27 dezembro 2024

Prendas

_ Vi um quarto Rei Mago há pouco, na rua.

_ Não há um 4º. São só três. É esta a história de Natal.

_ Eu vi. Estava a passear o cão...

_ Os Reis Magos não passeiam cães. Os camelos, talvez... Deu-te prendas, não...?

_ Por acaso, sim! Num saquinho de plástico... 

_ Talvez ouro, incenso, ou mirra, queres ver...?!

_ Não sei... mas, pelo cheiro, julgo que não...


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24 dezembro 2023

Piscamento

O Pai Natal apareceu à ponta do balcão com o barrete às três pancadas... Era estranho, mas aceitável. Talvez por isso, por ser aceitável, a moça loura aproximou-se e cumprimentou-o com um piscar de olho, no seu caso um tique imperceptível para uma provável volta pelo quarteirão... Maduro, mas também bondoso, o «Santa» sorriu e perguntou-lhe: «Passou um ano, não é verdade...?».

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25 dezembro 2021

Dispar(ate)

Naquela manhã, que se previa mais do que previsível, a volta a pé revelou uma surpresa. Ainda incrédulo, o passeante abordou-a:

_ O amigo desculpe, mas faz-me lembrar alguém, só não sei quem. Não quer ajudar-me...?

_ Ho-Ho-Ho também para si, obrigado.

_ Não leve a mal, mas não era propriamente nisso que estava a pensar, no Ho-Ho-Ho, que decerto saberá é o cumprimento do Pai Natal. Olhando para o senhor, desculpe, a indumentária não condiz...

_ Será por causa do meu chapéu...!?

_ Talvez... sim. Mas continua a não conferir com quem estou a pensar...

_ E quem é, pode saber-se...?

_ Com o Bronco Billy, famoso cowboy!... Sim, é isso: Bronco Billy! Acertei...?

_ Não, pá, não acertaste... Talvez por falta de pontaria - respondeu-lhe ele, piscando o olho - Sou mesmo o Pai Natal... mas hoje estou de folga. Um Ho-Ho-Ho e até sempre - bang, bang, bang!...

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23 dezembro 2020

Também aplicável a saladas

_ Quem é...?

_ Sou o homem do saco.

_ Vá-se embora!... Hoje não é preciso.

_ Abra, por favor. Estou com dúvidas.

(Abre-se a porta)

_ O que é que quer...?

_ Tirar as dúvidas. Hoje não tenho que levar ninguém, é isso?

_ Sim.

_ Nem meter medo...?

_ Sim, correcto.

_ Portou-se bem, este ano...?

_ Como sempre. Porque é que pergunta?

_ É para avisar o colega.

_ Colega!? Qual colega?...

_ O Pai Natal. 

_ Porquê?

_ Para evitar a deslocação.

_ O Pai Natal não vem!?...

_ Não.

_ E porquê...?

_ Porque você vai comigo.

_ Mas... mas... você é o homem do saco!... 

_ E daí...?

_ Daí, que não pode levar-me!... Não sou uma criança. E agora!?...

_ Vai, vai, desculpe.

_ E porquê, não me diz?

_ Porque não comeu a sopa.



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31 dezembro 2019

Tem que se gostar do Natal?

Você é que sabe... Mas, se não gostar, não venha queixar-se de que não teve prenda...

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28 dezembro 2019

O sol na eira e a chuva no nabal existe?

Talvez sim, se acreditar no Pai Natal.

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21 dezembro 2019

Moda(s)

_ Olhe p´ra isto: o que é que me diz, hã?
_ Não me parece mal... Mas a cor...
_ Acha muito berrante, é?
_ Talvez... Um bocadinho, não sei... Os enchumaços, também... Não será demais...?
_ É a nova tendência! Mo-der-nís-sí-mo! Très chic, pode crer.
_ Isso não é do Eça?...
_ Não conheço... Em Paris, é o que está na moda! E já sabe, se em Paris é moda...
_ De certeza que não é do Eça, isso...?
_ Se fica satisfeito... Pois, que seja!... E as renas, o que é que fazemos às renas?!... Não quer arranjar-lhes umas estolas...?

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26 dezembro 2018

En(cante)

_ O que é que este cliente vai querer?
_ Dióspiros. Mas dos moles!
_ Ó diabo!... Há espaço no trenó?
_ Não há muito... Talvez com um tupperware, quer experimentar?
_ E se aparece a brigada?
_ Não sei... Cante-lhes o «Howhow, howhow!». Pode ser que passe.

