02 julho 2006

Ricardo

Ganhámos à Inglaterra e passámos às meias-finais. O jogo não foi famoso - "muito táctico", em linguagem de futebolês - e não ficará na memória pelas jogadas brilhantes ou golos fantásticos. Foi um jogo de cautelas e mastigado, com os jogadores já muito causticados pelo cansaço. Arrastar o desfecho até aos penalties foi uma fatalidade, dado que nós, a jogar com mais um jogador durante 60 minutos, 30 na segunda parte e 30 no prolongamento, não fomos capazes - falta de pernas ou de ambição?... - de acabar com o jogo. O "instinct killer" é um dos atributos das grandes equipas, é bom lembrarmo-nos disso. Também se notou muito a falta de Deco - não há, neste momento, solução para este problema.
Ricardo, o guarda-redes, foi o herói do dia e do jogo. Numa fase do jogo, os penalties, e da competição, uma eliminatória, em que as balizas ganham dimensões minúsculas para quem tenta marcá-los e dimensões gigantescas para quem tem que defendê-los, conseguir o que Ricardo fez não deixa de ser uma proeza. E grande! Para além disso, que foi muito, esteve sempre bem ao longo do jogo, mostrando muita competência e transmitindo segurança. Também deu uma bofetada de luva branca aos detractores, que não têm sido muito complacentes com ele e que tradicionalmente fazem estágio pelas bancadas e palanques diversos. Coitados, a maioria deles nunca usou nem saberia distinguir a luva direita da luva esquerda.
A França, a seguir. 50% para cada lado, mantenho-me fiel ao meu princípio. Mas gostaria que os 50% verde e vermelho seguissem em frente, em vez dos 50% azul. É um desejo muito particular, mas que me saberia pela vitória no campeonato. Seria um gozo imenso, até porque há pequenos ódios de estimação que nunca se esquecem. E eu gabo-me de ter boa memória.

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