Palavrário (letra b)
Nenhum dos carros se movia, bloqueados pelo número e pela falta de espaço.
Balanceando, uma cabeça e um corpo evidenciam-se: trata-se de um ciclista. Monta uma bicicleta velha, fora do tempo e do lugar - não é uma bike, mas uma pasteleira.
Indiferentes aos bonitos da moda, o ciclista e a bicicleta balançam e avançam, como um barco à vela.
Pelo meio do trânsito, caótico e bruto, o ciclista pedala com brio. Fá-lo com dignidade e parece-nos um bravo. O contraste tem o seu quê de belo.
O ciclista, alto e magro, com a sua bicicleta velha, no meio do trânsito, caótico e bruto, assemelha-se a um D. Quixote. Sabe que é uma luta inglória. Indiferente, segue o seu caminho. Lá longe, e isso lhe basta, espera-o o amor da sua Dulcineia...
Etiquetas: Escrita, Face(stories)
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