Primeiros socorros
Fora contratado como socorrista. Desmaiou ao assinar o termo de responsabilidade.
Etiquetas: Nanoconto
Fora contratado como socorrista. Desmaiou ao assinar o termo de responsabilidade.
Etiquetas: Nanoconto
No átrio do metro, portas de acesso fechadas, um homem jovem aparece a correr, finca as mãos nas portas e eleva as pernas, tal como no cavalo com arções. Controlo de acessos - 0; Nota técnica - 10.
Na carruagem, jovem mulher, encostada no separador junto à porta, exibe, na mão direita, tatuagem de rosa, raiz plantada no intervalo entre o dedo anelar e o mindinho, com caule e pétalas a apontarem para o pulso, sem necessidade de poda.
Na rua, homens das mudanças transportam objecto rectangular e entram num edifício. No chão, tira de contraplacado, com vestígios de quebra, jaz no chão. Os homens continuam, aparentemente alheios ao desenlace, e pegam em novo objecto.
Etiquetas: Microconto
_ Tem dilemas...?
_ Às vezes, sim...
_ Não percebeu... Estou a perguntar-lhe sobre o seu negócio...
_ Ah!... Claro! E fresquinhos!...
_ Fresquinhos...!? Não lhe parece um pouco contraditório...?
_ Como assim...?!
_ Da forma como eu vejo as coisas, os dilemas não costumam ser fresquinhos... Considero-os até bastante usados, se bem me entende...
_ Assim como... falta de validade...?
_ Não propriamente... Mas prolongados. Isso sim.
_ Coloca-me num dilema, estou a ver...
_ E vê bem!... A sua vista está óptima!...
_ Acha que sim...?
_ Não falha!... A não ser que não concorde...?
_ Quem sabe...? Estamos perante um dilema, está visto.
Etiquetas: Falatórios
Traiçoeiramente, ou talvez não, deixou uma mensagem de fim de espectáculo. Depois de muito matutar com as notas, descobriu a sua incompatibilidade com a guitarra, para sempre ciosa do seu domínio da escala maior e outras de menor grau. Hasta la vista, baby, murmurou... As cordas agradeceram.
Etiquetas: Microconto
Com receio de se repetir, foi de de volta. Mas não se safou: estava preso no círculo vicioso!...
Etiquetas: Nanoconto
O bom filho à casa torna, mas é conveniente não se esquecer da chave.
Etiquetas: Nanoconto
_ Tem chistes...?
_ De graça, não.
_ E graçejos...?
_ Facécias, na minha casa, só às vezes!...
_ O mesmo se passa com as piadas, suponho...?
_ Engana-se: pilhérias são aos montes!...
Etiquetas: Falatórios
_ Ai!...
_ Desculpe, passa-se alguma coisa...?!
_ Picou-me! Foi essa sua agudeza!...
_ Qual delas: a de espírito ou a humorística...?
_ Nenhuma! Só a do ferrão!...
Etiquetas: Falatórios
Gostava e fora formatado pelo cinema. E isso notava-se na forma como escrevia. Também como fazia humor. Quando o questionavam sobre isto, limitava-se a sorrir e atirava-lhes com um conselho: «Que se deixassem de fitas!».
Etiquetas: Microconto
Trocaram-lhe as voltas e baralhou-se. Era estranho, pois o baralho era novo... Supostamente, não teria tempo para o ludibriar.
Etiquetas: Nanoconto
Se tiver dentadura, não. Em qualquer caso, uma ida prévia ao dentista torna-se fundamental!
Etiquetas: Guiador
A mensagem caiu, aparentemente sem intervenção de terceiros. Nem de segundos. Muito menos de primeiros. Era uma mensagem de emissor, desconhecido, é certo, mas de proveniência certificada, essa de 'emissor'. Mas nem isso serviu. Do fundo da sala, o mordomo SPAM perguntou: «Posso servir a sopa?».
Etiquetas: Microconto
O sentimento de culpa foi imediato. Sabia que não haveria perdão. Sublinhar com lápis o livro da biblioteca era um crime dos mais graves. Ainda que pouco, apenas duas frases pequenas, mas mesmo assim...
