Ditado velho (dá sempre jeito)
Quando acolheu o caos, não lhe fez grandes recomendações: apenas que não se deitasse tarde. O acto de acolher o caos, que não foi bem entendido pela vizinhança, foi motivo de conversa e desconversa durante semanas, só não tendo resvalado para meses porque entretanto tinha chegado outra novidade, mas dessa só poderá falar-se mais tarde.
Que a coisa não ia ser fácil, tinha perfeita consciência disso. Corriam as mais desencontradas hipóteses sobre o que é que teria determinado tal gesto, mais a mais numa pessoa de boas famílias e respeitadora, pelo menos até então, mas que se colocava a partir de agora em dúvida, dados os factos...
E que hipóteses eram essas, perguntam-se vocês, leitores ávidos de conhecerem o que se passa na vizinhança e arredores, perto ou longe, com mais ou menos picante, azeite ou vinagre, com sangue ou apenas lágrimas...? Duas, basicamente: ou era feitiço ou o protagonista entrava num concurso, talvez numa nova versão de small brother, dada a conjectura e porque dá jeito introduzir alguma variante num modelo de que já se conhecem as regras e o marketing aconselha sempre um restyling...
Talvez..., talvez..., vaticinava-se na vizinhança, havia que esperar para ver...
Mas os dias passavam e a ameaça de que uma espécie de apocalipse prestes a acontecer nunca mais se manifestava, levando os mais desesperados a arrepelar o cabelo e a erguer os olhos ao céu em busca de um sinal, que nunca mais chegava...
E os dias passavam, passavam, e a coisa começava a amenizar-se (ainda bem!), sendo já frequentes os sorrisos e os bons-dias quando se cruzavam com o caos, que entretanto se tinha tornado um filho querido da freguesia, que a todos respondia com uma palavra de agrado e uma preocupação genuína pela saúde daqueles ou daquelas com quem se cruzava e dos seus próximos, fazendo jus ao avelho ditado de «quem vê caras não vê corações...».
Etiquetas: Historieta
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