Tiro e cálice

O duelo estava marcado para as três da tarde. Desconheciam-se as armas, mas os padrinhos já lá estavam, aproveitando o tempo para beber um cálice. Batidas as três, nada de duelistas... Firmes, os padrinhos permaneciam à espera, continuando a ingerir cálices, justificando-se como remédio para o nervoso... Chegados às oito, o duelo foi cancelado e chamado o transporte para os padrinhos, agora mais inclinados do que no início...

A lógica da batata também se pode aplicar ao rabanete?

Pode, desde que não seja falso o valor na tabela de verdade.

Dialogando

_ O que gosta de criar?

_ Diálogos.

_ Extrovertido...?

_ Não. Misantropo.

Ir com tudo

_ Avancemos para bingo!...

_ Sem medos...?

_ Não. Com eles também!

Dia dos Avós

O Dia dos Avós celebrou-se a 26 de julho. Para além do simbólico, muitos dirão que o «dia dos avós» foi, pelo menos durante uma fase(s) das respectivas vidas, comemorado e fruído todos os dias, vivido e recordado por cada um conforme o seu amor, a sua sensibilidade e, porque não?, o seu humor variável... Mas, qualquer que ela seja ou tenha sido, a relação entre avós e netos será sempre tema ou matéria para uma história cheia de peripécias, umas boas, outras nem por isso, mas sempre susceptíveis de nos tocar de alguma forma, como esta:

O garoto não parava sossegado, inquieto que estava.
Ao ver o avô, perguntou-lhe:
_ Avô, avô! já são horas do Natal?
O velho sorriu e disse-lhe que ainda era cedo... E que só quando os ponteiros do relógio apontassem para o doze é que seria Natal. Que esperasse mais um bocadinho...
Então o garoto olhou para o relógio, foi buscar uma cadeira, subiu-lhe para cima, abriu o mostrador e adiantou os ponteiros.

Arruar

_ Para onde é que isto vai...?

_ Eu não aconselharia!... Já viu os perigos...?, as armadilhas...?

_ Oh, diabo!... Agora, estou apreensiva...

_ E é para ficar!...

_ Não imaginava, está visto... Quem vê, não se apercebe... Mas há risco, mesmo...?

_ Não ficaria bem, se não avisasse... Até a minha se virava contra mim!...

_ Pois..., acredito... Mas a placa, na parede, diz «Rua Direita»...!?

_ Está errada. É mais torta que que as curvas e contra-curvas!...

_ Não é direita...?!

_ Não acredita...!? Ponha lá os saltos e diga-me!...

Engasgad(i)o

A salada de alface tinha um aspecto e um aroma apelativos, com a cebola, o azeite e o vinagre. Na aparência, simples, complexa, no paladar, duas características de mão para a cozinha... Levantados os olhos do pitéu no prato, um olhar sobre umas imagens na televisão, personificadas por um candidato a messias de pacotilha, e a reacção de engasganço foi imediata... Por culpa do vinagre...

Livro

A Educação de Eleanor, de Gail Honeyman. Um exemplo a vários títulos: na escrita, no tema e na sensibilidade. Também sobre as surpresas genuínas da sua leitura, ultrapassando com distinção a fraca expectativa inicial.

Explorar a profundidade - 7

Terminou o Europeu 2024. Na final, a Espanha venceu a Inglaterra (2-1). Nada a opor à vitória da Espanha no Europeu, a selecção mais capaz, estruturada e competente, uma verdadeira equipa, um prémio mais do que justo e justificado. Analise-se e reflicta-se o que fizeram e como o fizeram. Se quiserem «explorar a profundidade», não precisam de procurar muito e centrem-se nela. Olé!

Corrente...

_Vamos ver como correm as coisas... Até agora, nada.

_ Esperar mais um bocadinho, talvez...?

_ Nada, de novo.

_ E com um empurrão?

_ Com um empurrão é difícil...

_ Mudou o foco?

_ Não, continua a apontar na direcção certa...

_ A luz é que parece que não é famosa...?

_ É das pilhas!... É das pilhas!...

De relance... (e sem pedais) - 2

Etapa movimentada, com montanhas várias, num sobe e desce para destemidos. Numa delas, não sei se a mais alta ou nem por isso, um cenário apoteótico para um ciclista, «o tal», que vai sorrindo às pessoas que se acotovelam para o aplaudir, nas duas bermas, e vão afunilando a passagem, e a quem ele vai dando «take five» com a mão, a maioria, um esboço de abraço em andamento, para uns poucos... Chegou 30 minutos depois do vencedor etapa, com um sorriso nos lábios...

Aforismo

Não é difícil falar sobre uma vida extraordinária: todos ouvem e ficam. Difícil é falar sobre uma vida banal: todos lhe fogem e ninguém escuta.

