Português de Negócios)...

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