01 novembro 2009

Elogio da grade

Talvez pela ocasião, lembrei-me das grades de cervejas. Não as versões mais actuais, adaptadas ao gosto e às exigências modernas, mas as versões mais antigas, as de madeira. Fosse numa celebração, numa festa ou numa aposta, a referência «à grade» era uma referência com um valor e um simbolismo próprios, dignos de assento e de marca no imaginário. Beber, comprar ou apostar uma ou mais «grades» era um código conhecido nos meios em que nos movimentávamos, sinónimo de admiração ou de intimidação, por boas ou más razões.
Presenciei algumas situações em que o recurso a esta forma de quantificar era usada como repto ou desafio para apostas, uma manifestação de virilidade típica de certos meios ou ambientes, como se a coragem e a demonstração pública desse atributo fosse medido ao litro, compartilhando o pódio com o garrafão de cinco litros, apesar de este poder ser circunscrito a um universo mais restrito.

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