09 julho 2011

E porque não?

Não me sendo desconhecido, o espectáculo não deixa de ser engraçado e digno de reparo. Tudo começa pelo posicionamento de dois distribuidores, de origem africana, um para uma saída de escadas e outro para outra, aguardando o encaminhamento dos passageiros do metro para cada um desses lanços de escadas. Na mão, um molho de papelinhos, de cor branca, invariavelmente, e de dimensões reduzidas, no formato rectangular, publicitando os serviços e os bons ofícios de «mestres» na «arte» de lidar e manipular as sortes e os desígnios das vidas humanas, no que ao amor, respeito e fortuna dizem respeito. Apesar da exiguidade do suporte publicitário, o cardápio não deixa de ser extenso e abrangente, sendo entregue aos pedestres que o não rejeitam - não vá o diabo tecê-las... - na sequência de um vigoroso bater na pilha de papelinhos iguais na mão do distribuidor. E era isto que me intrigava, o gesto e a forma de bater do papel em cima da pilha, feito com a convicção e a competência de quem sabe o que está a fazer, e que alguém entendido me explicou que funciona como uma espécie de «selo de garantia» para esconjurar algumas «almas» ou influências que possam interferir na corrente entre o «mestre» e o «paciente» que a ele venha a recorrer. Mas isso são outras histórias...
Constatando-se que estas «prestações de serviços» terão tendência para aumentar e ganhar quota de mercado - a fazer fé na proliferação de anúncios e na distribuição dos papelinhos com a batidela da praxe - não ficaria surpreendido que não só os particulares «consultassem» estes «profissionais», mas que também instituições, governos e - porque não? - países, passem a recorrer aos seus préstimos, nesta época conturbada de empréstimos, ratings, dívidas e quejandos... Se fosse às agências de rating, começava a preocupar-me...

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