Começou por botar as ideias no papel. Achou preferível o botar, que era mais rústico, ao lançar, que era mais urbano. E esta foi a primeira vitória. Não sabia se haveria mais.
Algumas das ideias eram mais ariscas do que outras. Outras estavam mais contentes. O botar para fora tem destas coisas. A sua tarefa era, agora, de ver no que é que aquilo dava.
Começou por perguntar às ideias se estavam contentes por terem sido botadas fora. Umas sim, outras não, disseram-lhe. Às que disseram sim, ligou-lhes pouco. Às que disseram não, pelo contrário, pediu-lhes que expusessem o seu caso.
Havia de tudo. Apesar disso, era possível fazer um apanhado. Umas não tinham gostado de serem botadas fora porque não, outras porque sim e outras porque talvez. Concentrou-se nestas.
Ser uma ideia que não gostou de ser botada fora porque talvez é um caso mais comum do que se pensa. Mesmo sem estatísticas, abrange a maior parte das ideias que se botam fora. As razões são várias: porque se estava a dormir ou acordada; porque se tem fome ou se está empanturrada; porque se tem frio ou está calor; porque é melhor ou pior; porque sim ou porque não, para abreviar.
Fazia-se uma triagem e a coisa lá se conseguia, com mais ou menos dificuldade. Sendo dia de festa, tinha que se ter mais cuidado. Mas não se podiam deitar foguetes!
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