28 fevereiro 2009

3x9=27, noves fora nada

Dificilmente, vou alguma vez perceber os meandros e as especificidades dos negócios da banca. Admito a minha profunda ignorância sobre esse mundo e os motivos que os determinarão. Apesar disso, essa ignorância não me permite uma maior ingenuidade. Ainda estou de boca aberta ao conhecer os pormenores do negócio da Caixa Geral de Depósitos com um dos seus clientes, que detinha participações na CIMPOR. Ficamo-nos, apenas, pela surpresa e pela admissão de ignorância?!... Afinal, parece que sempre se confirma a velha máxima aplicada ao sistema bancário: se deves uma quantia pequena ao banco, tens um problema; se deves uma grande quantia, o problema já é do banco...

Etiquetas:

E-learning

Interessante, a experiência na plataforma de e-learning. Tacteante, ao princípio, com um natural e compreensível receio (até pela novidade), mais afoito, no fim, depois de ultrapassada essa fase de ambientação. Pode ser um caminho que se abre e, possivelmente, se generalizará. Há que continuar a explorá-lo, limadas que sejam algumas tendências mais dispersivas.
Levado a sério, comporta trabalho e empenho. Exige disciplina e método, uma vez que se trata de um processo educativo. Mas as potencialidades são grandes, parece-me.

Etiquetas:

26 fevereiro 2009

Habemus cão!

Parece que o casal Obama vai escolher o cão de água português como animal de estimação na Casa Branca. O orgulho pátrio exulta, os sinos repicam e o peito enche-se de ar e de satisfação. Béu!

Etiquetas:

22 fevereiro 2009

O agente secreto

Toda a vida sonhara com isso. Em jovem, os livros e a literatura sobre a matéria tinham-no entusiasmado, inflamando-lhe a alma e a imaginação com a perspectiva de carreira e com o corrupio de peripécias.
A passagem pela tropa tinha-lhe cimentado a inclinação e a propensão, levando-o a embrenhar-se num mundo opaco, mas excitante.
Quando se colocou a oportunidade, nem olhou para trás e aceitou a proposta: tornar-se um agente secreto!
A sua carreira foi-se fazendo e decorria sem grandes sobressaltos, se tirarmos os directamente relacionados com o «ofício», até um dia em que, encontrando um antigo camarada da tropa, este lhe atira, de chofre:
- Então, pá, estavas na «secreta» e não dizias nada?!...
Treinado no rigor e na arte de passar despercebido, o agente secreto não se perturbou e perguntou ao seu amigo, que desempenhava as funções de porteiro num dos grandes clubes de futebol do país:
- Estás maluco, pá?! Na «secreta»?! Andas a beber ou quê?!...
E a conversa ficou por ali, feitas as despedidas e apalavrado um encontro entre as respectivas famílias. «Para recordar outros tempos», disse o amigo porteiro.
E o nosso agente secreto foi-se para o serviço, ruminando sobre o encontro e a pergunta do seu antigo colega e velho amigo. Estava preocupado, contudo, com a possibilidade de se ter verificado uma quebra de segurança. «Não era possível», procurava tranquilizar-se. Mas em vão.
Chegado ao seu gabinete, procurou fazer uma retrospecção acerca de pormenores e/ou ocorrências pouco habituais, que se tivessem verificado há relativamente pouco tempo. E aí, ao fazer esta retrospecção, sobressaltou-se: «Queres ver?!», exclamou.
De imediato, pegou no telefone e perguntou ao seu interlocutor:
- Olha lá, «aquilo» (dados pessoais) que me pediste há dias era para quê?
- Então não sabes?! - perguntou-lhe o outro - Para o livre-trânsito!
- Pois, o livre-trânsito... Olha lá, mas isso é para quê?
- Ora, para quê... Para ires ao cinema, ao futebol, para os transportes... Para isso tudo, pá. Afinal, és ou não és um «agente secreto»?!...
- Sim, isso eu percebo. Mas será que alguém, tirando a gente do «escritório», está a par do que eu faço?
- Nem penses uma coisa dessas! Não te esqueças que seguimos todas as cartilhas recomendadas. E só as boas...
- Pois... Penso que tens razão. Não deve ser nada.
Os meses passaram-se e tudo parecia estar na paz do Senhor. O nosso agente secreto continuava a fazer a sua «vida», secreta, é claro, e usava, com alguma parcimónia, o seu livre-trânsito: um filme, habitualmente, uma peça de teatro e um joguito de futebol, mais raramente. Fosse como fosse, não deixava de causar estranheza que, fosse qual fosse o lugar ou o espectáculo, qualquer porteiro não disfarçasse um olhar cúmplice e um piscar de olhos matreiro, sempre que ele apresentava o cartão. E passaram-se meses nisto. Um dia, ao final da tarde, recebeu uma correspondência oficial, proveniente do organismo que supervisionava os espectáculos naquele país, que dizia, basicamente o seguinte: «Senhor Agente Secreto Fulano de Tal..., Para os devidos efeitos, fica V. Ex.ª notificado de que deverá remeter a este organismo, para efeitos de renovação do seu livre-trânsito, comprovativo do nome, posto e remuneração usufruídos, destinados à emissão de documento próprio, com a referência tal..., ».
E fez-se luz, finalmente, na cabeça do pobre agente secreto...

