Vagueiro
Curiosamente, foi numa das suas rotinas diárias que a palavra «vagueiro» lhe bateu à porta da memória, entrando sem pedir licença. Era irónico, pensava, que ela aparecesse agora e assim, passados uns bons anos, a rir-se do acaso e da circunstância...
Houve tempos, recordava, em que a palavra «vagueiro» se lhe aplicava. Consoante a idade, a perspectiva ou o interlocutor, o sentido da palavra podia ter uma conotação mais ou menos negativa. Nalguns casos ou idades, aliás, o apodo até podia ser visto como «elogio» ou beneplácito, representando um símbolo de maioridade etária ou vivencial. Ser crismado como «vagueiro» era, para alguém da sua criação e geração, uma medalha que se ostentava orgulhosamente ao peito. Pelo menos, durante algum tempo. Ou seja, no tempo em que a nossa vida era uma vida de «vagueirada», ociosa, vagante e despreocupada. Que saudades, amigas e amigos «vagueiros»...
Etiquetas: Face(stories), Memória
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