05 outubro 2009

Entrevista

Hoje, no jornal i, li uma entrevista muito interessante, feita por Laurinda Alves ao arquitecto Eduardo Souto Moura. Muito interessante, mesmo, de uma sensatez e de uma clarividência notáveis. Depois de a ler, apeteceu-me transcrever alguns excertos, como estes:
«Neste momento há uma postura em que um arquitecto tem um poder tal que decide a seu bel-prazer. O problema é que a arquitectura não pode ser assim, não pode ser uma decisão pessoal porque é uma arte colectiva, coisa que a pintura não é. Um tipo vai para um sótão e pinta o que quiser ou vai para um café e escreve o que quiser e ninguém tem nada a ver com isso. A arquitectura é diferente.».
«A arquitectura é sempre uma intrusão física e para mim é impossível um arquitecto não ter em conta que vai mexer na vida das pessoas. Não posso fazer um quarto dentro de casa e a casa de banho atrás do jardim porque sei que as pessoas de dia e de noite vão ter que atravessar o jardim para irem à casa de banho. Enquanto o Saramago se quiser tira as vírgulas todas e o Lobo Antunes não faz capítulos, eu não posso pôr as pessoas a apanhar uma pneumonia porque querem ir à casa de banho de noite e estão menos dois graus. Faz-me impressão que algum tipo de arquitectura seja uma decisão exclusivamente pessoal do tipo: gosto, quero, apetece-me!».

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