27 julho 2019

Truman

Há momentos, de tão preciosos, mas inesperados, em que nos damos conta de pequenas pérolas à mão de semear, numa televisão próxima de si. Rigorosamente o que se passou com a experiência deste filme. Dar conta da sua existência e apelar à sua visualização é o mínimo que se pede e que o filme merece. Alegre-se também com as possibilidades que ele lhe oferece, incluindo este trocadilho à volta do título inglês: «Tru(e)man».

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21 julho 2019

Honras

_ Trago-lhe aqui umas honras, para você ver.
_ Tem que ser agora?
_ O amigo é que sabe...
_ Usa-se agora, é?
_ Chiquérrimo!
_ E ficam bem com tudo?
_ Um must! Coisa fina, só para eleitos.
_ Mas tenho que me candidatar?... Se for assim, não quero.
_ Não, amigo, não é preciso. Já está escolhido. Só tem que escolher o modelo.
_ Pode ir à máquina?
_ Pode.
_ Têm tamanhos grandes?
_ Arranja-se.
_ Não sei... Não me arranja antes uns pólos?...

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Meter a visão na cabeça

Metera na cabeça de que agora é que iria ser. Já tentara mais do que uma vez, mas a coisa não se proporcionara. Por umas razões ou por outras, a maioria por falta de recursos ou de mão-de-obra, nas vezes anteriores o empreendimento não avançara. Agora, estava certo e convencido de que conseguiria.
Tudo se devia à empresa que encontrara. Ao contrário das outras, que prometiam e não faziam, esta não só prometia e cumpria, como ainda lhe dava um voucher por a ter escolhido. Simbólico, é certo, mas um mimo para o cliente.
No dia aprazado, lá estavam à hora combinada. Viu-os chegar com as ferramentas e os andaimes, tudo muito limpo e ordenado. À profissional. Assim, sim!
Como tudo estava combinado e planeado antecipadamente, com planta e alçados, os trabalhos tinham todas as condições para correrem bem. Só podia!
Visto agora, à distância, o trabalho não parecia ser complexo, desconhecendo-se as razões pelas quais tantas empresas e projectos tinham falhado anteriormente. Afinal, seria assim tão difícil meter na cabeça uma visão cosmopolita, aquela que escolhera? Com as possibilidades que agora havia…? Com a internet, as redes sociais e o Google…? Não se percebia…
Com a empresa que contratara, as coisas tinham sido fáceis e como se esperavam: abrir a cabeça, escorar, meter a visão e tapar. Havia alguma dificuldade nisto…?
A adaptação foi das melhores. Tirando as primeiras horas, a coisa correu lindamente. Também nisso, a empresa ajudou. Em vez de placa, colocaram uns implantes. Era o tal voucher.

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20 julho 2019

Todos os vizinhos e vizinhas publicaram fotografias nas redes sociais com uma silhueta invejável? Passa-se alguma coisa?

Provavelmente, nada. Já indagou se não foram numa excursão e, como prenda, lhes ofereceram um perfil?

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Elogio

Aos livros de Andrea Camilleri. Uma boa forma de valorizar o género e o tema policial. Para quem não gosta, tem bom remédio: leia-os! Os nossos sentimentos ao inspector Montalbano.

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14 julho 2019

Noitada

Estava sentado e olhou para o espelho. Surpreendeu-se por não se ver representado. Intrigado, indagou. Levantou-se, procurou uma lista telefónica e colocou-a em cima da cadeira em que se sentava e sossegou. Finalmente, conseguia ver-se ao espelho. Mas estava só com metade da barba. Procurou-a por toda a parte, incluindo nas pantufas. Teve sorte. Lá estava ela, aninhada. Ainda a dormitar, justificou-se com uma noitada. Depois do banho, garantiu, regressaria à cara.

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Coloquei na rede um vídeo arrepiante. O que é que posso esperar?

Uma de duas hipóteses: a necessidade de um agasalho ou a de acender uma vela e fazer umas rezas.

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13 julho 2019

Corte de cabelo

A quem o quisesse ouvir, queixava-se de que a lesão no olho com um arame tinha sido por causa do corte de cabelo. «Absurdo!», diziam uns. «Coitado!», condoíam-se outros. Na dúvida, interrogaram o barbeiro. Mandou-os pentear macacos, o que se compreende, e perguntou-lhes como é que ia ser...


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Uma décima

Olhou para o resultado e exultou: conseguira! E por uma décima! Quem estava à volta, pensava que seria matéria relacionada com o défice, mas estavam enganados. Era o resultado do exame, só. De caligrafia, mais propriamente. Correra o risco de chumbar, mas a perninha no cê (para não cair, diziam-lhe então), safara-o de um redondo chumbo, desta vez sem a perninha... Feitas as contas, acabara recompensado pela nostalgia de quem lhe vira o exame...

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07 julho 2019

Noite


A noite foi chegando aos poucos. Não de uma só vez. Pé ante pé instalou-se, lançando o manto num jeito suave. Curto também, pois destapava as pontas.

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06 julho 2019

Ar(agem)

_ Os textos são frescos?
_ Fresquíssimos!... É como se tivessem acabado de ser escritos.
_ Mas... mas têm trinta anos!
_ E então!?... E a aura?...
_ Sim, tem razão. A aura ainda está verde.

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