04 abril 2025

Chapa 5

«Não sei às quantas ando!?...», ouviu-se nas escadas. Não reconhecendo a voz que pronunciara a frase, ficou na expectativa de poder vir a reconhecê-la ou, pelo menos, obter indícios de quem a pudesse ter proferido... Enquanto esperava por algum tipo de revelação da identidade, lembrou-se de que a mudança para a hora de Verão poderia ter a ver com isso, mais não fosse porque isso se repercutia também em si, não se surpreendendo caso fosse esta a explicação... Quando, finalmente, identificou quem a proferira, um pinguim, então fez-se luz no seu espírito, levando-o a concluir, matematicamente, que o pobre animal tinha sido uma das vítimas da guerra que se iniciara: a das tarifas...

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20 julho 2023

No supermercado...

Estava pouca gente no supermercado. Talvez pelo dia, não sei, pela modorra de ficar na cama ou noutro lugar propício a isso, o certo é que a frequência era pequena, não vamos perder tempo com este pormenor, fica o alerta para quem se quiser concentrar na matéria... Num apanhado genérico, dir-se-ia que os tabuleiros não estavam muito preenchidos, não sendo despiciendo que as pessoas olhavam, comparavam e perguntavam por preços e/ou promoções, decidindo-se ou não pela colocação no carrinho...

Semelhante a tantas outras vezes, a voz na aparelhagem sonora solicitava a permanência junto da caixa de entrada, o local habitual para isso, mas desta vez salientando um pormenor, no mínimo, surpreendente, e que era este: a existência de uma «alma penada», sem tirar nem pôr, aparentemente a necessitar de ajuda...

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15 maio 2021

Quem dá mais...?

Há muito tempo que não ia à feira. Mas, nesse dia, vá-se lá saber porquê, talvez por ser dia de feira, era o mais provável, decidiu deslocar-se até lá e, se possível, tentar realizar algum negócio, caso a oportunidade se proporcionasse. Os auspícios não eram maus, agora que tinha aprendido um nome para a sua natureza, a de ligeiramente assacanado, que herdara de família, aparentemente, e que uma boa-alma lhe tinha indicado, quando lhe perguntara pelas horas e a resposta tinha sido a previsível: um dedo do meio espetado. Nos bolsos, três ou quatro pedras, e pela rédea um burro com três patas, uma saltara pelo caminho, o que desvalorizaria o artigo, talvez, mas que com um bocado de jeito ainda venderia como híbrido original, talvez projecto de um criador mais radical ou com uma perspectiva fora da caixa...

 


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30 janeiro 2021

Franchis(e)ada

Decidira atribuir um número a cada texto que finalizava, pois já eram muitos. Não só para controlo do arquivo, mas também a pensar numa hipótese de negócio, uma espécie de bingo com rifas, com opção de linha e de cartão completo, a realizar na feira semanal. Para os vencedores, um ramo de louro e uma molhada de grelos.



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28 dezembro 2016

Troço cronometrado

A taxa de juro entrou empandeirada e aos esses, desgovernada pela velocidade e pelos copos. Na berma, a agência de rating bem acenava a pedir calmura e contenção, safando-se por pouco de ser colhida, com o aplauso dos entusiastas, que garantiam que tinha sido o troço mais rápido do rally das cotações e que para o ano cá estariam!

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14 fevereiro 2015

Aforismo

Convença-se de que é uma rica pessoa. Mesmo que isso não lhe pague as contas, aumenta-lhe o ego.

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29 dezembro 2012

Fósforos

Do pouco ou muito que se sabe, se calhar a globalização também é isto: fósforos. Imaginemos três países, A, B e C, e um habitante de A. O habitante de A precisa de fósforos e compra-os na primeira loja que encontra, cujos donos são de B, e fabricados em C. O habitante usa os fósforos e confronta-se com vários factos inolvidáveis, ligeiramente perigosos, alguns, todos hilariantes: facto 1: riscar o fósforo e ele não acender, qualquer que seja a faixa de lixa; facto 2: acender parte e logo apagar; facto 3: o fósforo acender-se ao retardador; facto 4: recorrer a outro acendedor, por exemplo um isqueiro, para queimar os fósforos que não acenderam total ou parcialmente, factos 1 e 2, com receio de combustões inadvertidas; facto 5: fazer uma pequena prece e evitar queimadelas indesejadas, relacionadas com o facto 3; facto 6: dizer mal da sorte e ir a correr comprar outros fósforos, desejavelmente fabricados em A e, se possível, não comprados na loja dos de B; facto 7: esquecer os fósforos e utilizar o micro-ondas.

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29 outubro 2011

Vão e já não voltam?...

