30 outubro 2024

The dark side of the blackbird (traduzir, por favor...)

O obscurecer repentino da luz do dia surpreendeu-o... Com cautela, depois de refeito, voltou a olhar em redor: o efeito de tapamento mantinha-se e não se tratava de gralha, mas sim de um abutre, provavelmente míope, pois pegara-lhe pela cabeça e levantara voo...

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27 outubro 2024

Deixado para trás...

Repetida ciclicamente, nem por isso a mudança da hora deixava de ser feita com cuidado... E ainda bem, constatou-se, ao verificar-se que a caixa com o último dos minutos, o 60, ficara esquecido no tempo anterior...

 


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24 outubro 2024

Dou-lhe tanto...

_ Faça-me aí a avaliação de uma história, por favor.

_ Muito bem. E onde está...?

_ No imaginário.

_ É de confiança...?

_ Quem, eu...?

_ Não. O imaginário.

_ Certificado. Não se preocupe.

_ Muito bem. E como lhe acedemos...?

_ Não sei...

_ Não sabe...!? 

_ É freelancer.

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23 outubro 2024

Não come, mas chuta!

Há dias, no Priberam, a palavra do dia era «biqueiro», recordação de um termo utilizado em outras eras associadas ao escriba e de outros próximos, na sua identificação de uma pessoa que come pouco ou daquele (ou daquela, mais actualmente) que aponta e dispara a ponta do pé em direcção a uma qualquer bola, oficial ou de brincar, e lá vai ela, directamente para onde o bico do pé tirou o azimute: em frente ou para direcção desconhecida, provavelmente acompanhada de uma lasquinha de pele ou da unha, própria ou alheia...

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21 outubro 2024

Até que a tinta os separe...

O pintor e a pintora apaixonaram-se e decidiram casar-se. Na cerimónia, em vez de alianças trocaram pincéis.

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19 outubro 2024

Pichamento

Na dúvida sobre se é a reprodução de frase ou excerto pronunciado ou enunciado por autor ou autora reconhecidos, ou inspiração emotiva de grafiteiros encartados, um momento para memória futura e um exemplo das vantagens de se andar a pé:

«Numa sociedade que nos quer miseráveis para nos explorar, amor é revolucionário».

(pichagem em superfície comercial).


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17 outubro 2024

A apurar...

_ Quantas vezes se ouviu a palavra f*****?

_ 456 e um terço...

_ Um terço...!?

_  Sim. F*...

_ Consegue perceber porquê...?

_ Isso agora!?... Por falta de fôlego, talvez...

_ Porquê, vinha a correr...?

_ Não. Estava parado. Mas cadência dos f***** era elevada. Seria por isso...?

_ E por falta de treino, não...?

_ Não me parece... Era profissional, tenho a certeza!...




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16 outubro 2024

Ao espelho

Sempre que olhava para o espelho, ficava com a impressão errada. Umas vezes, arrojado; noutras, resignado. Mas sempre desconfiado do que o espelho lhe mostrava ou deixava transparecer... Não sabia quem era. Melhor dizendo: sabia quem era, mas recusava-o. E as suíças também não ajudavam, admitia, pois não se davam...

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15 outubro 2024

Na marquesa

_ Isto vai correr bem, não vai, doutor...?

_ Não sei... A maioria corre bem, mas outras correm mal...

_ Isso não é muito animador, doutor...

_ Estou a brincar, não se preocupe... Mas, por outro lado, também podemos ver as coisas por outro lado, quer ver...?

_ Se o doutor o diz... Aviso já que sou um céptico convicto...

_ Vamos lá, então... Está a dormir, não sente nada, é uma morte santa! E nunca mais paga nada! Que tal...?

_ Mesmo as multas...?

_ Claro!

_ Os calotes...?

_ Óbvio!

_ Os empréstimos...?

_ Nadinha!... Continua céptico...?

_ Estou a avaliar...


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13 outubro 2024

(In)diálogo

_ As perguntas são mais importantes do que as respostas, dizem...

_ Quem o diz?

_ É importante...? 

_ Não achas?

_ Ganho alguma coisa?

_ Um louvor...?

_ Porquê?

_ Não é da praxe?

_  É...?

_ Ou não é?...

_ Desconversamos...?

_ Porque não?...

 




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12 outubro 2024

Apontar é feio, dizem. É ou não é...?

Depende das circunstâncias e do dedo utilizado... Em determinadas situações, se não se apontar não nos entendem...

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Fenómeno!

Tentou com o direito, depois com o esquerdo: nada!... Ainda lhe passou pela cabeça tentar com os dois ao mesmo tempo, mas felizmente que desistiu. Quem passava ficava intrigado, para não dizer boquiaberto, mesmo, tal o espectáculo... Não se sabia se treinava para toureiro ou para a arte circence do contorcionismo, sendo difícil perceber... Até que, contadas pelo menos 385 tentativas, finalmente soltou um grito de triunfo: Gooolo!... E a carreira de especialista em pontapés na atmosfera ganhou lastro...

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11 outubro 2024

Água do banho

_ Há dias, num programa de rádio, ouvi uma história engraçada sobre uma influencer que vendia boiões de água do seu banho e ganhava uma pipa de massa com isso!... Está tudo maluco!?...

_ Porque é que diz isso...?

_ Ora, porquê...?!... Então não se está mesmo a ver...?

_ Eu não estou... Mas diga lá, o que é que sugere...?

_ Que acabemos com o negócio!... 

_ Porquê? Não é a favor da economia de mercado...?