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24 dezembro 2018

Bordado para a venda



As coisas são o que são. Parece (e é) uma frase feita, comprada a preço de saldo ou nas promoções. Que as há, não haja dúvidas. Como em tudo nas compras, há quem compre melhor e quem compre pior, quem conhece os locais onde se compra melhor e sítios onde não se volta a pôr os pés. Para além dos barretes e dos monos, chegam a encontrar-se pechinchas. O segredo está nisso. E em saber ler, claro! Nem que seja os preços.
A princípio, a caneta não pega. Mas também podia ser um lápis, só que aqui o combustível é diferente do da caneta. Mas lá acabam por pegar, nem que seja de empurrão. O começo é sempre às tossidelas, já se sabe. Depois, à medida que aquece, a coisa começa a ser mais fácil. Não tendo feito medição, anda à volta das ‘X’ palavras por período. A descer é mais, mas em reta é o que está padronizado: sujeito, predicado, complemento, com mais ou menos caracteres. Às vezes, faltam os travões. Quando isso acontece, é mandar-se para o lado e enrolar. No cascalho.
Para quem tenha treinador, o início já se encontra estipulado: tanto de palavras, tanto de frases, parágrafos que bastem. No fim, alongamentos de desbaste. Depois, banho e secar. Ao sol, de preferência.
Não sabia o que lhe deu, mas pegou numa agulha e num dedal e começou a fazer uma cerzidura fininha, ponto por ponto. Não sabia nada de ponto de cruz ou de qualquer terminologia do bordado, da renda ou do tricot. Mesmo assim, continuava a enfiar a agulha e a linha pelos interstícios das frases e dos parágrafos. Animava-se com a perspectiva de fazer qualquer coisita que pudesse oferecer para a venda de Natal. Tinha-se comprometido e não queria faltar à promessa. Ainda sugerira fazer uns frascos de compota, mas simpaticamente disseram-lhe que era melhor não, pois já havia muitas. Foi então que a parte do bordado se colocou. Não querendo desiludir quem convidava, disse que sim.
Quando lhe faltava o jeito ou o entusiasmo, olhava para o lado e socorria-se da velhinha que o instruía, com bonomia (outra frase feita), e lhe dizia, a sorrir, que as linhas estavam mais tortas do que direitas, mas que não desistisse, pois era para uma boa causa, para os necessitados do bairro, que da literatura só conheciam o cheiro, mas de longe. Ao contrário dos bordados, que sempre tinham uns desenhos e umas cores, tudo simples. Teria que continuar. Era a vida (outra frase feita, é claro).

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23 dezembro 2018

Choque e magia de … (Natal, esse mesmo)


Era para ser um típico dia de vésperas de Natal, pelo menos naquela parte do mundo. Despejar alegremente a carteira e vir a fazer equilibrismo com os embrulhos era o mote. Na dobrar da rua, um choque insólito agitava o momento, tendo por protagonistas um meio-fundista (parecia) e um vulgar peão (parecia também), caminhando a exercitar as pernas e, talvez, para aliviar a cabeça. Na ausência de sinal ou de espelho, o choque tornara-se inevitável, quiçá por acaso ou por pirraça do destino, tal e qual, também se podendo chamar-lhe fado, não hilário, mas coincidência. Palavra puxava palavra, mais do peão, note-se, do que do fundista, que preferia os alongamentos, a coisa ameaçava complicar-se, prevendo-se distúrbio em potência, mesmo que sem colete. Urgia, pois, chamar as autoridades. Que apareceram e ouviram os intervenientes, que argumentavam e defendiam os seus argumentos, um sobre a prioridade e outro sobre a segurança no passeio, mas onde, pelos vistos, não seria necessário desenhar o croquis de acidente, antes puxar pela fita do bom senso, mais não fosse pela época, que se fez representar pelo Pai Natal, o próprio, estacionando o trenó e as renas em cima do passeio, rindo-se e dizendo «Howow, howow!» e oferecendo uma fatia de bolo-rei. Ou seria rainha…?

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30 dezembro 2017

Os mercados de Natal estão sujeitos a rating?

Só se o Pai Natal quiser.

