Baptismo de personagem...?

«Murreta» era um personagem adequado ao nome. Parecia feito à medida, assentando que nem uma luva, se bem que, aqui, a «luva» não passasse de figura de estilo, pois os socos eram dados sem elas, mais não fosse por respeito ao nome. E o respeito pelo nome era o que se levava da vida, filosofava o «Murreta»... Era bom dar-lhe ouvidos...

À sombra está frio e ao sol está quente. O que é que isto revela?

Revela a incrível perspicácia da constatação, digna de um representado no Hall of the Fame dos meteorologistas!...

Gostava de ser «artista» com aspas. O que devo fazer?

Dirigir-se ao balcão dos registos, tirar uma senha e preencher o formulário próprio, modelo «com aspas».

Espanejador

Nem sempre, mas de vez em quando, o escriba dava uma vista de olhos pelo material que escrevera e que, por uma razão ou outra, não tinha tido direito ao seu «momento de fama», melhor dizendo, ao seu banho de divulgação pública, fosse no formato papel ou digital. Para que não haja confusões ou mal-entendidos, estamos a falar de um universo e de uma escala pequenos, na casa das três ou quatro almas piedosas que, por caridade ou desfastio, lá iam dando um aceno de simpatia ou um ataque de tosse provocado pelo impacto da «literatura», ainda que afastado do tempo mais propício a manifestações desta natureza... Sendo hoje um desse dias, lá se aprontou o escriba para espanejar a poeira acumulada nas peças escritas e em actual estado de pousio, olhando para umas tantas e tomando-lhes o sentido, às vezes directo, outras enviesado, mas buscando algum que lhe despertasse a atenção, coisa que não estava fácil... Cansado de esperar pela aparição do que não ia aparecer, resignava-se o escriba, para não ficar emperrado e desapontado com o resultado, socorreu-se de uma velha máxima, sempre útil, que era esta: «Hoje, talvez não seja bom dia para limpezas...».

Tentei colocar-me nos «sapatos do outro», mas fiquei cheio de calos. Porquê?

Provavelmente não escolheu bem o outro ou os sapatos estavam trocados.

Chá dançante

Na sequência de uma reportagem da TV na Web Summit deste ano, ficou-se a conhecer uma novidade assombrosa: a performance de um robô a dançar e a mandar beijos para a assistência no final! Com esta inovação, mais uma instituição milenar, se ainda existir, o baile nos bombeiros ou nas colectividades recreativas, aos fins-de-semana, passa a contar com um novo protagonista. Assim sendo, o santo e a senha de sempre, popularizado pelo convite «A menina dança?...», lá terá que ser alterado para a versão mais actualizada: «O robôzinho dança?...»

Saltar a poça...

A depressão atmosférica mais recente fizera o seu trabalho e deixara as ruas da cidade molhadas, molhadinhas, com inúmeras poças nos passeios e circundante. Na rua, regressados da volta pelas compras, um homem e uma sua vizinha, pequenina e movendo-se de forma característica, como se balouçasse de pé para pé. Na mão, o homem e a mulher pequenina cada um com o seu guarda-chuva. Começando a gotejar, o homem abre o seu e pergunta à mulher pequenina: «Não tem medo da chuva?», obtendo como resposta: «A mim, a chuva não me mete medo!... Quer ver?», acto contínuo recuando uns passos, como se tomasse balanço, começando a correr em direcção à poça mais próxima, com algum diâmetro, note-se, e fincando o seu guarda-chuva na borda, elevando-se como se estivesse no salto à vara e passando a poça sem molhar os pés e projectando-se, qual bicho alado!... 

Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje, dizem-me. Mas como, se não tenho tempo ou ele não rende?

Se não tem tempo, vai ter de o arranjar. Se não rende, vai ter de mudar de banco. Já experimentou as promoções ou os saldos? E que tal aumentar o número de horas do dia? E levantar-se mais cedo?

Idiomático 40

Decidiu-se por varrer as coisas para debaixo do tapete, esquecendo-se de que algumas delas podem vir a ser recicladas.

Stand-by

A mão escapara-se-lhe para parte incerta... Após o período de espera, foi colocado o aviso: «Pedimos desculpa pela interrupção, retomaremos a escrita logo que possível.»...

Idiomático 39

Os cães ladram e a caravana passa: mais abaixo, mais de esguelha, mais acima, mas passa.

Transportado

_ Muitos lhe ouviram a expressão de que «só sairia de casa se fossem quatro a carregá-lo...», não lhe dando grande importância. Até ontem.

_  Morreu...?

_ Não. Ganhou uma aposta. 

 

Jane(l)inha

O «tic, tic!» no vidro pode passar despercebido à maioria dos passeantes na rua, excepto para os ou as que sabem o seu significado, traduzido por: «Olá, cá estou eu à janela e à espera que me ouçam, vejam e respondam ao meu aceno e ao meu sorriso». Assim se pede, assim se concretiza por aqueles ou aquelas que conhecem o toque e o seu significado. 

Duas palavrinhas

_ Um favorzinho...?

Duas palavras

_ Aceita?

_ Não.