_ Chegaram a um veredicto...?
_ Sim, sr. Dr. Juiz: «Culpado!».
_ Levante-se o réu.
Levanta-se o réu.
_ Condenado à pena de confiscação de lápis!
À volta, ouve-se um suspiro de alívio... O condenado é assediado pelos jornalistas. A custo, ouvem-se-lhe as palavras: «Estou inocente! Estou inocente!... Armaram-me uma cilada!... Eu queria sublinhar a marcador, mas não me deixaram!... Diziam que era proibido!... Mas todos o fazem!...».
Etiquetas: Historieta
Sair do conforto da maioria, falar menos e acertar mais.
Etiquetas: Guiador
Longe iam os tempos de decorar a tabuada, mas o processo e o método cantarolístico tinham funcionado. Era um facto! Talvez por isso, iniciando-se ou tentando iniciar-se no mundo da música, achou que poderia voltar a adoptá-lo. Começou pela versão simples do cantarolar a escala/pauta das notas: dó-ré-mi-fá-sol-lá-si-dó, na via ascendente e na descendente. Agora, o desafio era mais exigente: fazer a correspondência entre o nome das notas e o da cifra: C - Dó, D - Ré, E - Mi, F - Fá, G - Sol, Lá - A, B - Si. Experimentou, experimentou e a coisa não funcionava... Torceu o nariz, não por qualquer incómodo olfactivo, mas por desconforto gnoseológico (bonito, hem...?!) e proclamou: «Assobio, volta! Estás perdoado!...».
Etiquetas: Mini-contos
Não tem o mesmo impacto, parece-nos, dizer a alguém: «És burro/a» e «Estás burro/a» (expressão que se ouviu, pela primeira vez, numa tasca, da boca do seu, à época, ilustre taberneiro...). A diferença pode ter a ver com a forma como a afirmação, interrogação ou exclamação é interpretada: uma coisa definitiva ou temporária, tendo presente a definição do nome ou adjectivo - mais sensível nuns casos do que noutros, como se verifica com 'burro/a». Mas, noutros casos, como em: «És bonita/o» e «Estás bonita/o», entre outros, o que se afirmou na primeira fase e exemplo assume um alcance e uma significação diferentes, invertendo-se.
Moral da história: quando se utilizar os verbos 'ser' ou 'estar', cuidado com os nomes ou adjectivos que escolhe, «não vá o Diabo tecê-las»... Até porque, como se sabe, o dito pode «sê-lo» ou «está-lo»...
Etiquetas: Léxico
Conhecido pelo seu método, não surpreendia o aumento do pedido de entrevistas. Que recusava, invariavelmente. Até um dia. Que foi hoje.
_ Dizem que é teimoso...?
_ Talvez, sim. Mas não me parece...
_ Recusava-se a dar entrevistas, invocando a ida ao supermercado. Por alguma razão em especial...?
_ Só essa.
_ Essa, qual...?
_ A ida ao supermercado. Faz parte do método...
_ Do método para as compras...? Outra razão...?
_ Pela criatividade...
_ A ida ao mercado...!?
_ Sim, não acredita...!?
_ Dificilmente... Quer dar um exemplo?
_ Pela via fácil ou pela difícil...?
_ Pelas duas.
_ Estão fechadas. Azar...
_ Não pode fazer um esforço...!?
_ Não me parece... Agora não posso.
_ Então e o método...?!
_ Mudei-o...
_ Já não usa o da ida ao supermercado...?
_ Não. Hoje, é o da ida ao barbeiro... Utilizo-o para decidir qual a ementa do almoço...
_ Mas vai ao barbeiro todos os dias...!?
_ Isso é absurdo! Só em dias como o de hoje, que vou fazer um prato gourmet...
Etiquetas: Falatórios
O aparelho de refrigeração, uma torre, tornara-se peça indispensável para o conforto da casa. Mas também o responsável pelas desavenças do casal no que ao conforto térmico dizia respeito. As divergências resumiam-se ao alcance das partes refrigeradas: as pernas, no caso da mulher, a cabeça, no caso do homem. Como solução, a apresentada pelo mordomo: uma cadeira!
Etiquetas: Mini-contos