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25 dezembro 2016

Só para uma bucha

Depois da volta, o Pai e a Mãe Natal apareceram-lhe em casa para beber um copo, tal como tinha sido combinado. Não iriam demorar, disseram-lhe, apenas o suficiente para descansar as pernas e as costas e permitir que as renas pastassem um bocadinho... Mas que aceitavam um pastelinho de bacalhau e uma tacinha de vinho, depois se veria se também um cálice de Porto...


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24 dezembro 2016

Tempos

O garoto não parava sossegado, inquieto que estava.
Ao ver o avô, perguntou-lhe:
_ Avô, avô! já são horas do Natal?
O velho sorriu e disse-lhe que ainda era cedo... E que só quando os ponteiros do relógio apontassem para o doze é que seria Natal. Que esperasse mais um bocadinho...
Então o garoto olhou para o relógio, foi buscar uma cadeira, subiu-lhe para cima, abriu o mostrador e adiantou os ponteiros.

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25 dezembro 2015

O quadro negro (mas com nuances)

Quando conhecera o quadro negro, até estava bom tempo. Não tinha sido assim nos últimos dias, mas quando o encontrou era isso que se verificava: bom tempo. Esse facto levou-o a pensar como os preconceitos podem condicionar os juízos, umas vezes mais, outras menos, mas sempre qualquer coisinha. Como era contra os preconceitos, sobretudo pelo que eram e pelo que representavam, uma espécie de fruta não madura, como revelava o prefixo 'pré', resolvera aproximar-se do quadro negro e trocar algumas impressões sobre a sua vida, a apanha da azeitona, pois estávamos na época dela, e se acreditava na possibilidade de vida extraterrestre num T0, apenas com uma casa de banho e uma sala que servia simultaneamente de quarto e de escritório. Tinha consciência de que as perguntas eram um tudo ou nada difíceis, sobretudo a relacionada com a apanha da azeitona, pois tinha sinceras dúvidas sobre se o quadro negro seria adepto da cozinha mediterrânica, o que lhe parecia não ser o caso. Quanto às outras, estava mais confortável, embora mantivesse, por princípio, alguma réstia de cepticismo, coisa que era conveniente seguir, prenda de um Natal longínquo, perdido no tempo, em que tinha pedido ao Menino Jesus um ferrari, uma loura e uma morena, e tinha recebido um carro dos bombeiros que fazia «ti-nó-ni», com a indicação de frágil e que a pilha fosse substituída por uma alcalina...
O quadro negro recebeu-o bem, com afabilidade, e disponibilizou-se para a troca de impressões, salvaguardando que não se sentia à vontade para falar sobre a apanha da azeitona, coisa de que já suspeitava, mas que tinha todo o interesse em falar sobre a sua vida e sobre a vida extraterrestre no T0, preferindo, se não se importasse, centrar-se neste tópico, pois achava a sua vida desinteressante, banal como qualquer vida banal, mesmo que isso contribuísse, curiosamente, para a perpetuação de um outro preconceito, «o da banalidade da vida banal», coisa que não tinha fundamento nem sustentabilidade real, como todos os estudos de opinião e sondagens evidenciavam, descontando aqueles que eram feitos nos resorts de luxo e nuns assim-assim, em que os resultados eram ou pouco discordantes com a tendência, mas que acabavam por entrar na margem de erro. Tirando isso, os dados aguentavam-se e podiam ser citados com toda a segurança, havendo já propostas no sentido de virem a ser parte integrante da Wikipédia.
Quando se despediu do quadro negro ficou com a impressão de que muito tinha ficado por dizer. Não se surpreendia, contudo, porque as conversas são como as cerejas, se bem que estivéssemos numa época em que não abundavam ou não existiam sequer. Sobre a vida extraterrestre no T0, o quadro negro deixara algumas recomendações, sobretudo em termos de decoração, e aconselhava uma pintura com cores quentes. Ele próprio iria fazer um refresh e dar umas demãos menos sombrias. Quem sabe, ainda seria moda na Primavera.


