25 agosto 2011

Surreal

«Surreal» é a palavra que me veio à cabeça, à hora do almoço, quando via as reportagens dos acontecimentos na Líbia, em Tripoli, mais concretamente. Estavam os repórteres portugueses a entrar nos telejornais, em directo, primeiro Cândida Pinto, da SIC, e posteriormente Paulo Dentinho, da RTP, quando se começam a ouvir disparos na direcção do hotel de onde estavam a emitir - do terraço, parecia-me - e compreensivelmente procuram uma posição mais resguardada, continuando a fazer a reportagem deitados trás de um muro que lhes fornecia alguma protecção. O desconforto e o receio eram constatáveis nos jornalistas e o ar atarantado dos pivots, em Lisboa, também, não sabendo muito bem que pose ou atitude deviam manter. Para além destes protagonistas, outros como eu, à espera do almoço ou já almoçados, a olhar para o que se via e apreendia no ecrã, resguardados na distância e nos assentos. A tensão era real para todos os envolvidos, mesmo para os dos assentos, que também se sentiam desconfortáveis, fosse pelo perigo que adivinhavam para os repórteres - os tiros e a cadência dos tiros ouviam-se bem e não eram encorajadores... - fosse pelo ar assarapantado dos colegas em Lisboa. Para compor mais o ramalhete, então, durante o directo de Paulo Dentinho, igualmente na posição deitado, continuando a ouvir-se os tiros, eis que passam umas pernas a andar, obviamente sinal de posição erecta, que recebe um comentário elucidativo do jornalista: «Alguém aqui a passar»... Por momentos, parecia uma cena extraída de um filme dos Monty Python... Real, mas surreal...

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