Etiquetas:

Cultura de crise

Seja pela cadência das notícias, seja pela relevância económica dos sectores envolvidos, o que me parece um facto é que as referências ao estado de crise praticamente parecem confinadas aos universos industrial e financeiro. Deixando de fora outros.
Desses, um dos que mais me preocupa é o do sector e das actividades ligadas ao universo e ao mundo da Cultura.
Desconheço se há estudos ou estimativas acerca do impacto que a crise estará a provocar no mundo e no universo da Cultura. Se não os há, eles vão aparecer.
Este é o tipo de preocupações, estou certo - e independentemente do discurso politicamente correcto - que não irá afectar uma grande (larga?...) maioria de compatriotas. Admito que sim, mas é isso que me preocupa.
Tal como não acredito numa vocação cultural sistematicamente posta em prática - salvo excepções, é verdade -, o oposto também não entra nas minhas crenças mais assumidas. Ou seja, só não haverá mais porque não há capacidade (financeira, a maioria das vezes) para mais. E não falo apenas das grandes produções, ao nível da música, do teatro, da ópera, do bailado, mas de coisas mais prosaicas (aparentemente) como o são a leitura de jornais e de livros, a ida ao cinema ou a frequência de exposições. E isto acontece porquê?
Queira-se ou não, goste-se ou não a resposta a esta pergunta é, simplesmente, esta: não há dinheiro!
Mesmo que sirva para iludir outras questões - por exemplo, genuína incapacidade ou falta de motivação para conviver e fruir desta dimensão, simultaneamente intelectual e emocional - o problema da incapacidade financeira é o verdadeiro cerne da questão. Incapacidade esta - e isto chega a ser um paradoxo - ao qual os próprios produtores e/ou promotores parecem estar alheios, quando somos confrontados com as tabelas e os encargos que são apresentados aos consumidores!...
Vivemos numa situação em que todos os tostões contam, esta é que é a realidade. E, na hora de poupar, os «vícios» da alma ou do intelecto são dos primeiros a pagar. Para quem tenha este tipo de «vícios», para alguns isso não verificará. Mas, para uma maioria muito alargada de «viciados», a opção nem chega a ser opção - fecham os olhos, desviam o olhar ou afastam-se dos caminhos que levavam a certos locais ou acontecimentos. É o preço da crise, é verdade, mas também de regras elementares de sobrevivência. E a esta realidade muito poucos escapam.

Etiquetas:

15 fevereiro 2009

Dia dos Namorados

Lá estava ele, de 67 anos, acompanhado da sua mulher, de 63 anos, a ver um filme para a garotada, o Bolt, filme a três dimensões, de óculos especiais e tudo, que isto da tecnologia é para todos: novos e velhos. A acompanharem-nos, dez netos e netas. Também há Dia dos Namorados assim.

Etiquetas:

Desvario

Perante a crise financeira, assumia uma pose e um comportamento espartanos. Tudo era contabilizado, não ao euro mas ao cêntimo, impondo-se uma regra e uma disciplina rigorosas. Começou a sofrer ligeiras perturbações, tal o rigor que a si próprio se impunha. Resolveu abrandar, nem que fosse por momentos.
Comprou uma pastilha elástica, das mais baratas, e fez um balão até conseguir obter um sonoro ploc! Com este desvario, reencontrou o equilíbrio.