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19 dezembro 2015

A barba

Gostava de ser fiel aos seus compromissos. Grandes ou pequenos, todos eram tratados com a dignidade e a responsabilidade que lhes eram devidos. Para não se esquecer de nenhum, tomava nota deles num papel e procurava dar-lhes sequência. Ao olhar para o calendário ficara preocupado com alguns que ainda não tinham sido atendidos, o que motivava uma reflexão sobre a voracidade e a velocidade do tempo, não sujeito a limites e ou multas de uma qualquer autoridade, andasse ela de mota ou em automóvel descaracterizado. Mas, tratando-se de um compromisso, nada mais havia a fazer do que atendê-los, fossem que horas fossem ou qual o meio pelo qual se fizessem anunciar, habitualmente por uma luzinha a piscar no cérebro, sobretudo à noite, o que se tornava um bocadinho incómodo, pois dificultava o sono e o descanso. Era o caso do seu compromisso de vir a ter uma barba como a do Pai Natal, que estabelecera como uma das metas para este ano, mas que uma arreliadora e avassaladora lista exigente de outros compromissos comprometera, embora não invalidasse nem deixasse dúvidas sobre a sua continuidade e atenção, por isso havia que fazer todos os possíveis e impossíveis para que não se falhasse. Como já se estava a uma semana do Natal, obviamente que só se poderia contar com os «impossíveis», deixando os «possíveis» para as coisas mais comezinhas, como ganhar um Nobel, por exemplo. Nada a fazer senão pôr-se a andar, pois o «caminho faz-se caminhando», como lá dizia o poeta e fica bem como tirada literária e metáfora existencial, uma espécie de «dois em um», aspecto sempre conveniente nos tempos que correm, dados às preocupações com o ambiente e com a reciclagem.
Tinha uma ideia de como as coisas se poderiam processar, mas estava indeciso quanto à metodologia e à alimentação que lhe conviria para esse fim, embora estivesse convencido de que uma série de alongamentos para as pontas dos pelos e a ingestão de hidratos de carbono não fariam mal, antes pelo contrário, e ainda ganhava tempo e músculo. Como sozinho seria difícil, resolveu consultar os ginásios da zona e procurou saber se havia algum programa específico, em horário diurno, que lhe possibilitasse vir a ter uma barba como a do Pai Natal ainda esta semana, isso era inegociável. Apesar de ter sido bem recebido em todos, desenganaram-no de forma mais ou menos diplomática, dizendo-lhe que não tinham vagas, por causa das candidatas a misses e a misteres músculos, excepto num deles, em que lhe disseram que tinham um programa específico, dado pelo próprio Pai Natal, que ali fazia um «gancho» de umas horas por mês, mas que nesta semana estava de férias, por razões óbvias. Pouco havia a fazer, portanto, pelo menos com a ajuda dos ginásios. Mas não ia desistir, era o que faltava! Mesmo que a barba não fosse como a do Pai Natal, ia continuar o programa de treinos e tentar ficar com uma como a de um intelectual, que são mais ralas, mas as pessoas compreenderiam.

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26 dezembro 2014

Continho (negro) de Natal IV

Um carro está parado na estrada. Quem passa, vê o sinal de avaria. Do condutor ou condutora, nem vestígios. Faz frio, mas está sol. Há pássaros a voar em direcção às árvores. Muitas delas, pinheiros. Mansos, parecem. E são. Toca um telefone e alguém atende. Dizem-lhe que estão a roubá-lo. Desliga. Mete-se no carro. Confere se a caçadeira está carregada. Estava. Mas o telemóvel não. Pára o carro. «É aí!» - dissera-lhe a voz ao telefone. E era. Apontou a arma. Ouve-se uma voz: «É Natal!...». Soa um tiro, depois outro. A pinha jaz, esfacelada, mas ainda viva. Durou pouco.

Moral da história: No Natal, não atenda o telemóvel.

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25 dezembro 2014

O Pai Natal deu-me uma prenda fora do prazo de validade. Como e a quem é que posso queixar-me?

Escreva-lhe uma carta e peça que lhe disponibilize o livro de reclamações.

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25 dezembro 2013

A última

Terminada a volta, o Pai Natal disse às renas que podiam descansar e retirar cabrestos e arreios, que iriam comemorar já a seguir. Foi o que fizeram.
Depois de várias rodadas de cevada, o Pai Natal pediu a palavra e disse:
_ Meninas, mais um ano passou. Não foi melhor nem pior do que os outros, mas foi diferente. Para a volta do próximo ano, vamos ver se a rena do azimute não troca o Pólo Norte pelo Pólo Sul. Tirando isso, todas se portaram muito bem. Agora, para terminar, só mais uma de cevada, que é a da abaladiça. Oferta do Menino Jesus.

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24 dezembro 2013

Ho, ho, ho

Boas-Festas e bom vinho.

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25 dezembro 2012

Telex

À hora de fecho da edição, desconhece-se o resultado do jogo entre a Crise e o Natal. A 2.ª mão realiza-se no fim do ano.

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