31 março 2018

Tenho um gambozino de estimação. Posso entrar com ele no restaurante?

Está vacinado? Tem trela? Fuma? É sociável?

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30 março 2018

O capitão

A maioria conhecerá a expressão «o hábito não faz o monge» e o que ela significa (ou pode) significar. Não é o que se confirma neste filme, em que «o hábito», neste caso, uma farda de capitão, literalmente transforma quem a vestiu. Estamos na Alemanha, nos últimos dias da 2.ª guerra.

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Apostou que

Resolvera fazer uma aposta consigo. Sem envolver dinheiro, apenas vontade. O humor ficava para os trocos. A aposta tinha uma singular característica: sobre o ser capaz. Parecia fácil, mas só aparentemente. Nalgumas partes, era no escuro. Mesmo aqui, o escuro era assim para o claro. A tentar fugir do cinzento. A medo, meteu a chave. Viu-se no espaço. Lá longe, ouviu na rádio: Wouston, we have a problem.

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25 março 2018

Hora

Mudou a hora. Ao princípio não foi fácil, mas lá a convenceu. Tal como a maioria, também a hora era avessa à mudança... Esta então, sendo mais velha, custava mais ainda... Acabou por convencê-la com um peeling.

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24 março 2018

6 em 1

As mensagens não paravam de entrar. Umas a seguir às outras, numa cadência frenética. As comemorações eram muitas, todas louváveis: da Primavera (20 de Março), da Árvore e da Poesia (21 de Março), da Água (22 de Março), da Hora do Planeta (20h30 às 21h30 horas de 24 de Março), do Livro Infantil (2 de Abril) - Saravá!
Que fazer com esta fartura?
Pensou.
Pensou muito.
Pensou muito, muito!... E saiu isto:
«No Dia da Árvore comemorei a Primavera e bebi um gole… de Água. Poesia não fiz, mas li um livro… Infantil, claro! Quando o acabei eram 20h30. Apaguei a luz.».

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18 março 2018

Aperitivo(s)

_ Arranje-me aí uma coisa simples.
_ Bem ou mal passada?
_ Hum... nem sei! O que é que sugere?
_ Média, talvez... Costuma sair muito!
_ Não sei... Tem muito sal?
_ Pouco, já se sabe... Pimenta?
_ QB. Não tem piri-piri?
_ Quer mesmo? São picantes...
_ Não faz mal. Tem leite?
_ Leite!?
_ Sim, leite. Por causa do picante. Não sabia?
_ Não, não sabia. Mas deixe estar, arranja-se!
_ É longe?
_ Nem por isso.
_ E demora muito?
_ Um pouco, sim. Mas não muito... Vão uns salgadinhos?
_ Porque não? E vão com quê?
_ Com um branquinho que aí tenho... maravilha!
_ Caseiro?
_ Claro!
_ Então não quero.

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17 março 2018

Destrambelhamento

Por mais que tentassem, a insónia persistia. Ao nível a que se encontravam, a contagem de carneiros era mal vista. Contraproducente, até. Sugestões de contagem mais ousadas, como a dos abelharucos, eram ainda piores, sobretudo por razões ecológicas, pois corria-se o risco da apologia de um predador das abelhas, vitais para a polinização. Dilemas grandes e profundos, por conseguinte... Onde é que se tinham perdido...? Aqui, as fontes discordavam. Para umas, foi ao virar da esquina. Para outras, só no fim da picada.

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Dia Mundial do Sono (em jeito de homenagem e com um dia de atraso)

Apaixonada pelo sono, decidira comprometer-se. «Era uma loucura», disseram-lhe, onde é que já se vira? Para além do mais, sem ocupação conhecida: só dormir, só dormir! Não, que resignasse! Definitivamente. Resolveu não lhes dar ouvidos. Assim como assim, estava a dormir. De novo e como gostava: apaixonada.

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11 março 2018

Estive a ler um documento cheio de siglas e acrónimos e perdi-me. OQEQPF?

TTJ (talvez ter juízo).

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Ramiro

Ramiro é nome de filme. Português, por sinal. Saúda-se a novidade por estas bandas, um pouco (muito) arredadas desta proveniência. O filme é um bom exemplo do slogan de que «primeiro se estranha e depois se entranha», talvez um santo e senha para aqueles (e aquelas) que são (se sentem) um pouco «ramiros». Também não lhe ficará mal ser visto como uma espécie de «pátio das cantigas» dos tempos modernos, aquele do «acabou-se», já não do vinho de determinada proveniência, mas de uma forma de ser e de estar determinadas, palavras não inocentes.

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10 março 2018

Vazio (existencial, talvez)