_ Sou.

_ Então...?

_ Sou a favor da utilização da água do banho para outros fins...

_ Tais como?

_ Fins não comerciais.

_ Mas quais?

_ Para rega, por exemplo.

_ Em boião ou em cântaro...?

 


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Esotérico

_ Acessível ou não...?
_ A direito não, às curvas sim.
_ Sinuoso, portanto?...
_ Depende dos olhos e da interpretação. Mais a direito, só com ajuda...
_ Com ou sem óculos...?
_ Conforme à vista.

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09 outubro 2024

Reencontro

Entrou na biblioteca e dirigiu-se às estantes. Sem objectivo definido, olhava para os livros com um ar de quem não se interessava muito por eles, folheando um ou outro, lendo duas ou três linhas de poucos, consultando resenhas e mirando capas. Estava quase a ir-se embora quando, na sequência de um olhar mais atento, identificou o livro que publicara, anos atrás, curiosamente entalado entre um de autor conhecido, de um lado, e outro de autor não-alinhado por correntes e ou famílias literárias, de outro, vizinhança que lhe agradava e surpreendia pelo contraste, embora o coração do nosso visitante balançasse mais para o lado da vizinhança com o pouco conhecido ou pelo menos assim catalogado.

Publicado, o livro deixava de lhe pertencer, disseram-lhe. Talvez por isso, apressou o passo e procurou sair o mais rápido possível, fosse por má consciência ou por receio da emoção pelo reencontro... Uma estupidez, de facto, reconheceria logo então... Obrigou-se a ficar e dirigiu-se ao sítio da estante onde o livro estava, aparentemente longe de imaginar o conflito que decorria dentro do autor, o seu «pai», de facto. Aproximou-se e dirigiu-se ao livro, pigarreando a voz antes de lhe perguntar: «Como te tratam as letras...?».

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07 outubro 2024

Sopesar

 

_ Não pelo tema, autor, peso...? 

_ Uma ironia, por certo...?

_ Não. Palpite e na sequência de um aperto...

_ Financeiro...?

_ Intestinal...

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Sublinhados

Temos uma relação complexa com os livros. Entrando assim, «a pés juntos», muita gente se afasta do caminho. Não querem problemas ou, no mínimo, que os chateiem... Uma pergunta de algibeira: quem costuma sublinhar os livros? «Os estudantes», dirão uns; os «desmemoriados», dirão outros; os que «estragam», porque lhes dá gozo ou permite a expressão artística, qualquer que ela seja, incluindo a estapafúrdia... Aqui, já os potenciais leitores se «puseram na alheta», mesmo sem se fazer uma referência aos que sublinham para sinalizar, reflectir, voltar lá, em suma, tentar apreender o que o autor e ou tema se propunham ou disponibilizam a juízo ou fruição.

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06 outubro 2024

Serviço público

_ Que faz na vida...?

_ Advogado do Diabo...

_ Não deve ganhar mal, supõe-se...?

_ Nem por isso...

_ Bô!... É estagiário...?

_ Não. Veterano. Número antigo na cédula...

_ Então...?

_ Faço pro bono...

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05 outubro 2024

A little bit tablóide

Lay, lady, lay, de Bob Dylan, é um clássico. Mais um. No programa do Nuno Markl, Rapsódias Boémias, na Comercial, ficou a saber que, supostamente, terá sido uma canção dedicada a Barbra Steisand, pormenor a confirmar, e provavelmente por paixoneta do Dylan ou oferta de um dueto, conforme Dylan terá confirmado numa entrevista, em 1971. Será, não será...? «A ver vamos», como diz o cego. Após uma pesquisa sobre a «história» da canção, leu que a canção terá sido escrita para o filme Cowboy da Meia-Noite, mas não terá sido acabada a tempo... 

Lay, lady, lay

 



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Ensaiozito

«Juntou as mãos e olhou para o Céu» e «Cuspiu nas mãos e agarrou na enxada» são duas frases que, aparentemente, se afastam, mas só aparentemente. Senão vejamos: ambas se referem às mãos e à utilidade e diversidade do seu uso: sagrado, no primeiro caso, profano, no segundo, embora aqui também subjacente uma valoração de um acto mitificado, pelo menos nas sociedades de matriz agrícola, como é o do cultivo da terra. Casá-las ou afastá-las é coisa que caberá a cada um decidir.

 

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Lapalissada

Descontando quando não o era, recomeçar era penoso, pensava ou estava convencido disso... Por preguiça ou relutância, não sabia, a conclusão que tirava era a mesma: recomeçar era penoso.

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03 outubro 2024

Pantuf(iada)

_ Devagar, devagarinho, às vezes parada, procuro aproximar-me...

_ Para não incomodar, por certo...?

_ Não. Por convicção!

_ No domínio da aproximação furtiva, suponho...?

_ De facto, mais pelo código das pantufas...

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Elis & Tom, Só Tinha de Ser com Você

Elis & Tom, Só tinha de ser com você é um filme-documentário centrado nos bastidores e na produção de um álbum dos dois artistas, em 1974, que ganhou um estatuto próprio, quer pelos motivos associados à sua realização, quer pela personalidade e talento dos protagonistas: Elis Regina e Tom Jobim. Para além das letras e das músicas, uma amostra do contacto e interacção entre os dois ao longo do processo criativo, com nuances e episódios para todos os gostos, luminosos uns, obscuros outros, mas tudo isso, se calhar, resultado da dinâmica da própria vida...

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