Para os funcionários públicos, não acredito que se volte a retomar o pagamento dos subsídios de férias e de Natal. Na melhor das hipóteses (hipótese remota) poderá haver algum arranjo, embora duvide que seja a breve trecho. Acredito mais na pior das hipóteses, a perda total dos subsídios, até porque subsistem dúvidas fundadas acerca de uma eventual melhoria da situação que poderia perspectivar um cenário mais optimista. Quanto ao sector privado... também me parece que não escapará a este desfecho. Poderá dar-se-lhe uns toques, mas acabará por desembocar lá, com algumas excepções, aproveitando-se a situação para equacionar isto segundo o paradigma do emprego versus competitividade, ou seja, transformar o recebimento desses subsídios não como algo que está «adquirido» mas antes como um «prémio» que decorre dos resultados obtidos pela empresa. E aqui, ou me engano muito, se verá que os «resultados» não serão, a maioria das vezes, muito «positivos»... Talvez esteja enganado. Talvez.

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09 julho 2011

E porque não?

Não me sendo desconhecido, o espectáculo não deixa de ser engraçado e digno de reparo. Tudo começa pelo posicionamento de dois distribuidores, de origem africana, um para uma saída de escadas e outro para outra, aguardando o encaminhamento dos passageiros do metro para cada um desses lanços de escadas. Na mão, um molho de papelinhos, de cor branca, invariavelmente, e de dimensões reduzidas, no formato rectangular, publicitando os serviços e os bons ofícios de «mestres» na «arte» de lidar e manipular as sortes e os desígnios das vidas humanas, no que ao amor, respeito e fortuna dizem respeito. Apesar da exiguidade do suporte publicitário, o cardápio não deixa de ser extenso e abrangente, sendo entregue aos pedestres que o não rejeitam - não vá o diabo tecê-las... - na sequência de um vigoroso bater na pilha de papelinhos iguais na mão do distribuidor. E era isto que me intrigava, o gesto e a forma de bater do papel em cima da pilha, feito com a convicção e a competência de quem sabe o que está a fazer, e que alguém entendido me explicou que funciona como uma espécie de «selo de garantia» para esconjurar algumas «almas» ou influências que possam interferir na corrente entre o «mestre» e o «paciente» que a ele venha a recorrer. Mas isso são outras histórias...
Constatando-se que estas «prestações de serviços» terão tendência para aumentar e ganhar quota de mercado - a fazer fé na proliferação de anúncios e na distribuição dos papelinhos com a batidela da praxe - não ficaria surpreendido que não só os particulares «consultassem» estes «profissionais», mas que também instituições, governos e - porque não? - países, passem a recorrer aos seus préstimos, nesta época conturbada de empréstimos, ratings, dívidas e quejandos... Se fosse às agências de rating, começava a preocupar-me...

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27 janeiro 2011

Mói-te Zeferino!...

Ao fazer o post anterior, lembrei-me de uma história deliciosa - malandreca, é certo, e susceptível de ferir algumas susceptibilidades (ou talvez não) -, que me contaram recentemente e que se terá passado algures no interior profundo deste país. É uma daquelas histórias de sabor popular, talvez mais do domínio da lenda do que assente na realidade, mas que retrata, no seu pitoresco e subentendido, no que se pode transformar a relação entre Portugal e os seus credores. Conta-se em poucas palavras.
É a história dos desencontros no leito conjugal, para não dizer mais, de Zeferino e da sua mulher. Os desencontros conjugais terão dado origem a um dito popular, supostamente atribuído à mulher de Zeferino: «Mói-te Zeferino, que não metes cá!». É esta a história e a extrapolação não é difícil de fazer. E ao fazê-lo, infelizmente, os resultados não se adivinham famosos. Não é verdade, 'Zeferino' (Portugal?...)?...

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46 semanas

Hoje de manhã, o economista João Duque falava na Antena I e o que afirmou é daquelas coisas em que se fica de «boca aberta», tal a evidência e o choque: das 52 semanas de 2011, em 46 delas teremos que apregoar aos mercados para nos comprarem dívida! 46 vezes! Em 10 anos, a «performance» foi de arromba: em 2000, precisávamos de 9 mil milhões de euros; em 2011, vamos precisar de 46 mil milhões de euros, dinheiro que temos de pedir emprestado para pagar a quem nos emprestou! É obra! Este país e este povo são uns «magos» das finanças! Dêem-lhes um Nobel!

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13 janeiro 2011

Saldos

Estamos em época de saldos. Qual será o desconto relativo ao BPN?...

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10 junho 2008

Fruta

No supermercado português, a disposição da banca da fruta não só é funcional como permite um exercício de comparação simples mas eloquente.
Lado a lado, dispõem-se frutas provenientes de vários países: Brasil, Nova Zelândia, Costa Rica, África do Sul, França, Espanha, país maioritário na exposição. Portugal?!?... Também havia, mas à parte, fora da montra e mais ou menos escondida. Curiosamente, também pelo produto (laranja) - quero crer - era a fruta mais barata...

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