A viagem
Já há muito tempo que não viajava. Hoje resolvera fazê-lo, mas não contava ir para longe. Olhou para o relógio e viu que ainda teria tempo de apanhar a estrela cadente das 20h47, pois a das 20h02 já não conseguia. Estava indeciso se levaria os óculos ou não, pois o trajecto passava perto do sol e havia uma paragem para comer uma bucha, mais ou menos a meio. Não podia esquecer-se do papel higiénico e de levar duas batatas, daquelas boas para plantar, pois tinha que estar prevenido para a falta de papel nas áreas de serviço e para a eventualidade de ter que ficar à espera que o fossem buscar, caso a estrela cadente empanasse, ocasião em que aproveitaria para plantar as batatas, colhendo-as depois, por causa das proteínas, como vira fazer num filme.
Iria aproveitar para desfrutar a viagem, procurando não se ralar muito com a situação que se vivia na galáxia, que não devia ser famosa (a fazer fé nos últimos desenvolvimentos), pois subsistiam dúvidas se não seria preciso outro resgate, mais uma vez provocado pelo consumo imoderado de fantasias e de cenários mirabolantes. Até por isto, nada melhor do que fazer uma viagem para descontrair, com muito sol à mistura e cocktails exóticos, daqueles feitos com castas vulcanas. Com um bocado de sorte ainda dava para passar pelas brasas e acordar com um aroma de brisa de asteróide, muito bom para a artrite e para os estados de alma. Calhando, ainda lhe podia sair a sorte grande na tômbola, à hora da bucha, que era sempre um momento dos mais esperados: o sorteio do presunto!
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