Mataram o Pianista

They Shot the Piano Player, «Mataram o Pianista», na versão portuguesa, de Fernando Trueba e de Javier Mariscal, foi descoberto num dos canais de cinema da televisão, um filme de animação e uma ilustração da época de aparecimento da Bossa Nova e do contexto sociopolítico da América Latina, centrado no protagonismo de um jovem pianista brasileiro, Tenório Júnior, e do seu desaparecimento na Argentina em circunstâncias dramáticas. Para ver, reflectir e também ouvir...

Walking football

«Velhas glórias» da bola ou talvez não, animem-se que a coisa promete: Walking football, «futebol a andar», é uma modalidade adaptada à actualidade etária, cada vez mais sénior ou para lá caminhando, com regras definidas e, não tenho dúvidas, uma boa ideia/iniciativa. Para quem gosta de praticar futebol e já não está para se maçar com correrias e contacto nas canelas e afins, porque não dar o primeiro pontapé e pegar nos amigos(a) e conhecidos(a) e dar «uma de ídolo de estádio», versão andante, à sua maneira contribuindo para a actividade física e psíquica que lhe vai dar um sainete adicional, nunca se sabe... Fique a conhecer melhor este universo aqui: https://walkingfootball.pt/

De relance... (e sem pedais)

O contra-relógio seguia a rotina do tempo: ao km 'x', tantos minutos e tantos segundos; ao km 'y', mais de uns e de outros. Continua o pedalar.  Mais à frente, no km da surpresa, uma multidão ocupa a estrada. Destaca-se uma mulher, com o filho ao colo. Embalado de adeuses desde km anteriores, o ciclista pára junto da concentração. Abraça a mulher e dá um beijo na criança. Continua o contra-relógio. Não foi penalizado (espero) e não sei se subiu ao pódio da corrida (provavelmente não), mas indiscutível no dos afectos, um «verdadeiro» camisola amarela!

(na etapa de 5/7/24, na Volta à França).

Explorar a profundidade - 6

Dos jogos com a França que terei visto, este dos quartos de final do Euro 2024 foi, talvez, aquele em que a vitória de Portugal, a ter acontecido, seria aquela em que teríamos tido mais mérito, apesar daquela pontinha de sorte, sempre necessária, é o que se conclui, em duas ou três ocasiões. Mas as coisas são como são, não há como reconhecê-lo: fomos eliminados, mais uma vez, pela França numa competição de selecções, desta vez nos penáltis. A partir de agora, vai começar o carpir de mágoas, de quem jogou ou devia ter jogado, de quem arriscou ou nem por isso, dos mitos, certezas e adquiridos que se irão levantar ou debater. Alguns destaques individuais: Diogo Costa, Pepe, Nuno Mendes, Rafael Leão, Vitinha, Palhinha, João Cancelo, Francisco Conceição. Voltamos a casa. A vida continua... e o Europeu também!

Mesa 12

_ Sirva-me aí dois significados, por favor.

_ Quentes ou frios?

_ Mornos.

_ Com cheirinho?

_ Sem.

Estou tentado a deixar de alimentar burros a pão-de-ló... Procedo bem?

Procede. Passe de imediato para bacalhau.

Momentos antes...

A ameaça do espirro terá provocado o gesto defensivo de utilizar o braço, fazendo-lhes recordar os tempos e os ensinamentos do COVID, reconhecerão mais tarde os investigadores... E também a alertá-los para o facto de que o suspeito não estava a usar máscara, antes de entrar no banco...

Explorar a profundidade - 5

Comecei a contrariar as regras: coloquei logo o título! Foi um risco, mas calculado, e também fácil. Coisa que a nossa equipa não faz, como se comprova, mas isso é por causa disso, «de ser fácil». Somos uma equipa com o rótulo e o estatuto de «difícil», mas não se sabe bem porquê, ou talvez saiba, cheira-me que é para nos ludibriar... Teoricamente «difícil», mas «fácil», na prática, sobretudo para quem defende... Mas só se a relva deixar... Volta, pelado, estás perdoado!...

Não se percebe nada, pois não...? Deve ser da emoção (ou da falta dela), mais irritação, às vezes, daquela natureza do «faz que anda, mas não anda», «ai, Jesus, que classe e que bons que somos!», mas a relva e o adversário é que não vêem, malandros!... Por sorte, que fizemos um círculo de segurança à volta da marca de penalty, então não querem lá ver que os eslovenos queriam usurpar o local e fazer uns buracos para desconcentrar!?... Quem é que pensam que são? Já não há respeito pelos «maiores»?... Enfim, a profundidade de ontem foi o que se viu... ou não? Salvou-nos o Diogo Costa e a defesa de três penaltys seguidos, é histórico, e passaporte para os quartos... Não admira, pois tínhamos defendido a marca de penalty e, suspeito, devemos ter feito uns buraquitos, desculpem lá, eslovenos, mas foi para alindar a coisa... 

Comentário: reconheço que o post não está famoso... Dizem-me ali que é por causa do teclado...