08 dezembro 2019

Madraço… (…mas por razões filosóficas)

Perde-se no tempo a recordação e o impacto da frase: «Não passas de um madraço!». Ao princípio, custou. Não surpreende, pois a acusação não era propriamente abonatória para a maioria dos mortais. Ao mesmo tempo, também, não possuía as capacidades de análise e argumentativa que o ajudassem a desenvencilhar de estigma social tão grande. Se alguma vez as viesse a ter, era o que se veria… Até lá, madraço seria. Sem análise e sem argumentos.
A oportunidade chegou quando se encontrava à boleia, não de um qualquer veículo, mas de um livro que na altura lia, Madrassum est, de autor incógnito, mas que se presumia madraço também, atento o título e a entoação latina, desconhecida para a maioria dos leitores, é certo, mas que dá sempre uma patine do caraças e nos remete para algo muito, muito distante… (xô alusão às histórias infantis e, se não estamos em erro, ao filme do Shrek…).
E o que o livro dizia era, está bem de ver, que a condição de madraço era algo inato ao ser humano, sobretudo quando instalado em condições ambientalmente favoráveis, quando se está de papo para o ar a ver e/ou a contar estrelas, não se inferindo daqui, contudo, que a condição da madraçalidade ocorra apenas à noite, mas também durante o dia, ao sol e/ou à sombra… Primeira constatação: a madraçalidade ocorre mais vezes do que se pensa…
No livro, adoptado a partir daí como bíblia comportamental, o elogio do «ser madraço» era assumido com todas as letras (Calibri de corpo e tamanho 11), verdadeiro desígnio de vida, ideal a seguir nos dias bons e maus, embora por razões diversas. Daí, a segunda constatação: a madraçalidade não está dependente das condições meteorológicas e do estado de espírito…
E aqui, o nosso madraço fez uma pausa na leitura…
Interiorizava, defendiam os puros. Deixou-se dormir, profetizaram os cépticos…

Etiquetas: