28 junho 2020

Vazia

A inspiração esvaziara-se. Como um pneu em baixo. Ao contrário deste, não tinha conhecimento de quem a pudesse arranjar, nem de que material é que precisávamos: seria cola? Uma câmara de ar? Não se sabia e isso era um problema. Com a inspiração vazia não se ia a lado algum. Só a pé. Mas isso era longe.

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Dados

Já há muito tempo que não se sentia confortável. Com a nova legislação sobre dados pessoais, então, as coisas tinham descambado. Estava indeciso entre comprar um cofre ou guardá-los debaixo do colchão. O cofre era mais robusto do que o colchão, mas podia ser aberto. O colchão também, mas era só para fazer ou desfazer a cama. Apesar de tudo havia uma diferença e tínhamos que acreditar na ética de quem acedia aos dados pessoais: ao contrário do cofre, o colchão respeitava-se sempre.

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Confronto

Um bom e um mau defrontavam-se. Adianta-se já que não faltava vilão nenhum, como no filme do italiano. No nosso confronto, o mau fazia os dois papéis, o de mau e de vilão, que até podiam ser sinónimos. Mas a razão não era de natureza financeira, nem por imposição da troika. Era opção mesmo, mas por razões de ordem estética. Ou seria ética...? Era uma boa questão, sem dúvida, mesmo a semântica tinha pés para andar. Trataria disso mais tarde. Até lá, o que interessava era o conflito. Acção!

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