24 maio 2008

(Des)Acordo ortográfico?

Tanto agora como há anos atrás, parece-me que o debate e a polémica acerca do «Acordo Ortográfico» continuam a decorrer mais sob o signo da perspectiva emocional, do que da técnica ou científica. Mesmo quando os argumentos são de pendor científico e racional - e eles existem nos dois campos em confronto, note-se - é o travo emocional que acaba por emergir. Na polémica actual, aliás, não é para mim claro se a discordância reside no facto da necessidade da existência de um «Acordo Ortográfico» para os países de língua oficial portuguesa ou se, pelo contrário, a razão da discórdia se centra nos termos e no alcance do Acordo negociado em 1990.
Nos últimos dias, procurei conhecer os argumentos dos partidários e dos opositores do «Acordo Ortográfico» estabelecido em 1990. Adiantaram-me pouco, pois continuo dividido acerca dele. Neste momento, a única certeza que tenho sobre o «Acordo Ortográfico" é a das dúvidas: dúvidas sobre a sua necessidade; o seu alcance; a sua eficácia, a sua relevância e, até, sobre a sua defesa ou contestação, por achar que a discussão está inquinada à partida, refém de lógicas de que me afasto, seja a do politicamente correcto e «moderna», seja a de uma «pureza» idílica ou imutável.
Para o bem ou para o mal, a aplicação do Acordo Ortográfico é irreversível. À semelhança dos outros, lá terei que me habituar, por mais que me custe ou ache estranho. Em caso de dúvidas ou incertezas, faço o que faço agora - consulto os dicionários ou os prontuários. Penso que não será o fim do mundo, ao contrário do que talvez pensasse há alguns anos... Se estiver para aí virado, haverá casos, porém, em que me parece que irei «mandar passear» o Acordo... Nessa altura, estou certo, será conveniente invocar - nem que seja por pirraça - a história do «burro velho...».

Etiquetas: