À procura da paisagem interior - amostra 10
«Talvez a grande sabedoria resida na dosagem e no tempero... Pode aplicar-se à gastronomia, mas também à vida. Excepto quando há justificação para o exagero ou incentivo para o desvario!...». «Quem és tu, miúda!?...», apeteceu-me dizer, como na canção, se bem que aplicado ao contexto da PI, e depois de receber a mensagem que inicia o texto, entre aspas e em itálico, entrada no Whatsapp a horas tardias ou madrugadoras, depende da perspectiva.
A bem dizer, não posso dizer que esteja surpreendido. Era previsível e mais ou menos esperado, reconheço, só que não esperava que tão cedo!... Mas sim, era previsível... A partir do momento em que ela se descobrira como epigramática, revelação que a tinha inebriado em momento anterior a este, o aparecimento de ensaios e fragmentos como o de acima eram expectáveis, com maior ou menor extensão, malabarismo estilístico ou pirotecnia na pontuação.
Mostrei-a ao Senupe, que dormitava em cima do sofá, demonstrando que não estava para aí virado. Talvez mais tarde...
Mas a mensagem inquietara-me, não só pela utilização das aspas, mas sobretudo do itálico, o que poderia querer dizer que a PI estava, aparentemente, empenhada em fazer vida e carreira na nobre e custosa arte do texto e da mensagem curta e impactante, para não dizer lapidar, o que pressupunha o domínio da técnica e do uso do martelo (quem diria?..., com aquelas mãos, tão frágeis!...)...
Infelizmente (logo hoje!...), não poderia deslocar-me a casa dela. Compromissos inadiáveis, daqueles que fazem jus ao nome, como esparramanço no sofá, filmes e jogo de futebol na televisão, não o permitiam, mas manter-me-ia conectado pelo Whatsapp, opção que imediatamente pus em prática, digitando «Percebi a primeira parte, mas confuso quanto à segunda... Realçar o contraste...?», sem itálico, que teve logo a resposta «Na mouche e com paprica, aplicar a eito!...», com itálico. Estávamos conversados.
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