Pancadas persistentes na porta, depois de terem sido ouvidas no soalho, acordaram-no do seu sono. Estremunhado, confuso e mais ou menos mal-disposto lá foi abrir a porta a quem assim batia com insistência, se bem que com alguma melodia. O batedor não era um, mas dois, daí talvez a impressão de melodia: marido e mulher, já entrados, e conhecidos pela rabugice. Como se previa, entraram a matar: que assim não podia ser; que lhes estragava a pintura e os móveis; que não os deixava descansar sossegados; não podia ser, iriam convocar o condomínio e fazer queixa. Não se surpreendeu com a queixa. Já com o papagaio fora a mesma coisa, com a bateria, então, nem se fala!... Iria ver do que se tratava, que ficassem descansados. Tinha as suas suspeitas, mas inclinava-se mais para o vazio existencial, que alastrava, reconhecia. Tentara contê-lo com uns papéis e umas bacias, mas não estava a resultar. Precisava de alguém que percebesse disso, não sabia bem é quem... Quando comprara a casa apercebera-se de qualquer coisa. Perguntara ao vendedor mas ele tranquilizou-o: que eram humidades e nada que uma lixadela e uma pintura não resolvesse. Em contrapartida, dizia ele, que apreciasse a vista e lhe dissesse se não era uma coisa em grande, quase do tamanho de um apartamento na 5.ª Avenida ou nos Campos Elísios! Ser, era, não havia dúvidas. Mas a sensação persistia. E avolumou-se com o tempo, apesar das lixadelas e das demãos, algumas delas com primário. Nada parecia resultar. Tentou a abordagem próxima, junto da vizinhança, mas a maioria fazia de conta que não o percebiam e que falasse mais alto (ouvia mal, a maioria deles). Quiçá recorresse a uma solução daquelas que eram apregoadas como milagrosas, mas que tivesse cuidado, diziam-lhe, pois os aldrabões eram muitos. E pagavam-se bem! Não sabia bem como resolver isto. Logo agora, que estava a preparar-se para dar um salto no escuro e a perspectivar uma carreira internacional, precisamente em hermenêutica do escuro. Não, assim não podia ser. Pensando bem, talvez uma dieta rica em fibra e aminoácidos resolvesse o problema. Talvez resultasse... Assim como assim, o vazio estava magro como um cão. Mal não faria.

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04 março 2018

Banalidade's project

Regressara à terra para concretizar um sonho: produzir banalidades. Há quem lhe chame apelo, outros nostalgia, alguns oportunidade, menos quem diz que é tolice. Fosse o que fosse, agora ali estava. Para trás ficava uma carreira auspiciosa como exobiólogo e uma, não menos promissora, de bandarilheiro em part-time, para concretizar o sonho de produzir banalidades (sem calibre, de preferência, que era o que agora estava a dar, tal como a fruta). Como já tinha o terreno e ajuda, via comunidade, era só apresentar o projecto e pôr-se a produzir banalidades com a força toda! Perspectivava que estaria em modo de produção daí a quinze dias, mais coisa, menos coisa, e tinha que se apressar por causa da chuva, que caíra entretanto.
Sabia que iria correr riscos, alguns escusados, mas outros resultantes do processo de aprendizagem, como se constatava já pela amostra, que ajudava pouco ou nada. Mas não iria desistir. Com vontade, determinação e o apoio das boas-vontades locais e arredores (num raio razoável, vá), julgava que se iriam reunir as condições para a constituição de um cluster de banalidades com selo de garantia e denominação de origem. Pensava em grande, está-se a ver, mas tinha que ser assim - longe iam os tempos do atavismo e da descrença...
Idealizara o projecto com as valências todas, algumas ainda pouco exploradas, mas imbuído de uma visão de futuro. Havia que mostrar que o caminho era possível e que não baixava os braços. Mas havia que «dar corda aos sapatos», ou às botas, mais propriamente, pois queria-se que o projecto, desde os primórdios, se pautasse pelo rigor e pela credibilidade. A hipótese da exportação não estava posta de parte, antes pelo contrário. Aí até estava mais à vontade, note-se, pois a sua anterior experiência na exobiologia podia ser um contributo fundamental, como podia confirmar na sequência da recepção de várias mensagens de potenciais interessados, a maioria provenientes de Alfa Centauro. Do mundo bandarilheiro é que havia mais reticências (previsíveis, aliás, pois era um sector com especificidades próprias), o que exigiria uma estratégia diferente, mais de nicho.
Quando falava ou abordava potenciais investidores no projecto era evidente que tinha uma peculiar estima pelas valências agro, gastronómica e vínica da banalidade, conceito que queria explorar, potenciando uma eventual autonomização. E uma das ideias era precisamente essa: a «agrogastrovin» da banalidade como símbolo de requinte e de bom gosto! Se lá chegasse, tornava-se num must!... Mas, para lá chegar, o caminho era árduo... Como esta banalidade, por exemplo, que lhe borrava o sapato depois de um pontapé entusiasmado para comemorar o kick-off do projecto...


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03 março 2018

(Ar)regulamente-se!

Perdera a conta ao número de páginas. Para escapar, resolveu atirar um: 3523. A performance não era famosa, reconhecia, pois atirar com o 3523 não era, nem de longe nem de perto, um número que satisfizesse, tendo em consideração a média de 3525, que não era cumprida por ninguém mas que era a que constava no regulamento. Como o regulamento estava certo (sempre), tinha duas hipóteses: ou atirava outra vez ou dedicava-se à pesca. Pensou bem e melhor decidiu: nem uma, nem outra. O que o regulamento não previa.

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Improvise(o)

_ Como é que vamos a fazer?
_ Não sei.
_ Não sabe!?
_ Sim, não sei. Sempre foi assim. É já um clássico, mais ou menos.
_ Sendo um clássico, como diz, não deveria saber-se alguma coisinha?
_ É capaz de ter razão... Mas o certo é que as coisas têm funcionado assim.
_ E isso acontece desde quando?
_ Há bué.
_ Há bué!?.. E isso é quê: uma semana, dez dias?
_ Mais.
_ Mais!? Estamos a falar de quanto: um mês, dois?
_ Bué mais.
_ Quanto?
_ Séculos.
_ Séculos!?... Mas isso é de doidos!
_ Pois... mas é assim. O que é que fazemos?
_ Eh pá!, sei lá...
_ T'á a ver?

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A Hora Mais Negra

Imagine-se como o primeiro-ministro de um país à beira do colapso. Já imaginou...? Vá mais longe na imaginação e olhe à sua volta: quem e quantos o apoiam e a que preço...? São muitos...? São poucos...? Querem todos o mesmo...? Já imaginou o que é que um filme como A Hora Mais Negra lhe pode proporcionar...?

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