06 janeiro 2013

Geografias dos licenciados

Demasiadas famílias fizeram, fazem e continuarão a fazer grandes esforços para proporcionar aos filhos a obtenção de habilitação académica de nível superior. Mesmo que os resultados obtidos não correspondam ao investimento feito, emocional e financeiro, estou certo que esse esforço das famílias continuará a ser feito, com mais ou menos dificuldade, pois não acredito que, nos tempos mais próximos, a geração dos pais que isso tentam concretizar esteja muito afastada ou deixe de estar influenciada pelo paradigma que a formatou e enformou, que é o de considerar que a obtenção de um máximo de habilitações académicas ainda representa um valor relativamente seguro para a ascensão e o sucesso social e profissional.
Haverá coisas que já não têm retorno, no entanto, e que são mais um dos indicadores da contínua e sistemática situação de despovoamento e desertificação do interior: a proveniência geográfica dos actuais e futuros licenciados. Cada vez mais, aquelas situações de orgulho - pois é de este sentimento que se fala - provocadas pela licenciatura de um ou vários «filhos da terra» provenientes de «terras de detrás das fragas» deixarão de ser uma realidade, acabando de vez com uma das manifestações mais saudáveis do campeonato que costumava opor terras contíguas ou rivais. Alguém ainda se lembra?

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