Etiquetas:

08 fevereiro 2009

Boa pinga

Em matéria de vinhos portugueses, os únicos que conheço, costumo afirmar que, nos dias de hoje, o difícil é encontrar maus vinhos, não os bons. E isto é uma boa notícia. Também se compreende que assim seja, dadas as condições que hoje se dispõem, quer no domínio da ciência e dos métodos de fabrico, quer no das condições de armazenamento e de acondicionamento, sem esquecer o papel importante desempenhado pelos meios de promoção e divulgação. Actualmente, só mesmo um mixordeiro encartado e militante produzirá maus vinhos...
No meu caso, são as provas empíricas e aleatórias, mais do que o conhecimento informado ou adquirido, aliadas a algumas condicionantes (de preço ou outras) que motivam as compras e/ou os meus gostos (quem não tem cão, pode caçar com gato...).
Há, felizmente, muitos e bons produtores e marcas. Para mim, hoje reconheci mais uma: Colinas de S. Lourenço, 2005, Bairrada. Saúde!

Etiquetas:

Que não se aleijem!

No dia em que se joga mais um Porto-Benfica, não pude deixar de me lembrar de uma pessoa amiga, já falecida, que dizia sempre, sendo um benfiquista convicto: «Que não se aleijem!». Nunca percebi muito bem o que é que queria dizer com isto, mas preocupação com a saúde dos jogadores não me parecia que fosse. Talvez um desejo secreto, não sei, de que fosse uma disputa leal, mesmo que tesa. Se calhar era isso, desde que a vitória sorrisse para o seu lado...
O pretexto foi o jogo, mas o que me interessa é o preservar da memória de um amigo. Que deve estar o ver o jogo, qual seja o lugar onde estiver. E, estou certo, a formular o seu íntimo desejo: «Que não se aleijem!...».
Que eu subscrevo, embora torcendo pelo outro clube...

Etiquetas:

Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça...

Reconheço que as mensagens e as acções do Bloco de Esquerda passam bem na comunicação social. Tenho já mais dúvidas sobre o real significado disso: mérito das propostas ou aproveitamento de sound bites? Feliz ou infelizmente, fico-me pela segunda das hipóteses. Erro meu, seguramente, defeito próprio, sem dúvida, convicção minha, obviamente. Contudo, julgo eu, constatação factual - é fácil e de efeito garantido prometer tudo e mais alguma coisa, contestar o óbvio e cavalgar a onda populista e mediática.
Se governassem, as propostas aguentar-se-iam? Toda a gente se comprazeria e teceria loas à visão, à clarividência e ao espírito de missão? Duvido, até prova em contrário.
E, quando Francisco Louçã sair de cena, como é que o Bloco de Esquerda (BE) vai gerir esta falta e continuar a alimentar a agenda mediática?... Provavelmente, mal. É o meu vaticínio. Cá estaremos para ver. Tal como as propostas do BE, esta previsão fica à espera do seu teste decisivo: o confronto com o real.

Etiquetas:

07 fevereiro 2009

Estado de espírito

A cada semana que passa, o caso Freeport está a transformar-se numa «espécie» de novela, na lógica do «cenas dos próximos capítulos».
Não tenho a mínima dúvida sobre o impacto que isto está a ter na opinião pública e no cidadão comum. Que não é positivo, há que dizê-lo.
Acabe como acabe - se alguma vez acabar... -, parecem-me já irreversíveis os seus efeitos: maus, muito maus, mesmo.
O facto é que a sucessão de notícias e de não-notícias, de comunicados, de desmentidos, de episódios (reais ou fictícios), de protagonistas, de interpretações (fiáveis ou não), de silêncios ou proclamações, tudo vai roendo e deixando mossa nos pobres dos cidadãos, cada dia mais perplexos ou surpreendidos. Ou já verdadeiramente enojados.

Etiquetas:

05 fevereiro 2009

O spin doctor

Passada a moda das rotundas, o homem pensava nas acções para a campanha eleitoral autárquica que se aproximava. O tempo, chuvoso e persistente, teimava em contribuir para o estado pouco animado nas respectivas hostes. Mas o homem não desistia.
Chamou o seu spin doctor e perguntou-lhe:
- Que me aconselhas, mago dos eventos e do merchandizing? Os tempos estão difíceis e o meu eleitorado afastou-se de mim. Ajuda-me.
O expert pensou, pensou... e bingo - achou!
Telefonou aos fornecedores chineses e, passados dias, apareceu ao seu presidente com o objecto mágico: um guarda-chuva. A dar o mote para a campanha, a mensagem publicitária que tirara da cartola, que ele achava genial e adaptada ao clima, tal a dose de chuvadas que se verificava amiúde: «Com a chuva em mente, vota no teu presidente».
E assim se ofereceram uns milhares de guarda-chuvas. Mais, muitos mais do que os eleitores. Afinal, não chove só nos tempos que correm...

Etiquetas: