22 maio 2021

Dois mundos diferentes...?

Pertenciam a dois mundos diferentes, pelo menos assim pensara até ao momento... Nesse dia, porém, algo mudou. Aparentemente, tudo estava como era normal e esperado. Na rua, a azáfama do costume: pessoas, carros, ruído, idas e vindas de um quotidiano que teima em recuperar o que perdeu, mas que resiste, ainda que se não dê conta. Na esplanada, o cenário habitual: mesas, cadeiras, pessoas que procuram espairecer e sacudir marasmos que os apoquentam ou afligem, mastigando um bolo, uma sandes ou uma torrada, temperados com um sorver de um café ou de outra bebida, rápido ou pausado que seja. Sozinho, o homem olha em frente e surpreende-se (coisa do caraças!) com o pousar de um pardal numa das cadeiras da sua mesa, sem medo ou desconforto, parecia, olhando para si, como que à espera de estabelecer uma qualquer conexão, pequena que fosse, mas real, era o que se subentendia... E que aconteceu, sob a forma de uma migalha, lançada a medo, com receio de que o gesto não fosse entendido como uma ameaça... Que não o foi, antes pelo contrário, pois o pardal apanhou-a e rapidamente levantou voo, levando a um leve sorriso e, também, a uma pequena nostalgia, rapidamente ultrapassada pelo pousar do mesmo ou de um outro pardal, não seria possível descortinar, com um pequeno pedaço de uma herbácea no bico, quem sabe se como forma de troca (caso fosse o primeiro) ou como demonstração de que também um pardal conseguia ser uma espécie de malabarista ou equilibrista do que se consegue transportar com o bico, como o homem constatou, lançando nova migalha e que o pardal apanhou, sem deixar cair o que já trazia no bico, levantando de seguida, não se sabe para onde...

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